• Percival Puggina
  • 29/07/2021
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O ELEITOR CONTA, OU NÃO CONTA?

 

Percival Puggina

 

      Porque nos deixamos demitir durante tanto tempo da vida pública brasileira, hoje recolhemos adjetivos cuja síntese é a seguinte: “Vocês, conservadores e liberais, são invasores intrometidos num compartimento da vida social do qual nós, ‘progressistas’, legítimos proprietários, os dispensamos com um abano de nossos lencinhos perfumados”.

É o que deduzo do noticiário destas horas que sucedem à longa exposição feita pelo presidente da República na noite do dia 29 de julho. Só essa usurpação explica a arrogância explícita daqueles que nos falam com inconcebível non sense desde o alto de sua fragmentada torre de marfim. O que dizem e escrevem tem o mesmo tom repressivo das providências adotadas pelo senhor Barroso nos altiplanos do TSE. Sai para o corpo a corpo da comunicação, como dono da eleição, dono das urnas e de cada urna, em defesa de um obscuro processo de votação e apuração. É o mesmo tom presunçoso que ouvi no discurso de Diaz Canel, presidente cubano, no dia 11 de julho. Ele falou como dono das ruas, sem apresentar credenciais para essa posse; Barroso fala como senhor da eleição, sem apresentar credenciais para se postar entre ela e os olhos do eleitor.

odos os jornalistas e meios de comunicação que adestradamente reproduzem as manifestações do ministro ao Brasil e ao mundo usam artifícios muito rasos de linguagem para contornar as seguintes obviedades e dificuldades

- nossas eleições não infundem certezas e exigem sucessivos atos de fé cuja natureza é tecnológica e, portanto, de um catecismo incomum entre os cidadãos;

- embora o sistema pelo qual se bate o TSE seja tão divinamente perfeito, de 178 países, apenas 16 usam algum tipo de urna eletrônica de votação e nenhuma grande democracia realiza - - eleições nacionais com artefatos como os usados no Brasil (1);

- sessões de votação fiscalizadas por partidos e candidatos, juntas escrutinadoras sob os olhos do juiz eleitoral, dos partidos, dos candidatos e da imprensa, boletins de urna acompanhados e conferidos por todos os interessados inspiram muito maior credibilidade do que uma urna incineradora que dá sumiço nos votos do eleitor;

- a impressão de votos pela urna, sua conferência visual pelo eleitor, o recolhimento mecânico desse sufrágio  para uma outra urna com cujo conteúdo o BU eletrônico possa ser auditado, não é um retorno ao velho voto em papel como falsamente informa o TSE;

- não há como comprovar fraude num sistema em que os votos não podem ser contados aos olhos de todos;

- há algo muito misterioso na atmosfera política quando mero aperfeiçoamento do sistema para atender à transparência e à publicidade exigida dos atos eleitorais suscita súbitas mudanças de opinião dentro do Congresso Nacional, após inusitada visita do ministro presidente do TSE...

Negar tudo isso exige a mesma dificuldade de visão e de percepção requerida para não notar que os indícios trazidos pelo presidente têm vício de origem. É contra ele que se faz toda essa mobilização de bastidores. E você, eleitor, não conta. Você também foi demitido do processo; vota e não bufa. Nem uma palavra é dita a seu respeito por aqueles que, com unhas e dentes se aferram a essa velharia eletrônica em que votamos..

  1. https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2021/05/19/verificamos-brasil-urnas-eletronicas-voto-impresso/

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


Antonio Fallavena -   02/08/2021 19:51:22

Amigo Puggina e frequentares deste maravilhoso espaço. Faz 10 anos que acompanho este debate. Quem lida ou tem conhecimento sobre auditagem/auditoria, tem um “olho de lince” para coisas assim. Confesso: sou o que chamam de “cri-cri” e não me aborreço. Gosto de chegar ao fundo das questões. Antes de opinar, estudo, analiso e busco informações. A única dúvida que tenho está na “programação”! Quem é responsável por ela? Quantos? O sistema é montado a quantas mãos e grupos? Quem sabe o que e até onde? Quem mexe, fiscaliza e conhece tudo? Acho que o nosso maior problema se chama “eleitor”. Alguma dúvida que mais de 80-85% dos eleitores sabe muito pouco do todo da política, dos partidos e das instituições? Não será este o nosso maior problema, que tem, cada vez mais, inviabilizado o futuro um projeto de País? Que países tem urnas 100% protegidas? Por fim, ainda temos algo que o brasileiro, também é perito: mentir! Vota em alguém e diz que votou em outro! Tenho certeza: estão procurando nossos problemas no lugar errado! A democracia necessita de novos pilares. Os atuais serviram às sociedades que não mais existem. Não sou descrente e nem pessimista. Sou apenas alguém que sabe o seu limite. Política não é paixão. Política é razão! Fraterno abraço. Antonio Fallavena

Aureo Ramos de Souza -   02/08/2021 16:00:22

Finalmente querem o que? Estamos no tempo da tecnologia e quanto mais avançarmos melhor.

Geraldo -   02/08/2021 09:43:12

Barrosinho, com sua desgraçada e vulnerável urna eletrônica, tem, como único objetivo, eleger o ser mais execrável do Planeta, Luladrão. Não dá para aceitar isso de mãos beijadas, e não vamos fazê-lo.

Alexandre -   31/07/2021 01:34:52

Boa noite, me parece que depende de que LADO os eleitores estão. Se eles estão do LADO da democracia, esses não não contam, pelo menos é o que deixa transparecer a sistemática (comuno/socialista)do STF e TSE quando ambos não cumprem com a LEI do VOTO IMPRESSO E AUDITÁVEL já vigente desde 2015.

Maria Rosa Burzynski -   31/07/2021 00:54:04

É desanimador assistir a esses desmandos e não conseguir fazer nada porque as nossas manifestações, por maiores que sejam, são totalmente ignoradas.

Ivair Radaelli -   30/07/2021 15:04:00

Não é possível auditar o inauditável, como afirmaram os peritos da Polícia Federal. Não é possível se confiar no que não se pode conferir.

Milton Vicente Demasi -   30/07/2021 14:53:38

Sempre perfeito Puggina.

Clara Couto -   30/07/2021 12:21:37

É notório que a soltura do multicondenado Lula faz parte de um plano maquiavélico, orquestrado pelo STF, a fim de reconduzir o maior ladrão do Brasil à presidência do país Porém, nós, patriotas, devemos nos unir, a fim de evitarmos essa catástrofe que será a implantação do comunismo em nossas terras! Urge que as forças armadas mantenham-se atentas e atuantes no combate à fraude eleitoral que está em curso! ????????????????????????????

Itajara Xavier -   30/07/2021 12:20:23

Excel ente análise. Técnica e imparcial. Parabéns

carlos edison domingues -   30/07/2021 11:45:34

PUGGINA Nos meus 57 anos de exercício da advocacia acreditei que não se dá cantada em juiz. Sempre requeri por escrito. O que constato no comportamento do Ministro Barroso, falando ao ouvido dos Deputados Federais, para que mudem de posição ou desocupem a cadeira é de causar náusea. Carlos Edison Domingues

Edson Luiz Pearson -   30/07/2021 11:40:17

Pois é...