• Percival Puggina
  • 12/04/2009
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NOSSO MAIOR PROBLEMA

Meninos e meninas, eu vi. Eu vi o senador Cristovam Buarque, na tribuna do Senado, sugerindo um plebiscito para que a popula? decida sobre se o Congresso deve ou n?ser fechado. Disse ele: “As raz?n?s?apenas as dos esc?alos. S?as raz?da inoper?ia e s?as raz?do fato de que estamos hoje numa situa? de total disfun? diante do poder. De um lado, tem as medidas provis?s do Executivo e, de outro, as medidas judiciais do Judici?o. N?omos quase que irrelevantes”. N?fosse o tom brando e adocicado, o discurso do senador Cristovam Buarque teria sido pe?padr?do papo pol?co nacional. T?co, t?co, mesmo seria proferi-lo em tom indignado, numa mesa de bar. Mas o roteiro foi cl?ico. Come? reprovando obviedades e terminou propondo uma asneira. Ele n?quer uma reforma pol?ca como precisaria ser feita. Ele sugere uma esp?e de AI-5 da “cidadania”. Ou haver?uem tenha d?as sobre o resultado de tal consulta popular, caso a ideia fosse levada a s?o? O senador, que diz ser contra o fechamento, mas prop? plebiscito, ? M?io Moreira Alves da vez. Eis, leitor, para onde desanda o Parlamento em nossa combalida democracia, por culpa de uma elite que s?v?omo palco do jogo de interesses e conveni?ias, de um modelo institucional que h?m s?lo n?consegue produzir algo melhor do que isso mesmo, e de um plen?o que se abaixa at?ostrar os fundilhos. O maior esc?alo do parlamento brasileiro, contudo, n?est?as m?condutas, nos abusos e nos descontroles. N?est?tampouco, no instituto das medidas provis?s nem na invas?de compet?ia por vezes promovida pelo Judici?o. Esses dois conjuntos de embara? apontados pelo senador, bem como a compra da base de apoio com dinheiro (mensal? ou com os rotineiros cargos, favores e emendas parlamentares s?consequ?ia do problema institucional brasileiro. Saibam todos: foi, ? continuar?endo assim enquanto n?mudarem as regras do jogo. Escandaloso ?ue, embora todos estejam cientes da crescente repulsa que a sociedade nutre pela fun? que exercem, a pauta da reforma pol?ca sensibilize t?poucos congressistas. Esse ?ent? o maior de todos os esc?alos porque depende exclusivamente deles, dos congressistas, acabar com a pr?a irrelev?ia, corrigir os v?os do sistema, conferir nobreza ?ua fun? e atribuir responsabilidades ao Poder que integram. O governo federal encaminhou ao Congresso sete projetos de – como direi? – “reforma pol?ca”. Nenhum deles, ou todos juntos, desatam nossos n?orque n?atingem o cerne do problema: a) separar Estado, governo e administra?; b) atribuir o governo ?aioria parlamentar; c) inibir a representa? congressual dos grupos de interesse. Mas est?eaberta a porta para promover isso mediante propostas e emendas capazes de fazer com que as institui?s nacionais, enfim, ganhem qualidade em forma e conte? Se ?erdade que cada povo tem o governo que merece, n??enos verdade que cada povo tem o sistema de governo que suas elites preferem. A intelig?ia brasileira, infelizmente, n?vai al?dessa geringon?que temos a?N?se espere do cidad?comum, do homem da rua, que aponte as origens das mazelas que observa nem que conceba modelos institucionais para corrigi-las. Isso cabe ?lite pol?ca, acad?ca, cultural. E ela ?hoje, nosso maior problema. ZERO HORA, 12 de abril de 2009