O BRASIL VIROU UM GRANDE PMDB - O Globo
O Globo - 17/02/2009
Agora...tentem explicar este quadro que Jarbas sintetiza com a clara luz de sua entrevista para um pobre homem analfabeto que descola 150 reais por m?do Bolsa Fam?a...
Estamos anestesiados diante da vida pol?ca do pa?
A entrevista de Jarbas Vasconcelos na revista Veja desta semana ?ma rara ilha de verdade neste mar de mentiras em que naufragamos. Precis?mos dessas palavras indignadas que denunciam a rede de mediocridade pol?ca e de desagrega? de poderes que assola o pa? do Congresso ao Executivo.
De dentro de casa, Jarbas berrou: O PMDB ?orrupto!. E mostrou como esse partido nos manipula, sob o guarda-chuva do marketing populista de Lula.
O que Jarbas Vasconcelos atacou j?ra voz corrente entre jornalistas, inclusive o pobre diabo que vos fala.
Mas sua explos??eg?ma e incontest?l, vinda de um dos fundadores do MDB, depois transformado nesta anomalia comandada pelo Sarney, que ? l?r sereno e h?l da manuten? do atraso em nossas vidas. Duvidam? V?a S?Lu?para entender o que fez esse homem com seu jaquet?impec?l h?0 anos no poder daquele estado. Jarbas aponta: A moraliza? e a renova? s?incompat?is com a figura do senador Sarney, (...) que vai transformar o pa?em um grande Maranh?
Mais que um partido, o PMDB atual ? sintoma alarmante de nossa doen?secular. Era preciso que um homem de estatura pol?ca abrisse a boca finalmente, neste pa?com a oposi? acovardada diante do ibope de Lula.
Estamos aceitando a paralisia mental que se instalou no pa? sob a demagogia oportunista deste governo. O gesto de Jarbas ?mportante justamente por ser intempestivo, romanticamente bruto, direto, sem interesses e vaselinas.
?mais que uma entrevista - ?m manifesto do eu-sozinho, um ato hist?o (se ?ue ainda sobra algo hist?o na pol?ca morna de hoje). E n?se trata de um artigo de den?a moral ou de clamor por pureza: ?m retrato de como alian? esp?s e a corrup? revolucion?a deformaram a pr?a cara da pol?ca brasileira. Com suas alian? e nega?, o governo do PT desmoralizou o esc?alo!
Lula revalidou os velhos v?os do pa? abrindo as portas para corruptos e clientelistas, em nome de uma governabilidade que nada governa, impedido pela conveni?ia e pelos interesses de seus aliados. ?como ser apoiado por uma m?a para combater o mal das m?as.
Jarbas n?tem medo de ser chamado de reacion?o pelo pov?ou pelos intelectuais que ainda vivem com o conceito de esquerda entranhado em seus c?bros, como um tumor inoper?l.
Essa palavra esquerda ainda ? ? dos intelectuais e santificaqualquer discurso oportunista. Na mitologia brasileira, Lula continua o s?olo do povo que chegou ao poder. A origem quase crist?esse mito de oper?o salvador, de um Get? do ABC, d?he uma aura intoc?l. Poucos t?coragem de desmentir esse dogma, como a virgindade de Nossa Senhora.
A ?ma vez que vimos verdades nuas foi quando Roberto Jefferson, legitimado por sua carteirinha de espertalh? botou os bolchevistas malucos para correr.
Depois disso, chegou o lulo-sindicalismo, ou o peleguismo desconstrutivo, que empregou mais de cem mil e aumentou os gastos federais de custeio em 128 por cento.
O lulismo esvazia nossa indigna?, nossa vontade de cr?ca, de oposi?. Para ser contra o que, se ele ? favor de tudo, dependendo de com quem est?alando - banqueiros ou desvalidos? Ele p?ualquer chap?- ?cum?co, todas as religi?podem ador?o.
Ele ostenta uma arrog?ia simp?ca e carism?ca que nos anestesia e que, na m?a, cria uma sensa? de normalidade sinistra, mas que, para quem tem olhos, parece a calmaria de uma tempestade que vir?ara o pr?o governante.
Herdeiro da sensata organiza? macroecon?a de FH, que, gra? a Deus, o Palocci manteve (apesar dos ataques bolchevistas dos Dirceus da vida), Lula surfou seis anos na bolha bendita da economia internacional, mas n?aproveitou para fazer coisa alguma nova ou reformista.
Lula tem a espantosa destreza de nos dar a impress?de que tudo vai bem, de que qualquer critica ?ontra ele ou o Brasil.
Como disse Jarbas em sua entrevista, o governo do PT deixou a ?ca de lado e n?fez reformas essenciais, nem nada para a infraestrutura, e o PAC n?passa de um amontoado de projetos velhos reunidos em pacote eleitoreiro (...), e o Bolsa Fam?a, que ? maior programa oficial de compra de votos do mundo, n?tem compromisso algum com a educa? ou com a forma? de quadros para o trabalho.
A ?a revolu? que deveria ser feita no Brasil seria o enxugamento de um Estado que come a na?, com gastos crescentes, inchado de privil?os, um Estado que s?m para investir 0,9% do PIB. A tentativa de moderniza? que FH tentou foi renegada pelo governo do PT. Lula fortaleceu o patrimonialismo das velhas oligarquias, e o PAC ?ma reforma cosm?ca, como a pl?ica da Dilma, que ele quer eleger para voltar depois, em 2014. O ?o projeto do governo ? pr?o Lula. Em cima dos 84% de aprova? popular, nada o comove. S? comove consigo mesmo.
Lula se apropriou de nossa tradicional cordialidade corrupta para esvaziar resist?ias. Assim, ele revitalizou o PMDB - o partido que vai decidir nosso futuro! Hoje, n?temos nem governo nem oposi? - apenas um teatro em que protagonistas e figurantes s?o PMDB.
E no meio disso tudo: o Lula, um messias sem programa, messias de si mesmo.
Oitenta e quatro por cento do povo apoia um governo que acha progressista e renovador, quando na verdade ?ltraconservador e regressista.
Nem o PT ele poupou para conservar a si mesmo. O PMDB ?ua tropa de choque, seu talib?olenga e malandro.
Agora...tentem explicar este quadro que Jarbas sintetiza com a clara luz de sua entrevista para um pobre homem analfabeto que descola 150 reais por m?do Bolsa Fam?a...
Vivemos um grande autoengano.