• José Nêumanne
  • 19/02/2009
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GOVERNO COSM?ICO, OPOSI?O CONIVENTE - Jornal da Tarde

N??e hoje que o presidente Luiz In?o Lula da Silva abusa da licen?especial que o Pa?e o mundo lhe d?para cometer gafes e as transforma em frases e epis?s pitorescos que aumentam seu prest?o com eleitores, ricos ou pobres, que n?d?a m?ma para isso. A lembran?da m?nordestina nascida analfabeta, coitada, e o deslumbramento com a cidade que n?parecia africana se tornaram registros folcl?os a provocar risos de folgaz?impatia. Mas desde que uma pesquisa lhe deu 84% de popularidade e 75% de aprova? a seu governo, se fez alguma obra importante para consertar a indigente infraestrutura nacional ou algo de not?l no combate ?iol?ia, ao tr?co de drogas e ?orrup?, grandes problemas que parecem se eternizar, ningu?sabe, ningu?viu, o homem tem extrapolado. A desfa?ez com que Sua Excel?ia se desloca pelo Pa?de palanque em palanque carregando a pr?a candidata na disputa presidencial de 2010 ??ca e not?. O p?plo de Dilma Rousseff mataria de inveja os demagogos de antanho, useiros e vezeiros inauguradores de pedras fundamentais de obras inacabadas. Dia destes, ela foi a S?Leopoldo (RS) inaugurar o in?o da obra de uma estrada para Novo Hamburgo. E dali foi a Novo Hamburgo, onde subiu num palanque para comemorar a perspectiva de obra da mesma estrada para S?Leopoldo. Antes disso, a candidat?ima compartilhou com o chefe e patrono os lados extremos de um cartaz com um espa?no meio, usado por um fot?fo de Goi?a para produzir fotomontagens, nunca antes t?disputadas, com prefeitos do Brasil inteiro. A fila se comparava ?dos postos de INSS e hospitais p?cos e o pre?era m?o para o resultado final: R$ 30, 8 mil vezes menos que o que se calcula que tenha sido gasto dos cofres da vi?no grande convescote municipal da semana passada na capital federal: R$ 240 mil. Na tal fila se viveu o epis? mais esclarecedor sobre a rela? entre representantes e representados numa democra?a como a no?, em que a participa? popular se resume ?da ?urnas para escolher qual entre os nomes do card?o preparado pelos caciques partid?os ?apaz de seduzi-lo e abandon?o. O prefeito petista de Timbira, do Maranh?dos Sarneys, Raimundo Nonato Ponte, informou que mandar?scanear a foto em que fingia estar com o presidente e a candidata do PT para provar a maledic?ia de seus advers?os que o acusam de n?ter o prest?o de que se gaba com no? guia m?imo. A cena ?m s?olo exato do jogo de me engana que eu gosto eleitoral, reproduzido depois pelo presidente, ao mostrar sagrada (e talvez sincera) indigna? contra a pequenez da imprensa que confundiu aquele prof?o encontro dos prefeitos com o chefe da Na? com um mesquinho com?o. Talvez Lula pense de fato que serve ?a? dizendo ?mulheres dos prefeitos, que os acompanhavam, que est?a hora de o Brasil ser governado por uma delas e que seria melhor que ningu?entendesse isso como propaganda direta de uma candidata que ainda n?pode s?o. Mas imaginar que o respaldo popular baste para fazer de pedra p??ma sensa? de megal?a inimputabilidade, concedida pela Constitui? a menores e ?ios, mas n?aos homens p?cos. Ainda n? No referido convescote municipalesco, o presidente mostrou-se ?imo de valores no mesmo grau da pr?a familiaridade com a gram?ca. N?ortaremos o batom de dona Dilma, o meu corte de unhas, mas n?cortaremos nenhuma obra do PAC, afirmou, sem saber que estava reduzindo sua ?a plataforma administrativa ao que ela ?esmo: uma interven? cosm?ca. Nesse pronunciamento, que se tornou hist?o por nunca antes um presidente ter insultado tanto a intelig?ia da plateia, ele ainda cometeu o desplante de se dirigir a um advers?o, o prefeito de S?Paulo, Gilberto Kassab (DEM), para manipular dados estat?icos de maneira inesperada at?ara sua lavra. Ao dizer que 10% da popula? do Estado mais rico da Federa?, S?Paulo, governado pelo principal candidato da oposi? ?isputa de 2010 para a Presid?ia, Jos?erra (do PSDB), ?nalfabeta, quando, na verdade, moram em S?Paulo 4,6% dos analfabetos do Pa? ?ice inferior ??a nacional, Lula deixou no ar uma d?a: se n?sabe sabe distinguir 4,6 de 10 ou se falsificou o dado para obter proveito pol?co pr?o. Qualquer resposta a esta quest?trope?numa conclus?pior: a da pr?a inutilidade. Tenha dificuldade para compreender um dado comezinho da realidade ou facilidade para falsificar estat?icas, o presidente de no? Rep?ca se beneficiaria da banaliza? da amoralidade, comprovada pelo fato de ningu?se ter espantado com o senador Jarbas Vasconcelos (PE) ter dito ?eja que a maioria de seus colegas do PMDB se especializou em manipula? de licita?s, contrata?s dirigidas, corrup? em geral. E mais at?ue da ignor?ia do l?n das favelas ou dos condom?os de luxo, tira ele vantagem da concupisc?ia da classe pol?ca, incapaz de um vagido de civismo. Faltam ?posi? autoridade moral, capacidade gerencial e desapego pessoal at?ara expor os disparates que o presidente tem disseminado desde que os 84% de uma pesquisa de credibilidade duvidosa retiraram dele qualquer no? de risco. Com o DEM perdido nos desv? do castelo de um corregedor incorrig?l e a coragem c?ca dos tucanos reduzida aos rodeios ret?os do ex-presidente Fernando Henrique, enquanto os pretendentes ao trono, Jos?erra e A?o Neves, fazem de tudo para n?perturbar El Rei, este nada de bra?as ao iniciar uma campanha que a lei pro?, mas a Justi? s?eocupada em aumentar os vencimentos de seus membros, tolera. E a oposi? se limita a invejar. * Jornalista e escritor, ?ditorialista do Jornal da Tarde