• Percival Puggina
  • 01/04/2009
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H?CULES 56, DO QUE ESCAPAMOS

Antes de tudo, fiquem entendidos dois pontos: 1º) como todo ser realmente humano sou contra a tortura, seja qual for o lado ideol?o maltratado pelos tarados que a aplicam ou permitem; e 2º) n?percebo justificativa para que o enfrentamento ?esquerdas armadas nos anos 60 e 70 do s?lo passado demandasse duas d?das de governos autorit?os. Interessado na hist? daquele per?o, ouvi falar e busquei assistir o document?o H?ules 56. Trata-se de um longa, do diretor S?io Da-Rin, composto por entrevistas, grava?s de ?ca e uma esp?e de coletiva desenrolada numa mesa de bar. Os participantes s?remanescentes dos sequestradores do embaixador norte-americano em 1969 e do grupo despachado para o M?co, por exig?ia deles, a bordo da aeronave que d?ome ao filme. Entre outros, dep? com a perspectiva que lhes permitiu um afastamento que j?hega a quatro d?das, Franklin Martins, Vladimir Palmeira, Jos?irceu, Fl?o Tavares e Paulo de Tarso Venceslau. Eu assistira antes “O que ?sso companheiro?”, no qual Fernando Gabeira assume participa? importante no sequestro. Em H?ules 56 ele some. Por qu?O diretor, ap? estreia em 2006, explicou que Gabeira fora “soldado raso” na opera? e jamais teria participado n?houvessem os l?res escolhido para ref? a casa onde ele morava. Em outras palavras: O que ?sso, companheiro Gabeira? Vai procurar tua turminha... Do conjunto da obra (H?ules 56 ?m bom filme), conclu?ue, hoje, a maior parte dos protagonistas considera o seq?ro e a luta armada como equ?cos que estimularam o endurecimento e a continuidade do regime. Escolheram esse caminho por descrerem do jogo democr?co (numa de suas falas, contudo, Fl?o Tavares, que comparece ao filme em r?das entrevistas, se mostra satisfeito por n?se haver retra?, como certos pol?cos da ?ca). Eram militantes, dispostos a morrer pela revolu? que julgavam estar fazendo, e sobre cuja exist?ia real, pelo que pude presumir, n?t?mais tanta certeza. Foi exatamente a?ue nasceu a observa? registrada no t?lo deste artigo: do que escapamos! Imagine, leitor, se, em vez de senhores de meia idade, reflexivos, derrotados mas orgulhosos dos seus ?etos juvenis como se apresentam no filme, eles tivessem sido vitoriosos, e chegassem ao poder, como desejavam, na esteira do que realizara Fidel partindo de Sierra Maestra. O que teriam implantado no Brasil? Totalitarismo marxista-leninista, expropria?s, tribunais revolucion?os e execu? de conservadores, liberais, burgueses, latifundi?os, empres?os, direitistas. E mais, partido ?o e total absor? da comunica? social pelo Estado. Era o que na ?ca se chamava “democracia popular”, regime adotado pelas refer?ias da esquerda mundial. N?estarei indo longe demais? N? Assista ao filme e ouvir?ladimir Palmeira elogiar o chefe do sequestro, Virg?o Gomes da Silva, por lhes ter dito: “Se houver algum problema que, por desobedi?ia a uma ordem minha ou vacila?, coloque em risco a opera?, n?pensem que vou esperar um tribunal revolucion?o. Eu executo na hora”. Quem trata assim os companheiros, como proceder?om os advers?os? Noutra passagem, os entrevistados respondem ?eguinte quest? caso as exig?ias n?fossem atendidas pelo governo, o embaixador seria executado? Foi un?me a confirma?. Palmeira ilustra que essa mesma pergunta lhe fora feita no interrogat? posterior ?ua pris? Resposta: “Teria executado, sim; eu cumpro ordens”. E os cavalheiros, ex-revolucion?os, em volta da mesa do bar, riram com ele. Franklin Martins riu mais alto do que todos. E eu ri em casa, feliz por nos termos livrado de seus planos na hora certa. Revista Voto, edi? de mar?de 2009