• Gustavo Corção
  • 09/04/2009
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MARCOS DA ETERNIDADE - gustavocorcao.permanencia.org.br

No torvelinho das horas e dos dias conv?considerarmos, vez por outra, os marcos im?s, os sinais da eternidade. Vale a pena parar a carreira dos sucessos, e com voz de poesia perguntar ??ores espantadas, ?pedras retra?s, ?casas que ficam atr?dos port?de ferrugem e das janelas estremunhadas, se porventura entendem a avidez que nos impele, que nos compele a perseguir um bem que logo perde o sabor quando alcan?o; se entendem essa fome que se muda em fastio ou n?ea ?edida que morre o momento que passa, continuando insaci?l para os sonhos de fuma?imposs?l. A ?ore permanece, posto que aos ventos ofere?uma mobilidade dan?te e cantante; a pedra permanece; o velho port? malgrado a ferrugem permanece. S?ess?ias tranq?s e bem ritmadas. A seu modo humilde imitam e refletem o Imut?l. Sendo o que s? com simplicidade robusta, trazem marca daquele que ? que ?N?ao contr?o da ?ore e da pedra, vivemos a fugir do que somos. N?ue fomos feitos ?magem e semelhan?de Deus, fugimos de Deus e portanto de n?esmos quando buscamos o absoluto no torvelinho das coisas. E assim, pelo sopro do esp?to e pelo ?eto de liberdade que nos faz mais pr?os de Deus, tornamo-nos mais distantes e assim vivemos a correr, a fugir do que temos, a buscar o que nunca teremos, e a assistir ?ecomposi? do que tivemos. Marta, Marta, de muitas coisas te ocupas, mas uma s?necess?a... Vale, pois, a pena, parar o frenesi e considerar os marcos de eternidade que a Igreja nos oferece nos tempos da Paix? Amanh?u depois os cuidados voltar? hoje, detenhamo-nos diante da pedra de Pedro, da casa de Deus, a ?ore do Crucificado. Amanh?u depois voltaremos ?nossas agita?s, ?erplexidade da pol?ca nacional e internacional, ?not?as da cidade e do mundo, a tudo isso que ser?aidade das vaidades e persegui? dos ventos, se n?soubermos trazer para esses problemas dispersos o crit?o fundamental que os transfigura em caminhos de Deus. Hoje estamos no limiar da Semana Santa, preparando nosso olhos para o quadro da vit? do Cristo, que a Igreja nos oferece com sinais moldados nas coisas peregrinas, e que nos deixa entrever, no outro lado do espelho, o pa?maravilhoso da divina esperan? A obra de Cristo, esp?e de usinagem operada sobre a dor e a morte, e por conseguinte sobre o que constitui o m?mo espanto do mundo, abre-se agora num estu?o de gl?. Assistiremos, durante a semana, ?epresenta? do drama onde se v?assar um Deus apaixonado. O Homem das Dores, irreconhec?l para os que o flagelaram e o esconderam atr?da deris? e todavia o mesmo cora? vulnerado do C?ico dos C?icos. O cabo da travessia desse mar vermelho, o c?o pascal ser?ara nossa vida um diapas?de luz. S?Bento ensina que a vida do monge deveria ser uma Quaresma cont?a. A nossa tamb? E essa Quaresma deveria ser paix?e a paix?deveria ser morte; e a morte deveria ser P?oa. A travessia, a transmuta? que Deus espera de n? uma convers?que v?eixando o que menos somos em favor do que verdadeiramente somos por dom de natureza e pelos dons da gra? De claridade em claridade, se formos d?s, iremos caminhando por atalhos de dores, para o pa?do amor perfeito que tem bandeira de fogo em mastro de cera. Parece-vos ing?o – ?itores tristes - o quadro da Si?Gloriosa que a Igreja desdobra? Parece-vos estampa infantil a santa liturgia? Ou quem sabe se tudo isto n?vos lembra apenas costumes obsoletos, cerim? que os etn?os explicam, ritos que os s?los cient?cos superaram? Por v? por mim, receio que a simplicidade do quadro seja chocante, e n?consiga atravessar a sebe de nossas complica?s. N?omos complicados; Deus ?imples. N?omos adultos e vividos; Deus ?ais mo?do que n?N?omos espertos, sinuosos, ardilosos; Deus escolheu para si as figuras do cordeiro e da pomba. Diz-nos a f?ue ali, na outra margem do mar vermelho, onde brilha o c?o da vit?, os enganos e tribula?s ter?desenlace de prod?o; que receberemos, em medidas de alqueire calcados, recalcados e transbordantes, o que n?tivemos a aud?a de pedir; que ser?consertadas as contradi?s e nossos tristes amores; que a l?ima vira j? que a chaga vira for. Diz-nos a f?ue naquele pa?de maravilhas do outro lado do espelho, teremos a paz. Parece-vos ing?a – ?mens tristes – a linguagem da f?Parece-vos ins?da a comida da esperan? E quem pergunta poder?e gabar de melhor saber e de melhor servir? N?? descren?que mais me espanta. A descren? se me permitem os apologetas, tem certa l?a na sua retrata?, no seu encolhimento, no seu prop?o de n?levar longe demais as investiga?s que podem terminar em inc?io. A descren?sob esse ponto de vista, ?ais razo?l, mais compreens?l do que a cren?imperfeita que se det? que se encolhe, que se retrai, quando nela, na F?tudo pede expans?e conseq?ia. Talvez fosse melhor mudar de tom. A seguran?da f? a certeza da esperan?seriam mais edificantes do que o t?lo da perplexidade. Talvez fosse melhor, na festa da igreja, procurar p?ros e c?ras para contar o j?o da alma Crist?o dia da P?oa do Senhor, em vez de permitir ao velho cora? um gemido de cansa?.. Deus h?e fazer que essa tristeza se converta em alegria e que a algu?aproveite o que a n?os pesa. E privil?o seu; ?f?o de seu Filho transformar a dor em salva? e a morte em vida.