• Olavo de Carvalho
  • 04/04/2009
  • Compartilhe:

IGNORANDO O ESSENCIAL - Di?o do Com?io

H?lguns dados hist?os elementares sobre o movimento comunista, ignorados pela maioria e mal conhecidos ou bem esquecidos pelas minorias letradas e dirigentes, sem os quais ?mposs?l, literalmente imposs?l entender o que quer que seja da hist? recente. Se voc?rocurar se informar a respeito e come? a levar esses dados em conta, ver?uanta coisa obscura se esclarece automaticamente, sem necessidade de grande esfor?interpretativo. l O comunismo foi e ?ao longo da hist? humana, o ?o – repito: o ?o – movimento pol?co organizado em escala mundial, com ramifica?s e agentes nos lugares mais remotos do planeta, disciplinados e capacitados para entrar em a? de maneira imediata, coordenada e simult?a ao primeiro chamado de seus centros de comando. l Embora tendo a seu servi?uma quantidade enorme de organiza?s e partidos de massa, o comunismo ?ubstancialmente um movimento clandestino, cujo comando e cujos planos de a? devem permanecer invis?is aos profanos, mesmo nas ?cas de legalidade em que v?as organiza?s comunistas atuam publicamente sem sofrer a menor persegui?. O primado da elite clandestina sobre a lideran?vis?l ?pelo menos desde L?n, uma cl?ula p?ea da estrat?a comunista. ?imposs?l compreender essa estrat?a e as t?cas que a implementam levando em conta somente a atua? ostensiva dos l?res comunistas mais vis?is em cada pa? sem acesso ?discuss?internas e ?conex?internacionais de cada organiza?. l O comunismo foi e ?em todo o mundo e em todas as ?cas, o ?o movimento pol?co que teve e tem a seu dispor recursos financeiros ilimitados, superiores ?maiores fortunas conhecidas no Ocidente e aos or?entos de muitos governos somados. Suas possibilidades de a? devem ser medidas na escala dos seus recursos. l S?a parcela ?ima da atividade comunista consiste em propaganda doutrin?a reconhec?l direta ou indiretamente. A parte maior e mais significativa consiste em infiltrar-se e mesclar-se em toda sorte de organiza?s – partidos pol?cos (inclusive liberais e conservadores), m?a, sindicatos, empresas estatais e privadas, institui?s culturais, educacionais, religiosas e de caridade, For? Armadas, Ma?aria, a lista n?tem fim – de modo a torn?as instrumentos da estrat?a comunista e a controlar por meio delas toda a sociedade, fazendo do Partido “um poder onipresente e invis?l” (a express??e Antonio Gramsci, mas a t?ica existia desde muito antes dele). ?pueril imaginar que, uma vez inseridos nessas entidades, os comunistas a?e dediquem a doutrina? ou proselitismo, como se fossem pastores protestantes espalhando o Evangelho entre infi?. A arregimenta? de todas as for? para que sirvam ?strat?a comunista ?m mecanismo tremendamente sutil e complexo, que envolve doses maci? de camuflagem e despistamento, com muitos lances paradoxais pelo caminho. l ?tolice imaginar o comunismo como uma “doutrina” ou “ideal”, sobretudo quando se entende por isso a prega? aberta da aboli? da propriedade privada. O movimento comunista nunca teve nem precisou ter qualquer unidade doutrin?a, e j?rovou mil vezes sua capacidade de adaptar-se taticamente ?f?las ideol?as mais d?ares, de maneira sucessiva ou simult?a, desnorteando por completo o observador leigo (incluo nisto os pol?cos em geral e a quase totalidade dos intelectuais liberais e conservadores). Campanhas ate?icas as mais truculentas, por exemplo, coexistem pacificamente, no seio do movimento comunista, com o aproveitamento do discurso religioso como meio de atingir o cora? das massas. Mutatis mutandis, a explora? dos sentimentos nacionalistas extremados vem lado a lado com o esfor?de diluir as soberanias nacionais em unidades maiores, regionais ou mundiais, de modo que, por tr?da cena, o movimento comunista se beneficia tanto das resist?ias patri?as quanto do poder global em ascens? A unidade do movimento comunista ?e tipo estrat?co e organizacional, n?ideol?o. O comunismo n??m conjunto de teses: ?m esquema de poder, o mais vasto, fex?l, integrado e eficiente que j?xistiu. Mesmo o radicalismo isl?co, hoje em r?da expans? nada poderia sem o apoio da rede mundial de organiza?s comunistas. l Tolice maior ainda ?maginar que a oposi? l?o-formal entre os conceitos abstratos de capitalismo e comunismo se traduza, na pr?ca, em conflito mortal entre capitalistas e comunistas. variedade de diferentes situa?s locais e temporais corresponde uma infinidade de nuances e transi?s, com um vasto espa?para os arranjos e cumplicidades mais estranhos em apar?ia (s? apar?ia). Ningu?entender?ada do mundo hist?o em que vive hoje se n?tiver em conta a longa colabora? entre o movimento comunista e algumas das maiores fortunas do Ocidente, por exemplo Morgan, Rockefeller e Rothschild. Os livros cl?icos a respeito s?os do economista ingl?Anthony Sutton, mas j?m 1956 o Comit?eece da C?ra de Representantes dos EUA levantou provas substanciais de que algumas funda?s bilion?as estavam usando seus recursos formid?is “para destruir ou desacreditar o sistema de livre empresa que lhes deu nascimento”. Essas funda?s est?hoje entre os mais robustos pilares de suporte do governo socialista de Barack Hussein Obama. O desconhecimento ou incompreens?desses fatos entre liberais e conservadores est?a raiz de sua incapacidade de opor uma resist?ia s?a ?archa triunfante do comunismo na Am?ca Latina. Muitos ainda acreditam, por exemplo, que ser?ma grande vit? da democracia obrigar as Farc a abandonar a luta armada para transformar-se em partido legal. N?entendem que criar uma for?pol?ca reconhecida ?no fim das contas, o ?o objetivo da luta armada – na Col?a ou em qualquer outro lugar. Guerrilhas n?vencem guerras: tudo o que desejam ?ma derrota politicamente vantajosa. Por isso, ao mesmo tempo que trocam tiros com as for? do governo, na selva e nas cidades, colocam seus agentes em postos-chave dos partidos esquerdistas legais, de onde clamam contra o derramamento de sangue e apelam dramaticamente ao retorno da legalidade. Fizeram isso no Brasil, fazem agora na Col?a. Enquanto os liberais e conservadores n?obtiverem uma clara vis?de conjunto do fen?o enormemente complexo do comunismo, enquanto insistirem em se opor somente ?facetas mais imediatas e repugnantes desse movimento, se n?apenas ?doutrinas comunistas consideradas abstratamente, estar?condenados ?errota mesmo quando se julgam vencedores. O fato de que jamais tenha havido uma internacional anticomunista torna dif?l para muitas pessoas obter essa vis?de conjunto, que os pr?os comunistas obt?t?facilmente. Mas a aus?ia de suporte social n?pode servir de desculpa para a pregui?intelectual. H?empre algumas intelig?ias individuais capazes de raciocinar acima das perspectivas grupais, quando existem, ou sem elas, quando n?existem. Nada justifica que essas intelig?ias permane? ?argem das discuss?p?cas, deixando aos ignorantes o monop? dos microfones. Neste como em todos os demais assuntos humanos, quem n?estudou nada est?heio de certezas simpl?s e as proclama com um ar de tremenda superioridade, sem perceber o papel rid?lo que faz. Quem estudou fica ?vezes parecendo maluco ou exc?rico, mas, afinal, para que ?ue algu?estuda, se n??ara ficar sabendo de algo que a maioria n?sabe? * Jornalista, ensa?a e professor de Filosofia