ENSAIO M?IMO SOBRE TEMAS MXIMOS - Tibiri?Ramaglio
H?uito deixei de ir ?issa aos domingos, passei a faz?o nas manh?das sextas-feiras, por um ?o motivo: tenho uma profunda avers?est?ca ??a que se canta nas celebra?s hoje em dia. Al?das letras paup?imas das can?s, com que se tenta banalizar os ensinamentos evang?cos e entoar louvores ?ediocridade, n?consigo considerar o viol?(para n?falar dos atabaques) um instrumento adequado ao interior de um templo.
As missas das sextas-feiras s?mais silenciosas e o sil?io ?undamental para que se escute o eco das palavras divinas. Al?disso, apesar de n?terem a pureza da cerim? tridentina, essas missas s?celebra?s que se aproximam mais daquelas que freq?ei quando menino, ao fazer o catecismo. N?que aquelas fossem propriamente missas modelares – afinal n?t?a pureza dos ritos tridentinos – mas porque imagino que as missas que assisto hoje deveriam ser iguais ?que assisti desde a minha mais tenra inf?ia, iguais ?que assistiram meus pais e meus av?ntes de mim e que seus pais e seus av?ssistiram antes deles e assim sucessivamente, at?quelas celebradas pelos primeiros disc?los.
Acredito que a missa deveria ser para todos n?ma ?ora espiritual que nos mantivesse firmemente atados ao dogma essencial de nossa f?e evitasse que dele nos afast?emos, arrastados pelas correntezas das mudan? que agitam tempestuosamente o mar de nossas vidas. Principalmente numa ?ca como a nossa, em que a revolu? tecnol?a faz da mudan?a regra e da perman?ia (aparentemente) uma exce?, a missa deveria ser sempre igual para nos permitir experimentar, semanalmente, a sensa? de eternidade, de modo a compreendermos que “Dios no se muda”, como ensinou Tereza D’vila.
Mas, ?vezes, as obriga?s sociais nos colocam na Igreja em outros momentos e no s?do passado fui a uma missa contempor?a, em que o sacerdote me brindou com uma express?que me deixou profundamente perturbado, ao distribuir sua b??final com as seguintes palavras: “A b??de Deus Pai e m? do Filho e do Esp?to Santo...” Depois de perpetrar essa heresia, o padre justificou-se apelando ao G?sis, segundo o qual Deus criou a humanidade a sua imagem e semelhan? “Se Ele dividiu a humanidade em homens e mulheres, ?or que Ele tamb??omem e mulher”.
O argumento ?id?lo. Deus nos criou a sua imagem e semelhan? sim, mas a rec?oca n??erdadeira. Ou seja, disso n?decorre que Ele se assemelhe a n?especialmente no que se refere aos ?os genitais, dos quais Ele, em sua espiritualidade, prescinde por completo. Basta lembrar que, para gerar seu Filho, Ele n?precisou recorrer a nenhum corpo, de tal modo que Maria p?conceber sem nenhum pecado, como testemunham os Evangelhos.
Falar em um “Deus Pai e M? s?o ?ma tenebrosa blasf?a porque ?ma cretinice t?grande que nem chega a ser blasf?a. ?claro que a uma idiotice desse calibre d?ontade de responder com a virilidade de um cangaceiro, dizendo ao padre mentecapto: Deus ?acho, seu cabra safado! Mas Deus merece respeito. N?sou te?o, mas tudo me leva a acreditar que a Primeira Pessoa da Trindade, assim como a Terceira, n?tem sexo/g?ro, n?s?nem masculino, nem feminino. A tradi? os representa sob a ?de da masculinidade: o senhor Deus, o Esp?to Santo. E a tradi? ??a. No campo religioso, como disse Chesterton, em sua Ortodoxia, n?h?ue procurar muita novidade.
Veja-se o caso da toler?ia, por exemplo. Muita gente gosta de atribuir a no? de toler?ia a Spinoza e a Locke. Acredito que essa no? ?em anterior ?poca desses pensadores e tem sua origem na ocasi?em que Jesus esteve entre n?Ali? quem nos ensinou essa no?, foi precisamente Jesus, Nosso Senhor, quando nos presenteou com o “Pai Nosso”, essa ora? surpreendente, em que tudo est?ito.
“Perdoais as nossas ofensas, assim como n?erdoamos a quem nos tem ofendido”, diz a prece. Pois bem, se entendo o “assim como” por “na mesma medida com que”, creio chegar ?eguinte conclus? s?sso obter o perd?divido, na mesma medida com que perd?(s) outro(s). E o que ? perd? sen?a compreens?e o respeito, fonte prec?as da toler?ia? Decorre da?ue se encontra toda toler?ia nessas breves palavras da ora? que o Senhor nos ensinou.
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