• Percival Puggina
  • 06/03/2015
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NO "GOVERNO DOS POBRES", BILIONÁRIOS SE MULTIPLICAM


 Desde os tempos de Getúlio Vargas nada produz melhor dividendo político do que rotular-se defensor dos pobres. É um discurso que agrada pobres e ricos. Tanto isso é verdade que o PT, em seus anos de credibilidade, enquanto distante das decisões administrativas e dos recursos públicos, era o partido campeão de votos nos bairros mais aristocráticos de Porto Alegre.

Lula, no entanto, precisa dizer o contrário. Ele e seu partido, não se contentam com propagandear o zelo pelos mais necessitados. Eles precisam, também, repetir à exaustão que os ricos ficam contrariados com isso. Falam, Lula e os seus, como se rico fosse idiota e não soubesse, na experiência própria e na internacional, que nada ajuda mais a prosperidade dos ricos do que a prosperidade de todos. É mais riqueza gerada, mais PIB, mais mercado, mais consumo, maior competitividade. Pobreza é atraso e culto à pobreza deveria ser catalogado como conduta antissocial.

A sedução produzida pelo discurso em favor dos pobres se abastece das próprias palavras. Fala-se no Brasil de uma estranha ascensão social em que o número de dependentes do socorro direto do governo aumenta indefinidamente através das décadas. O bolsa-família é um campo de concentração de ingresso voluntário, onde quem entra não sai nem que a vaca tussa. E o seguro-desemprego tornou-se o amigo número um da rotatividade no emprego, desestimulando a permanência no trabalho remunerado. Enquanto isso, o sistema educacional das classes favorecidas no discurso e desfavorecidas nas ações de governo continua reproduzindo a miséria nas salas de aula que o Brasil destina às suas populações carentes.

Enquanto isso, em dez anos de governo dos que supostamente privilegiam a pobreza, o número de bilionários brasileiros pulou de seis para 63, regredindo para 54 com as marolinhas do ano passado. Nenhum crescimento semelhante ocorreu, no mundo, durante esse período. E aí, amigos, dêem-se vivas não a um desenvolvimento harmônico da sociedade, mas ao BNDES e seus juros de pai para filho, subsidiados com o suor do nosso rosto. De 2009 para cá, o banco passou a esguichar dinheiro grosso para a zelite das empresas nacionais. Só do Tesouro Nacional, R$ 360 bilhões foram repassados ao banco para acelerar o desenvolvimento de empresas amigas do governo, muitas das quais com credibilidade semelhante à do próprio governo. Não vou falar dos financiamentos negociados através do itinerante ex-presidente Lula em suas agendas comerciais com ditadores latino-americanos e africanos, porque essa é uma outra história.

Bilhões foram pelo ralo das análises mal feitas e dos negócios mal explicados. Há um clamor nacional pela CPI do BNDES. O governo que diz zelar pelos pobres (mas que precisa deles em sua pobreza) destinou muito mais recursos aos bilionários (porque precisa deles em sua riqueza). Afinal, ninguém tira centenas de milhões de reais do próprio bolso para custear campanhas eleitorais. Esse é o tipo de coisa que só se faz com o dinheiro alheio, vale dizer, com o nosso próprio dinheiro, devidamente levado pelo fisco e, depois, lavado pelo governo nas lavanderias dos negócios públicos.


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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

 


Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   08/03/2015 17:36:41

Usemos de racionalidade, não ficando a alumiar apenas o PT e o esquerdismo como causa única do caos político e institucional onde fomos parar. É preciso reconhecer e promover a dissecação da decepcionante atuação das principais lideranças políticas de direita nos últimos 30 anos, com seus intermináveis erros, as sucessivas decisões equivocadas e o verdadeiro desprezo que, em diversas ocasiões, demonstraram ao que poderiam estar pensando as respectivas bases partidárias em relação aos rumos adotados. Não dá para negar o peso que esta decisão política de nossos líderes teve na consolidação do projeto da engenharia gramsciana. A mal explicada, inexplicável presença do PP na base de sustentação do governo petista é um exemplo cristalino do que argumento. Se não partirmos logo em busca da correção destas graves distorções, continuaremos, cada vez mais sendo tragados pelo poderio ideológico marxista... Quem quiser, que continue se enganando, ao imaginar que o engodo está próximo do fim quando, na verdade, está é prestes a assumir novas formas o que, aliás, é muito competente em fazer.

Pedro Ubiratan Machado de Campos -   08/03/2015 17:20:03

O primeiro a demonstrar esse tipo de preocupação com os pobres foi Judas Iscariote que sugeriu se vendesse o perfume com que a mulher arrependida despejou sobre Jesus, criticando-a e sugerindo que o dinheiro fosse dado aos pobres, ele que roubava da bolsa apostólica. A CNBB está cheia de seus sucessores.

Odilon Rocha -   08/03/2015 02:36:19

Prezado Professor Puggina Talvez esse discurso que agrada ricos e pobres esteja com os seus dias contados. Talvez. Posso estar enganado, mas creio que a paciência do povo, antes tida com falta de discernimento e leniência, se esgotou. Como diria um iletrado, bem ao sabor deste (des) governo: "Nós não é burro, não! Nós agora é que vamo pegá os peixe, e graúdo"! Abraço

Tereza Thompson -   08/03/2015 00:06:27

Mas o interessante Professor Puggina e que nesse governo de corruptos alem de aumentarem o numero de BILIONARIOS enormemente, o numero de PAUPERRIMOS tambem aumentou mais ainda. Nas palavras da propria presidente do pais o seu partido que ja vinha aumentando o numero desses infelizes que recebem bolsas parece que no ano passado o numero deles subiu para 55 milhoes de famintos que ela espertamente usou para comprar votos para sua reeleicao. Ora, de que adianta entao a tal bolsa-familia, se ela esta sendo usada para AUMENTAR o numero deles e nao para que eles saiam dessa situacao de mendicancia? O senhor tem razao esse discurso desses corruptos esta indo para a contra-mao da historia pois eles que se intitulam "PROGRESSISTAS" estao regredindo na evolucao para muitos anos atras. Urge que tomemos ciencia das suas mas intencoes para que sobrevivamos a essa HECATOMBE chamada PT que leva a destruicao de tudo que ja tinhamos de bom, fazendo-nos voltar a estaca ZERO.

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   07/03/2015 23:11:31

Contem comigo para a luta política que poderá salvar o Brasil dessa ditadura velada (agora nem tão velada assim), que há anos vem corroendo os verdadeiros princípios do Estado Democrático de Direito. No entanto, não pertenço e, por enquanto, não quero pertencer à nenhuma agremiação partidária. Os partidos que aí estão (particularmente os que presume-se de direita) são simplesmente decepcionantes, patéticos, pode-se dizer. Me desfiliei há 4 anos do PP e não me arrependo disto. Como não me arrependo! Para voltar a ter filiação partidária, espero uma verdadeira reforma política, que propicie o surgimento de um partido (assumidamente de direita) que realmente honre os ideais e princípios que a sigla for representar.

Genaro Faria -   07/03/2015 20:50:53

O populismo é a verdadeira "ideologia" dominante na política latino-americana. Ele se adapta sem dificuldades ao discurso de esquerda ou de direita. a regimes autoritários ou formalmente democráticos. E agrada aos ricos e ao pobres igualmente. O caudilho lembrado logo na abertura do seu texto, prezado Puggina, manobrou com grande desenvoltura uns e outros, no PTB e no PSD. E provavelmente teria falecido mais velho, no poder que deixaria por doença ou morte natural. Mas havia, então, a UDN. O partido que representava a classe média. Esse estamento social que todos os ditares odeiam, porque não come nas mãos dos poderosos, dividindo com eles a mesa, nem se contenta com as migalhas que caem no chão. E porque ele é muito poderoso, pois é nele que se forma a intelectualidade, a cultura nacional, os políticos mais brilhantes, os cientistas, enfim, as "cabeças pensantes" do país, como se dizia àquela época. Mas isso ficou no passado. O polvo chamado PT - Partidos dos Trabalhadores (que não trabalham), sequestrou a representação política da classe média. Seus tentáculos de diversas denominações e campos de atuação específica - OAB, CNBB, ABI, UNE etc. - reduziram os partidos que a expressariam a meros arremedos do que um dia foi a UDN. Isso é o que mais empobrece o Brasil e fragiliza sua democracia.

Marcio -   07/03/2015 09:24:51

O que mais me impressiona na CNBB - mais se parece infiltrada de vermelhos - é que, como religiosa que deveria ser, está sempre a favor dos projetos do "povo", do PT, como propagandeia assim o PT ao se referir ao partido de forma dissimulada. A CNBB deveria estar a essas horas bradando contra os farsantes comunistas -pestes mortais - interferindo juntos aos bispos nesse sentido em suas dioceses e não se servindo de idiota-útil deles que, se acaso dominarem um dia totalmente o pedaço, quem sabe a CNBB teria sido agora objeto de descarte e levada aterro sanitário? Isso sem citar a quantidade de cristãos que permite caírem em suas armadilhas pelas omissões; ela tem se comportado como linha auxiliar dos marxistas, idem caso dessa chantagista "Reforma Política"!

Gustavo Pereira dos Santos -   07/03/2015 06:54:20

Dr. Percival, Fabricar bilionários é tradição dos governos de esquerda, haja vista a quantidade de magnatas russos da KGB que apareceram após a queda do muro. https://www.youtube.com/watch?v=PsceTcFW8p0 Um abraço, Gustavo.

paulo de carvalho filho -   07/03/2015 01:43:31

"Impulsionada pelas emissões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Dívida Pública Federal (DPF) encerrou 2014 em R$ 2,296 trilhões. O montante é 8,15% maior que o registrado no fim de 2013 (R$ 2,123 trilhões). Somente no ano passado, a DPF subiu R$ 173 bilhões. Aproximadamente um terço deste total – R$ 60 bilhões – correspondeu aos aportes do Tesouro Nacional ao BNDES, feitos em duas etapas: R$ 30 bilhões em junho e R$ 30 bilhões em dezembro. Por meio desse mecanismo, o Tesouro empresta títulos ao BNDES. O banco de fomento vende os papéis no mercado para aumentar o capital e emprestar mais recursos a empresas". A farra petralha em que estão sendo criados bilionários da noite pro dia, é graças à fabricação de dinheiro pelo Tesouro Nacional . Isso é o Socialismo Bolivariano à todo vapor, endividando o país para enriquecimento de uns poucos "escolhidos"!

Ricardo Moriya Soares -   06/03/2015 22:00:18

A Teoria da Máquina do Tempo: se tivesse um equipamento que me transportasse para 1975, eu poderia muito bem eliminar a figura nefasta (demoníaca) do Lula enquanto mero sindicalista. O problema é que mesmo que tudo corresse de acordo com o script, eu estaria cometendo um erro trivial, explico: é como seu eu matasse um paciente com ebola, mataria o paciente e não a doença! Bom, o Lula é um tipo maléfico à parte, seria uma espécie de paciente zero, ou mesmo aquele desgraçado que espalha o vírus propositalmente. Ainda sim não resolveria o problema do vírus. O que fazer então? Nós temos na verdade uma grande oportunidade, a maldita esquerda esgotou todo o seu repertório de tolices dialéticas, chegando ao cúmulo de catequizar somente estudantes universitários semi-alfabetizados (isso mesmo, o resto eles compram na cara dura!). A chamada Guerra Cultural, que outrora havia sido dominada pelo pensamento asqueroso à lá Chico Buarque e cia, parece estar perdendo terreno de forma irreversível para os novos grandes pensadores: Puggina, Olavo de Carvalho, etc. O estrago já está feito, pode não atingir de imediato o grosso da população, mas as mentes realmente independentes chutariam o sr. Ziraldo nas bolas se o encontrassem na esquina. Vai demorar, vai ser muito doloroso, mas ao menos podemos celebrar o fim da hegemonia da esquerda nos corações esclarecidos e independentes do Brasil.

Ismael de Oliveira Façanha -   06/03/2015 18:50:57

"Desde os tempos de Getúlio Vargas nada produz melhor dividendo político do que rotular-se defensor dos pobres." Desde o tempo de Getúlio? Desde os tempos da Galiléia, dos discursos políticos do Evangelho de Lucas, do Cristo Filho do Homem, discursos tomados fora do seu contexto espiritual, especialmente pelos Beto & Boff, pelo atual Papa etc..

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   06/03/2015 13:57:38

Lúcidas observações, Professor Puggina. O pior de tudo é que este engodo, esta verdadeira asfixia ideológica persiste há anos. Vem de muito antes da efetivação do PT no governo. Ratifico suas palavras quanto à proposta petista (freireana) de "educação" das classes populares. Sou professor da rede pública municipal e conheço a triste realidade por dentro.