• Percival Puggina
  • 16/10/2017
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ESQUIZOFRENIAS DO STF

 

 Em artigo intitulado "Pantomima do STF fere a Lava Jato", reproduzido pelo G1 em 12 deste mês, Helio Gurotivz comenta o voto da ministra Carmem Lucia que delegou ao Senado decidir sobre o retorno ou não do senador Aécio Neves à sua cadeira naquela Casa. Extraio desse texto o seguinte trecho:

"Apesar de todos os cuidados para preservar sua autonomia, o STF abriu mão da prerrogativa de instância maior na decisão de questões constitucionais, aquela que tem o direito a ‘errar por último’, como afirmou Ruy Barbosa, citado por Celso de Mello em seu voto. Evitou, é verdade, uma crise maior com o Congresso. No próximo dia 17, um Senado feliz deverá livrar Aécio das punições previstas no CPP.

Mas o STF abriu também uma avenida para livrar a cara dos políticos acusados na Lava Jato. O relator da operação, ministro Fachin, se vê limitado na possibilidade de impor punições aos corruptos. Sob o manto de preservar a imunidade garantida pela Constituição aos parlamentares, o Supremo acabou por ampliar a (já ampla) esfera da impunidade.”

 Para compreender as pantomimas em que o Supremo permanentemente se envolve, suas fraturas e animosidades internas, seus frequentes votos de Minerva em que questões seriíssimas são definidas por um voto, e seus pedidos de vistas que hibernam no aconchego das gavetas, é preciso estar ciente das funções que aquelas 11 pessoas exercem ao deliberar.

Ora como plenário completo, ora como grupos em que periodicamente 10 dos 11 se repartem, ora monocraticamente, os ministros integram um poder que acumula quatro importantíssimas funções:

• Tribunal Constitucional,
• última instância do Poder Judiciário,
• Tribunal Penal para autoridades com privilégio de foro e
• Poder Moderador.

Qualquer possibilidade de segurança jurídica e coerência entre decisões sucessivas esbarra nessa pluralidade de atribuições, notadamente quando - e sempre que - o dispositivo constitucional a ser custodiado esbarra com o bem comum ou com a melhor conveniência nacional num determinado momento. Nesses casos, se estabelece a esquizofrenia. Ora é o Direito que fala mais alto no Tribunal Constitucional, ora é a Política que se faz mais audível no Poder Moderador.

Enquanto as questões constitucionais e o bem do país, a cada feito, disputam entre si a atenção do plenário, a impunidade se espreguiça na rede da lassidão e do mais tarde a gente vê isso. Não tem como dar certo.
Na calçada oposta, o Congresso Nacional vive suas alucinações entre a PF que pode bater à porta e o pleito de 2018. Caberia e ele, Congresso, pôr ordem na casa retificando o modelo institucional para maior racionalidade. Afinal, o Congresso é o poder que representa o povo na Câmara dos Deputados e os Estados no Senado Federal. Mas qual!

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Áureo Ramos de Souza -   22/10/2017 01:15:37

Infelizmente nosso Supremo Tribunal não é mais SUPREMO como deveria ser. E tem outra nossa constituião não constitui nada. Quiça algum dia mudem os Hino Nacional e tirem a cama de lá.

Ismael de Oliveira Façanha -   18/10/2017 01:40:26

A FUNÇÃO JUDICANTE DEVE SER EXERCIDA COM MODERAÇÃO: Lucas 6:41 Por que reparas no cisco que está no olho do teu irmão e não percebes o tronco que está no teu próprio olho? Romanos 2:1 "Portanto, és indesculpável, ó homem, sejas quem for, quando julgas, porque a ti mesmo te condenas em tudo aquilo que julgas no teu semelhante; pois tu, que julgas, praticas exatamente as mesmas atitudes." PROMOTORES DEVERIAM MODERAR SEUS LIBELOS: João 8:7 Porque insistiram na pergunta, Ele se levantou e lhes disse: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.”

Genaro Faria -   17/10/2017 10:57:34

Eu prefiro pensar que o século 21- e terceiro milênio da Era Cristã - ainda não começou senão para a Grã-Bretanha e os Estados Unidos. Para o restante da humanidade, o século da mentira mais maligna - o socialismo - ainda nos reserva atrocidades e aberrações antes de pendurar as chuteiras. Por exemplo, falta criar uma nova classe popular para os voos domésticos: viajar em pé no corredor com direito a portar uma mochila nas costas. Outro: criar o gênero neutro pela engenharia genético-social. E ainda: Reconhecer o chimpanzé como a espécie mais evoluída e declarar o homem sapiens como sua antecessora que perdera o elo da evolução numa sodomia em Brasília.

Genaro Faria -   16/10/2017 14:03:51

O caso de Baptistti, terrorista italiano, do caseiro do bordel da república de Ribeirão Preto, dos infringentes embargos que desceram de uma nave extraterrestre para salvar super heróis do Mensalão e essa agora que as mais altas patentes resumiram na expressão "abaixar as calças" para o inimigo. Escândalos sim, e dos mais vergonhosos, mas não se pode, com isso, dizer que o STF descure da segurança jurídica. A Corte é previsível na curvatura da coluna vertebral: sempre vergará diante do poder que nomeia seus membros e do que os aprova em sabatinas que nunca decepcionam suas expectativas. O Supremo é bom camarada... ninguém pode negar.