• Bento XVI
  • 07/02/2009
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ENCERRAMENTO DA SEMANA DE ORA?O PELA UNIDADE DOS CRISTÏS - Bento XVI

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI Bas?ca de S?Paulo fora dos Muros Domingo, 25 de Janeiro de 2009 Amados irm? e irm? ?sempre grande a alegria de nos encontrarmos, junto do sepulcro do Ap?lo Paulo, na mem? lit?ca da sua Convers? para concluir a Semana de Ora? pela Unidade dos Crist?. Sa?todos v?om afecto. De modo particular, sa?o Cardeal Cordero Lanza di Montezemolo, o Abade e a Comunidade dos monges que nos hospedam. Cumprimento tamb?o Cardeal Kasper, Presidente do Pontif?o Conselho para a Promo? da Unidade dos Crist?. Juntamente com ele, sa?os Senhores Cardeais presentes, os Bispos e os Pastores das v?as Igrejas e Comunidades eclesiais, aqui reunidos esta tarde. Dirijo uma palavra de reconhecimento especial a quantos colaboraram na prepara? do material para a ora?, vivendo pessoalmente o exerc?o da reflex?e do confronto na escuta uns dos outros e, todos juntos, da Palavra de Deus. A convers?de S?Paulo oferece-nos o modelo e indica-nos a vereda para caminhar rumo ?lena unidade. Com efeito, a unidade exige uma convers? da divis??omunh? da unidade ferida ?ecuperada e plena. Esta convers??om de Cristo ressuscitado, como aconteceu com S?Paulo. Ouvimo-lo das pr?as palavras do Ap?lo, na leitura h?ouco proclamada: Por gra?de Deus sou aquele que sou (1 Cor 15, 10). O pr?o Senhor, que chamou Saulo no caminho de Damasco, dirige-se aos membros da sua Igreja que ?na e santa e, chamando cada qual pelo nome, pergunta: por que me dividiste? Por que feriste a unidade do meu corpo? A convers?implica duas dimens? Na primeira fase conhecem-se e reconhecem-se na luz de Cristo as culpas, e este reconhecimento torna-se dor e arrependimento, desejo de um novo in?o. Na segunda, reconhece-se que este novo caminho n?poder advir de n?esmos. Consiste em deixar-se conquistar por Cristo. Como diz S?Paulo: ...esfor?me por correr para O conquistar, porque tamb?eu fui conquistado por Jesus Cristo (Fl 3, 12). A convers?exige o nosso sim, o meu correr; em ?ma an?se, n??ma actividade minha, mas dom, um deixar-se formar por Cristo; ?orte e ressurrei?. Por isso S?Paulo n?diz: Converti-me, mas afirma estou morto (Gl 2, 19), sou uma nova criatura. Na realidade, a convers?de S?Paulo n?foi uma passagem da imoralidade ?oralidade a sua moralidade era alta de uma f?rrada a uma f?ecta a sua f?ra verdadeira, embora fosse incompleta mas foi o ser conquistado pelo amor de Cristo: a ren?a ?r?a perfei? foi a humildade de quem se coloca sem reservas ao servi?de Cristo pelos irm?. E s?sta ren?a a n?esmos, nesta conformidade com Cristo, podemos estar unidos tamb?entre n?podemos tornar-nos um s? Cristo. ?a comunh?com Cristo ressuscitado que nos confere a unidade. Podemos observar uma interessante analogia com a din?ca da convers?de S?Paulo tamb?meditando sobre o texto b?ico do profeta Ezequiel (cf. 37, 15-28), escolhido previamente este ano como base da nossa ora?. Efectivamente, nele ?presentado o gesto simb?o das duas varas unidas numa s?a m?do profeta que, com este gesto, representa a ac? futura de Deus. ?a segunda parte do cap?lo 37, que na primeira parte cont?a c?bre vis?dos ossos ?dos e da ressurrei? de Israel, realizada pelo Esp?to de Deus. Como deixar de observar que o sinal prof?co da reunifica? do povo de Israel ?nserido depois do grande s?olo dos ossos ?dos vivificados pelo Esp?to? Daqui deriva um esquema teol?o an?go ao da convers?de S?Paulo: em primeiro lugar est? poder de Deus que, com o seu Esp?to, realiza a ressurrei? como uma nova cria?. Este Deus, que ? Criador e tem o poder de ressuscitar os mortos, tamb??apaz de reconduzir para a unidade o povo dividido em dois. Paulo como e mais do que Ezequiel torna-se instrumento eleito da prega? da unidade conquistada por Jesus mediante a Cruz e a ressurrei?: a unidade entre judeus e pag?, para formar um ?o povo novo. Portanto, a ressurrei? de Cristo estende o per?tro da unidade: n?s?idade das tribos de Israel, mas unidade de judeus e pag? (cf. Ef 2; Jo 10, 16); unifica? da humanidade dispersa pelo pecado e ainda mais unidade de todos os crentes em Cristo. A op? deste trecho do profeta Ezequiel, devemo-la aos irm? da Coreia, que se sentiram fortemente interpelados por esta p?na b?ica, quer como coreanos, quer como crist?. Na divis?do povo judaico em dois reinos, eles reflectiram-se como filhos de uma ?a terra, que as vicissitudes pol?cas separaram, uma parte ao norte e a outra ao sul. E esta sua experi?ia humana ajudou-os a compreender melhor o drama da divis?entre os crist?. Agora, ?uz desta Palavra de Deus que os nossos irm? coreanos escolheram e propuseram a todos, sobressai uma verdade cheia de esperan? Deus promete ao seu povo uma nova unidade, que deve ser sinal e instrumento de reconcilia? e de paz tamb?no plano hist?o, para todas as na?s. A unidade que Deus concede ?ua Igreja, e pela qual n?ramos, ?aturalmente a comunh?em sentido espiritual, na f? na caridade; mas n?abemos que esta unidade em Cristo ?ermento de fraternidade tamb?no plano social, nas rela?s entre as na?s e para toda a fam?a humana. ?o fermento do Reino de Deus que faz crescer toda a massa (cf. Mt 13, 33). Neste sentido, a ora? que elevamos nestes dias, referindo-nos ?rofecia de Ezequiel, tornou-se tamb?intercess?pelas diversas situa?s de conflito que no presente afligem a humanidade. Onde as palavras humanas se tornam impotentes, porque prevalece o tr?co clamor da viol?ia e das armas, a for?prof?ca da Palavra de Deus n?desfalece e repete-nos que a paz ?oss?l, e que temos o dever de ser, n?esmos, instrumentos de reconcilia? e de paz. Por isso, exige-se sempre que a nossa ora? pela unidade e pela paz seja comprovada por gestos corajosos de reconcilia? entre n?crist?. Penso ainda na Terra Santa: como ?mportante que os fi? que ali vivem, assim como os peregrinos que a visitam, ofere? a todos o testemunho de que a diversidade dos ritos e das tradi?s n?deveria constituir um obst?lo ao respeito m? e ?aridade fraterna. Nas leg?mas diversidades das diferentes tradi?s, temos que procurar a unidade na f?no nosso sim fundamental a Cristo e ?ua ?a Igreja. E assim as diversidades n?ser?mais obst?lo que nos separa, mas riqueza na multiplicidade das express?da f?omum. Gostaria de concluir esta minha reflex? fazendo refer?ia a um acontecimento que os mais idosos entre n?ertamente n?esquecem. No dia 25 de Janeiro de 1959, precisamente h?inquenta anos, o Beato Papa Jo?XXIII manifestou pela primeira vez neste lugar a sua vontade de convocar um Conc?o ecum?co para a Igreja universal (AAS LI [1959], p? 68). Ele dirigiu este an?o aos Padres Cardeais, na Sala capitular do Mosteiro de S?Paulo, depois de ter celebrado a Missa solene na Bas?ca. Dessa decis?pr?a sugerida pelo Esp?to Santo ao meu venerado Predecessor, segundo a sua s?a convic?, derivou tamb?uma contribui? fundamental para o ecumenismo, resumida no Decreto Unitatis redintegratio. Nele, entre outras coisas, l?e: N?pode existir verdadeiro ecumenismo sem convers?interior; pois o desejo de unidade nasce e amadurece na renova? do esp?to (cf. Ef 4, 23), da abnega? pr?a e do pleno exerc?o da caridade (n. 7). A atitude de convers?interior em Cristo, de renova? espiritual, de maior caridade para com os outros crist? deu lugar a uma nova situa? nas rela?s ecum?cas. Os frutos dos di?gos teol?os, com as suas converg?ias e com a identifica? mais espec?ca das diverg?ias que ainda subsitem, impelem a continuar intrepidamente em duas direc?s: na recep? daquilo que foi alcan?o positivamente e num renovado compromisso rumo ao futuro. Oportunamente, o Pontif?o Conselho para a Promo? da Unidade dos Crist?, ao qual agrade?o servi?que presta ?ausa da unidade de todos os disc?los do Senhor, recentemente reflectiu sobre a recep? e o futuro do di?go ecum?co. Se por um lado esta reflex?quer, justamente, valorizar aquilo que j?oi alcan?o, por outro, tenciona encontrar novos caminhos para a continua? das rela?s entre as Igrejas e Comunidades eclesiais no contexto actual. O horizonte da plena unidade permanece aberto diante de n?Trata-se de uma tarefa ?ua, mas entusiasmante para os crist? que desejam viver em sintonia com a ora? do Senhor: Para que todos sejam um s? fim de que o mundo creia (Jo 17, 21). O Conc?o Vaticano II delineou-nos que este santo prop?o de reconciliar todos os crist? na unidade da Igreja de Cristo, una e ?a, excede as for? e os dotes humanos (UR, 24). Confiando na ora? do Senhor Jesus Cristo, e animados pelos significativos passos dados pelo movimento ecum?co, invoquemos com f? Esp?to Santo, a fim de que continue a iluminar e orientar o nosso caminho. Estimule-nos e assista-nos do c?o Ap?lo Paulo, que tanto trabalhou e sofreu pela unidade do Corpo m?ico de Cristo; acompanhe-nos e ajude-nos a Bem-Aventurada Virgem Maria, M?da unidade da Igreja. © Copyright 2009