• Érico Valduga
  • 05/02/2010
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EMENDA FICOU PIOR DO QUE O SONETO

EMENDA FICOU PIOR DO QUE O SONETO Onde iriam parar os quase R$ 4 bilhões do sobre-preço dos caças franceses, no negócio que privilegia o modelo de avião desqualificado pela FAB? Vocês estão lembrados de que previmos aqui que a intenção do presidente Lula de comprar os caças franceses somente teria chance de prosperar se obtido um desconto no preço. O chefe do Executivo imperial brasileiro pode tudo, mas certamente não lhe interessa afrontar a opinião pública em ano eleitoral. E ela seria afrontada se fossem pagos os US$ 8,2 bilhões pedidos pelos 36 Rafale, ante US$ 4,5 bilhões dos suecos Gripen NG e US$ 5,7 bilhões dos norte-americanos F-18 Super Hornet. Pois saiu o desconto, informa a Folha de S.Paulo, de US$ 2 bilhões, quase um quarto a menos do que o valor inicial. Na nossa moeda, caiu de R$ 15.1 bilhões para R$ 11.4 bilhões, mas continua maior do que os dos concorrentes, em especial dos suecos, que, destaque-se, foram os escolhidos pela avaliação técnica da Comissão Coordenadora do Programa Aeronaves de Combate, da FAB. Cabe uma pergunta, ao menos: que confiança se pode ter no produto e no seu fabricante, que reduz o preço em quase 25%, sem que tenham sido alteradas cláusulas técnicas do negócio? O desconto beira o escândalo, tanto quanto o valor inicial, que, constata-se agora, continha um sobre-preço de cerca de R$ 4 bilhões, quantia suficiente para adquirir 12 milhões de computadores para as escolas brasileiras. Se a lebre não tivesse sido levantada pela Força Aérea e pela imprensa, onde iria parar o dinheiro da diferença, admitindo-se que o montante de agora corresponda a custos reais e lucro razoável? Na conta bancária da Dassault Aviation, vai ver. Talvez o Congresso leve isto em conta quando for aprovar a dotação dos recursos para o pagamento dos aviões ? franceses, é óbvio, por decisão singular do Nosso Líder.