• Pedro Castello Mestre
  • 21/04/2009
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ESCLARECIMENTO A RESPEITO DAS RELA?ES ENTRE EUA E CUBA.

Nos ?mos dias o novo presidente americano (o d?mo primeiro desde o in?o do governo de Fidel Castro em 1959), Barak Obama, iniciou um conjunto de medidas para facilitar o envio de dinheiro, viagens e comunica?s dos cubano-americanos (um n?o em torno de um milh?e meio de pessoas; quase dez por cento da popula? na ilha de Cuba) a seus familiares na ilha. O ditador vital?o Fidel Castro respondeu num documento em que afirma que “Cuba n?quer esmolas” (embora as tenha aceito ao longo da hist?) e que o mais importante ?cabar com o “embargo criminoso e genocida” do comercio entre EUA e CUBA. ?importante esclarecer, especialmente para os mais jovens que n?conhecem os fatos de 50 anos atr?(e tamb?para os mais velhos, que talvez tenham apenas uma id? rom?ica da “revolu? cubana”), a hist? por tr?desses fatos. 1) A oposi? dos governos de EUA ?itadura totalit?a de Fidel Castro foi motivada inicialmente (1959/62) por a?s pol?cas, econ?as e militares do governo de Castro. - Fidel Castro (e seu movimento “26 de Julho”, aliado ao partido comunista cubano), instalou em Cuba (com base na vit? obtida por uma rebeli?armada que supostamente procurava derrubar uma ditadura para voltar ?emocracia) a primeira ditadura totalit?a nas Am?cas, totalmente contr?a a toda a tradi? pol?ca dos EUA. Gigantesca parte da popula? cubana se op?o processo, mas derrotada por uma minoria traidora, fan?ca e violenta, emigrou para EUA, onde recebeu ap?oficial. - Um dos aspectos b?cos da ditadura totalit?a consistiu no confisco de todas as propriedades industriais, comerciais, banc?as e de servi?, incluindo as propriedades estrangeiras, nas quais a maioria era de empres?os dos EUA. Esses confiscos nunca foram pagos. - Outro aspecto relevante foi a uni?ideol?a, econ?a e militar do novo governo cubano com a extinta URSS (Uni?de Rep?cas Socialistas Sovi?cas), que na ?ca confrontava EUA pelo poder mundial. A URSS chegou ao extremo de instalar foguetes com bombas at?as na ilha de Cuba, apontados para EUA, em 1962. (Do ponto de vista pragm?co e emocional isto foi suficiente para provocar o ap?aos opositores cubanos do novo governo; n?era necess?a nenhuma considera? ?ca. Mas, se algu?acha que foi injusto, deve considerar que os “benef?os” procurados pela ditadura totalit?a poderiam ter sido obtidos, e de fato assim tem sido em outros pa?s, sem necessidade de chegar ao extremo ocorrido) 2) O embargo do comercio de EUA com CUBA foi compensado durante 30 anos pela extinta URSS, o bloco socialista europeu e outros pa?s. Posteriormente, Espanha, Venezuela e China tem dado grande ajuda. Tudo sem impedimento por parte do “embargo”. - Durante 30 anos Castro n?se queixava t?amargamente do rompimento com os EUA; estava muito satisfeito com a prote? econ?a da URSS. A economia cubana ficou completamente fechada internamente e completamente integrada com a URSS e com o bloco de pa?s dominados por ela na Europa. - De outro lado, muitos pa?s amigos dos EUA mantiveram rela?s com Cuba, viabilizando investimentos e comercio de todo tipo. Canad?M?co, Espanha, It?a, Jap? Su?a... Por exemplo, a nova industria de vacinas e medicamentos n?podia ter sido criada sem a coopera? de pa?s mais desenvolvidos. Jap?foi um deles. - O “criminoso e genocida” embargo n?teve efeito criminoso nem genocida. Essa ?ma qualifica? rid?la. O m?mo que se pode argumentar ?ue algumas tecnologias mais sofisticadas na ?a de sa?tem sido bloqueadas. Mas a remessa de alimentos e medicamentos, em geral, nunca foi bloqueada. Desde o ano 2002, especificamente, EUA se tornou um dos maiores exportadores de alimentos para Cuba. - Na d?da de 1980 Cuba conseguiu empr?imos dos pa?s do “Clube de Paris”, sem impedimento por parte de EUA. Mas em 1986 parou de pagar a d?da, apesar de toda a prote? da URSS. - Os maiores problemas econ?os de Cuba foram provocados pela URSS, n?por EUA. No ano 1990, quando a URSS decidiu terminar com a aventura cubana, a mis?a se espalhou por toda a ilha, durante quatro anos, aproximadamente. - Cuba, novamente, foi salva pela abertura para investimentos estrangeiros. O turismo foi incrementado com grande aflu?ia de capitais espanh? At?ancos estrangeiros foram instalados, para financiar atividades com o estrangeiro. A exporta? de pessoal, empregados do governo cubano, tamb?foi incrementada. Finalmente, em 2000 o l?r esquerdista venezuelano, Hugo Ch?z, resolveu o problema energ?co cubano, trocando petr? por servi? de pessoal cubano (m?cos, professores, assistentes sociais). - A lei Helms-Burton de EUA, em 1996, que tornava o embargo mais forte para tentar dar um “xeque mate” ?itadura cubana, nunca funcionou completamente, provocando grande oposi? dos outros pa?s. Na ONU todo ano h?ma vota? quase un?me contra o embargo. 3) J?ouve aberturas anteriores. E continuou a pobreza e o fechamento interno. - Os bem intencionados que imaginam que a elimina? do embargo vai facilitar (1) o bem-estar do povo cubano ou (2) a liberdade do povo cubano, devem perceber que: (1) Os problemas econ?os de Cuba s?provocados basicamente pela falta de fontes de energia, falta de liberdade empresarial e dom?o pol?co de toda a economia. - O primeiro problema foi completamente resolvido pela URSS at?990. Na d?da de 1990 a importa? caiu ?etade, aproximadamente, devido ?novas condi?s de pre?. A partir de 2000 foi resolvido pela Venezuela. - O segundo e terceiro problema n?tem solu? externa. A inefici?ia interna ?uito grande. Embora alguma “abertura” tenha sido feita na d?da de 90, a maior parte da atividade econ?a ainda ?ontrolada pelo governo, que (a) pro? a iniciativa empresarial na maior parte das atividades e (b) aloca os recursos de acordo com pol?cas orientadas para a preserva? do poder da classe dirigente e dos seus aliados externos, n?necessariamente para o bem-estar do povo. ?s?mbrar os enormes recursos alocados ?guerras de Angola e Eti?, assim como o ap??ebeli?em toda a Am?ca Latina, com destaque para Nicar?a e Salvador. (2) Eliminar o embargo de EUA n?vai eliminar o “embargo interno” da livre express? livre educa? e livre organiza? pol?ca. Pelo contr?o, vai ficar pior. ?necess?o rever a hist? da ditadura totalit?a dos irm? Castro para perceber que as experi?ias de abertura dos EUA (governo de Gerald Ford, que reduziu o embargo, e de Jimmy Carter, que abriu escrit?s equivalentes a consulados, reduziu ainda mais o embargo e promoveu viagens entre os dois pa?s) n?tiveram efeito algum no sistema ditatorial... e ainda foram confrontadas pelas atividades b?cas no exterior junto com a Uni?Sovi?ca. 4) A defesa de “Cuba soberana” ?ma ret?a pr?a das rela?s amorais entre os pa?s ou do disfarce da ideologia anti-EUA, esquecendo os valores morais b?cos. O discurso de todos os l?res latino-americanos que defendem ardorosamente o fim do embargo est?aseado em uma das duas seguintes id?s: (a) os pa?s s?soberanos ou (b) Cuba ?m ?ne a ser respeitado No primeiro caso adota-se uma postura neutral e defende-se, como princ?o, a “n?interven?” de qualquer pa?nos assuntos internos de outros pa?s. No duro, a proibi?, ?empresas dos EUA, de comerciar com Cuba (com exce? da venda de alimentos e medicamentos) n??ma interven? nos assuntos internos de Cuba, ?ma agress??iberdade das empresas americanas, que s?as que deveriam reagir. Mas como tamb?prejudica Cuba, cabe a cr?ca ?gress?indireta. Nesse caso, a resposta seria que EUA est?eagindo ?agress?cubanas de 50 anos atr?.. o que teria como contra-resposta que j? muito tempo. Este ? ?o argumento com alguma for? De qualquer forma, ?rov?l que os defensores “neutrais” do levantamento do embargo de EUA sobre Cuba sejam a favor do embargo comercial que v?os pa?s e empresas aplicaram a frica do Sul na d?da de 1980 ou, mais recentemente, a favor da campanha pelo embargo a Israel... por conta do “apartheid” dos pretos no primeiro caso, dos palestinos no segundo. Se assim for, o argumento da “n?interven?” n??erdadeiro. E a?amos ao segundo caso. Na realidade, a maior parte dos l?res latino-americanos atuais, come?do com Hugo Ch?z, criticam o embargo comercial de EUA sobre Cuba porque consideram a experi?ia cubana um ?ne da oposi? aos EUA e eles, por diversos motivos, odeiam EUA em diversos graus (embora estejam “engolindo o sapo”). Se algu?tem d?a sobre isto, deve assistir o discurso de Daniel Ortega na abertura da “Quinta Cumbre de las Am?cas”. A defesa de “Cuba” significa, na realidade, a defesa da “ditadura totalit?a”, que tentam apresentar para os povos de Am?ca como um sistema “digno e solid?o”... embora menospreze totalmente a liberdade das pessoas, tratadas como formigas de um gigante formigueiro. Conclus? a ?a forma justa de defender o fim do embargo de EUA ao comercio com Cuba ?efendendo, em paralelo, o fim do embargo interno da ditadura totalit?a cubana sobre as liberdades b?cas do povo cubano. * Autor do livro “50 anos de Socialismo em Cuba”