As duas entidades lançam na manhã desta quarta-feira um Manifesto em Defesa da Democracia. Por que? Porque segundo ambas, a democracia está em perigo devido às "graves dificuldades político-sociais" enfrentadas pelo país. A nota em que divulgam o evento reafirma a importância da ordem constitucional e da normalidade democrática. A saída para a crise passa pelo que denominam uma urgente "Reforma Política Democrática para corrigir tais distorções que ameaçam a democracia e cerceiam a participação efetiva do povo nas decisões importantes para o futuro do país". Sempre que esse pessoal fala em povo, reitero, estão falando apenas de si mesmos.
Blá-blá-blá. O que a CNBB e a OAB pretendem é socorrer o governo petista que meteu pés e mãos no lodaçal da corrupção. Vêm em auxílio de quem levou o país do nanismo diplomático para o nanismo econômico. Propõem-se a ajudar a presidente, a mesma senhora que, falando em tom irônico, como se tivesse descoberto a senha que abre os portões da Papuda, atribuiu os escândalos da Petrobras a supostas omissões de FHC em 1996. Feito! Não é bela e pura, a Brasília oficial, estrelada, togada, prelada ou engravatada? Tudo se passa como se de 2003 a 2015, o governo petista, inspirado no regime de partilha e nos contratos de exploração do pré-sal, não houvesse instituído um regime paralelo de partilha e abonado contratos de exploração dos recursos da empresa entre os partidos da base e seus prepostos.
Nesta quarta-feira, CNBB e OAB procurarão tirar a corrupção dos ombros dos corruptos e jogá-la em quem não pode ser algemado: o modelo político adotado no país. A primeira entidade absolverá os pecados? A segunda fará prova da inexigibilidade de outra conduta? Ou seja, a mensagem resultante é a de que os malfeitos ocorrem pela falta de uma reforma política e em nome da governabilidade (andaram lendo o Luis Nassif). Ora, senhores, sobre isso eu já escrevi tantas vezes! Com uma diferença essencial: ao afirmar que nosso modelo institucional é corrupto e corruptor, ficha suja, eu jamais me vali disso para lavar e enxaguar a ficha individual de quem quer que seja. Uma coisa é uma coisa e outra coisa, etc. e tal.
E tem mais. A CNBB, ao opinar sobre Reforma Política, fala do que não entende nem tem o dever de entender. Mas a OAB tem obrigação de saber que não será alterando as regrinhas sobre financiamento de campanha e mudando o modo de eleição parlamentar que vamos remover os principais vícios de um modelo político que mistura Estado, governo e administração, transformando as funções públicas em capital político, para render juros e correção monetária aos partidos do poder.
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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
Gustavo Pereira dos Santos - 28/02/2015 02:32:22
Tudo isso com a cumplicidade de ZH que apoia a nova GOVERNANÇA. Reconheçamos, eles são mestres em criar eufemismos e slogans milagrosos, quando não estão colocando a culpa da tragédia no FHC, na Ditadura Mulitar, no MOITA e no SUNDA. Um abração, Dr. Percival.Genaro Faria - 26/02/2015 15:41:24
Não se espere dessa "sociedade civil aparelhada" uma atitude de independência ou de coerência com a religião ou a ciência. Não é a elas que estão subordinadas moralmente. É ao PT, o todo poderoso partido inspirado no totalitarismo mais feroz e hegemônico de todos que surgiram na História desde que se proclamou, na França, que o homem é o senhor do universo - o socialismo de esquerda. Socialismo que, aqui na América do realismo fantástico, preferiu atotar uma versão modesta, mais de cunho latino, original e supostamente futurista - a canhota, apresentada ao público pagante, e sobretudo, ao vagabundo, como "socialismo do século XXI". E para tornar sua versão mais carnavalesca, fantástica, fez de Fidel Castro seu Papa, e de Che Guevara seu santo padroeiro. Tem sorte a CNBB de ter uma doutrina evangélica para nela se espelhar - a Teologia da Libertação. Pois não é este o caso da outra entidade aparelhada, a OAB, órfã que é de jurisconsultos para lhe inspirar um código civil, penal ou de outro ramo do Direito, ciência que Karl Marx desprezava. "O Direito é a ciência dos burros", ele afirmou em seu famoso livro, O Dezoito Brumário. Mas o serviço é sacerdotal. Incondicional. Não lhe pode embaraçar a questiúncula de não ter o socialismo que defende suscitado um só jurista, sequer um rábula que erigisse em doutrina o voluntarismo dos governantes e o relativismo ético inerente ao arbítrio do Estado totalitário. Talvez lhe socorra o exemplo de um Bossuet, teórico do divino direito dos reis. Ou de Robespierre, gênio que proclamou a Razão como deusa universal e única da espécie humana. Quem sabe Lula não assuma essa causa?Emmanuel Carlos - 26/02/2015 01:42:21
Falou e disse! As duas instituições perderam a moral e a credibilidade; ao se atrelar a um governo nítida e notoriamente corrupto, comprometeram os seu princípios: não sei se envergonham o clero - porque nunca vi padre algum contrariar , mas, certamente, envergonham os advogados.Agnaldo Fernandes da silva - 25/02/2015 20:28:04
Professor tenho discutido isto que está acontecendo no país deste que esse governo assumiu o pais a quase vinte anos,pois bem agora me pergunto será que ninguém viu ou previu que isto aconteceria,pois o pt e toda a corja porquê ninguém pune,? Cadê os juízes desse grande país não investiquem e ponha esses marginais dentro das prisões pois só com uma investigação integrá poderia pelo menos devolver um certo alívio a está nação.Paulo Jr - 25/02/2015 19:55:50
Caro professor, inclua nesta lista algumas dezenas de entidades de classe que valendo-se de interesses, dito corporativos, se vendem por migalhas sendo coniventes com a corrupção que jorra em fontes Brasil agora. Que o novíssimo Conselho Federal de Arquitetura e seus braços estaduais não se seduzam por cantos de sereias e não se cale como outros conselhos. Je sui Joaquim Barbosa e Conselho Federal de Medicina.Luiz Felipe Salomão - 25/02/2015 15:54:29
Prezado RICARDO, o seu posicionamento, apesar de muito claro e conciso, foca e um ponto de ação que, com a devida vênia, considero, no mínimo, modesto. Explico: Quando em uma aula de Análise de Balanços, em 2011, em um curso de Ciências Contábeis de uma grande universidade brasileira, os alunos da disciplina apresentaram, em sala e ao professor, o problema do 'castelo de cartas' que representaria a situação das empresas do falido Grupo X, foi realizada uma análise técnica daquela situação apresentada. Nessa análise, constatou-se que a situação econômica daquele grupo empresarial, muito provavelmente, não se sustentaria por um longo tempo, devido ao elevado valor das ações em relação a um valor 'questionável' dos seus ativos patrimoniais. Ato contínuo, uma perseguição gratuita ao docente da disciplina, se desenrolou, a partir da própria coordenação de curso, redundando, dessa forma, em pedido de dispensa, por parte do docente, por discordar da política adotada por àquela instituição de ensino. Situação essa que, como bem o sabemos, não é um caso isolado, neste Brasil ocupado por comunistas Leninistas, Maoistas e Trotskistas. Dessa forma, a reforma que o Ilustre solicita, em minha opinião, deverá ser realizada, não somente no nível fundamental, mas, sim, em todos os níveis de ensino do Brasil. Do nível fundamente ao nível superior. Sem exceção! Leve o tempo que levar, a reforma tem de ser realizada e desde hoje, dada a relevância e a urgência que a situação requer. Cordiais saudações.RICARDO MORIYA SOARES - 25/02/2015 13:45:47
Mestre Puggina, O mês de março promete muitas 'emoções', principalmente quanto ao destino da defunta Petrobras, das inúmeras manifestações pelo impeachment - que ao meu ver são louváveis mas não resolvem o dilema dos 40 ladrões, muito menos de uma sociedade impregnada de burocratas e estatólatras, que escolheram depender do Estadão ao invés de trabalhar de verdade! A verdadeira reforma (mudança) precisa ser feita na cabeça do brasileiro, pois ele precisa parar de acreditar na 'cultura do emprego', e passar a experimentar ativamente a chamada 'cultura do trabalho'. Enquanto essa transformação não adentra nosso atual horizonte, qualquer 'derrubada de governo' será muito bem vinda. Não dá mais, se o primeiro passo é o fim do mandato da nefasta marionete do molusco, que seja dado. O segundo é o reconhecimento que as entidades acima mencionadas (CNBB e OAB) precisam ser desmanteladas por completo - no específico caso da OAB, uma reforma geral e muito ácida! A CNBB é a lança de penetração do marxismo nas comunidades mais carentes, e também diretamente responsável pelo descrédito do catolicismo Brasil afora. O terceiro e último é a extirpação do pensamento gramsciano de todas as esferas públicas da nação, começando pela demissão de todos os professores marxistas do ensino fundamental. Esse será de longuíssimo prazo, o que deverá consumir uma geração inteira que já se encontra contaminada. Ao menos conseguimos uma vitória importantíssima: os ditos intelectuais marxistas perderam a capacidade de influenciar pessoas de pensamento independente. Hoje em dia eles só controlam militantes e estudantes universitários semialfabetizados dos cursos de Letras, Sociologia e Filosofia - não todos, alguns!Luiz Felipe Salomão - 25/02/2015 13:07:20
Caro Professor Puggina, excelente o seu artigo. Como de costume. Permita-me, aqui, ser repetitivo em uma colocação que já postei em seu 'site': A CNBB NÃO É UM ÓRGÃO DA IGREJA CATÓLICA! Ela é uma ONG, como outra qualquer. No que se refere aos ideólogos da OAB (Ordem dos Advogados Bolivarianos), o usual, nas demandas contra esse governo comunista, é a PERDA DOS PRAZOS PROCESSUAIS! Cordiais saudações.