• Percival Puggina
  • 03/07/2015
  • Compartilhe:

E OS ADVERSÁRIOS DO CONSUMO, O QUE DIZEM?

 A indústria automobilística registrou no primeiro semestre do ano uma queda de 20% em suas vendas e avalia que em fins de dezembro esse percentual chegue a 23%. Neste momento, 325 mil veículos estão estocados nos pátios das fábricas e 35,8 mil trabalhadores, ou 25% de todos os recursos humanos das montadoras, estão em férias coletivas, licença ou suspensão dos contratos de trabalho.

Enquanto, no primeiro trimestre do ano, o consumo das famílias caiu 1,5%, os indicadores da intenção de consumo sinalizam para uma trajetória de ainda menor e, portanto, para menores vendas. Segundo pesquisa da Fecomercio/SP, a intenção de consumo das famílias caiu 26,3% em 12 meses. No varejo paulista, o mais dinâmico do país, as vendas caíram 12% no mês de abril quando comparadas com o mesmo mês de 2014.

Na outra ponta do novelo em que o governo enredou a economia nacional, o desemprego, entre maio de 2014 e maio de 2015, subiu de 4,6% para 6,7% e o IBGE informa que o número de pessoas à procura de vaga chegou a 1,6 milhão, com crescimento de 39% em relação a igual período do ano passado. Dezesseis por cento são jovens.

Quando as coisas iam bem, o governo festejava como seus os números mensais do crescimento do emprego. Era como se cada vaga fosse aberta não pela ação empreendedora dos empresários, mas por decisões do governo. Sabe-se hoje, pela evidência dos fatos, que o governo petista foi um desastre marcado pela irresponsabilidade fiscal e pela decadência moral. Agora, quem desemprega são as empresas. Ah!

Além dos que vicejam à sombra do governo e a tudo aplaudem, há um grupo de pessoas, raramente mencionadas, que devem estar especialmente exultantes com os males da economia brasileira. Quem são? Você já as ouviu falando. Criticam a sociedade de consumo. Não se desgostam com as filas de Cuba e da Venezuela. Sonham com uma sociedade de demandas mínimas. Talvez seu modelo de vida pudesse ser representado pelas comunidades menonitas, mundialmente conhecidas como amish, que rejeitam os bens produzidos pela indústria e pela tecnologia. Os amish brasileiros, porém, são fake, vão às compras como todo mundo e certamente gostam de ganhar presentes. Mas condenam a sociedade de consumo, típica do capitalismo.

Seus motivos são ideológicos. Como resulta impossível comparar os bens sociais, tecnológicos, científicos, culturais e econômicos do capitalismo com os do socialismo e do comunismo, eles rejeitam o efeito para reprovar a causa. Esquecem-se de que empregados e desempregados, empreendedores de todos os níveis, e até os servidores públicos cujo pagamento depende dos impostos incidentes sobre a riqueza gerada no país, estão torcendo para que se retomem as condições necessárias ao crescimento da produção e da demanda. Ninguém quer viver como amish! Por que será que os países comunistas estão completamente fora dos fluxos migratórios de que hoje tanto se ocupam os governos do Ocidente?

Por uma questão de justiça, em tempos de crise, assim como os eleitores do PT deveriam pagar mais impostos para cobrir os estragos do governo que elegeram e reelegeram, os adversários do consumo alheio deveriam ser priorizados na hora do desemprego, não é mesmo?

* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
 


José lima -   07/07/2015 19:46:11

Este é o jeito de governar dos petistas cada de plano de aceleração tão falada pelo Lula vamos sair deste jeito pequeno de pensar acorda Brasil o povo tem garra pra virar está página um abraço.

Arno José Borghetti -   06/07/2015 17:22:39

É meu Caro Puggina: os comunistas só fazem alguma coisa enquanto houver dinheiro dos outros. Terminando este, desaparecem, por absoluta inconsistência. Engraçado o discurso barato e irresponsável desses PTistas et .....São sempre assim: irresponsáveis, com discurso para brasileiro mal informado. Espero que os bem informados, na sua maioria, não se deixem enganar pelo cântico enganoso e desafinado dessa corja. Afinal, o passarinho se conhece pelo piu. Grande abraço

Pedro Ubiratan Machado de Campos -   05/07/2015 15:47:00

Não sei se o mestre Puggina leu a obra do professor Plínio Correa de Oliveira "Tribalismo indígena" que disseca essa aversão dos esquerdopatas pelo autêntico progresso, tão bem analisada em seu texto. Excelente também o comentário do Sr. Ricardo Mariya Soares, como ele também confrontei professores melancias de minhas filhas, entre eles até padre e notei como são patéticos na tentativa de conciliarem o sim com o não. Numa oportunidade consegui provocar um abaixo assinado de quase todos pais de alunos para afastar um diretor de escola confessional católica. Quanto ao desemprego nas montadoras, às quais imputo o sucesso do "sapo barbudo" que debilitou a indústria nacional de peças com as tais "greves gerais" que praticamente não afetavam as montadoras, mas letais para a pequena e média indústria de peças nacional, pois as primeiras não repassavam o reajuste que o governo lhes concedia. Como prêmio pela ajuda que deram ao "cavaleiro da esperança" de Garanhuns receberam desonerações tributárias que contribuíram para entupir o trânsito e alimentar uma bolha prestes a explodir com a elevação dos combustíveis e juros escorchantes dos financiamentos.

Juan Koffler -   05/07/2015 15:12:32

Grande Puggina! Esse é o discurso, meu caro amigo! Você pautou em poucas linhas o cerne da questão, com rara acuracidade e simplicidade. Parabéns! Valeu e merece ser reproduzido, o que irei fazer nos portais em que escrevo. Fortíssimo abraço!

Genaro Faria -   04/07/2015 16:51:59

Todo petista, que só não se declara comunista porque é politicamente correto (vem aí a releitura que vai traduzir a famosa exortação de Karl Marx por Manifesto Petista) , é radicalmente contra o consumo... dos outros. Como pontificou Dilma Rousseff, a maior conquista do Brasil foi a mandioca. E quem a conquistou foram os índios. Que guardaram o segredo da sua invenção para que o conquistador europeu não o roubasse. Mandioca não acumula riquezas nem gera a exploração do homem pelo homem na indústria. Olívio Dutra estava cheio de razão quando impediu que a Ford se instalasse no Rio Grande do Sul. Livrou seu estado do desemprego na indústria automobilística. Pelo menos por um bom tempo. Como Fidel fez em Cuba. Eu cheguei à conclusão de que o maior problema do Brasil é que os comunistas não querem viver em Cuba. Ou na Coreia do Norte. Que não têm indústria nenhuma. Agora que nós sabemos que eles são menos de 10% da população brasileira, e não consomem por que a religião deles não permite, que tal se mudassem de ideia e fossem para Havana "sentar na mandioca"?

JESUS ROMERSON R. ARAUJO F. DE MEDEIROS -   04/07/2015 13:13:47

Caro Percival Puggina, Eu concordo que nós precisamos sim ter um país empreendedor e cheio de negócios e ideias. E também com o fato de que o setor privado "de serviços" é pouquíssimo incentivado. Sou da opinião também dos baixos incentivos e até do menosprezo que o governo tem para com os empreendedores da INDÚSTRIA, COMÉRCIO e SERVIÇOS. Estes setores sucateados do modo que estão, falando aqui dos nacionais, não tem condições de "respirar", devido a crise e a má gestão na qual o país está imerso. Não obstante estes fatos não podemos esquecer contudo um importantíssimo FATO, que é o seguinte: "PARTIDO POLÍTICO É MUITO DIFERENTE DE GOVERNO". Assim essa história de governo do PT, não existe. O Governo Republicano Brasileiro está aí desde 1889, "Historicamente" mais preciso desde 15 de Novembro do referido ano. Assim sendo, sabe-se que os governos em todo o mundo passam por crises. Até o "tão glorioso" LIBERALISMO passa por crises, basta lembrar o ano da quebra de 1929. Quando esta quebra ocorreu os bancos e a iniciativa privada necessitaram da intervenção governamental e de lá para cá o governo tem cumprido um papel de segurador do sistema. É óbvio que aqui no país devido à corrupção desenfreada este "seguro" não é realizado do modo como deveria ser para exemplificar isso basta olharmos para a nossa carga tributária exorbitante,que foi criada não de hoje, mas a um bom tempo. Tempo esse que não é de responsabilidade pura e exclusivamente de um partido, mas sim do GOVERNO, composto, diga-se de passagem por três esferas, LEGISLATIVO, EXECUTIVO e JUDICIÁRIO. E enquanto nós perdemos tanto tempo lutando contra uma Esfera o EXECUTIVO, as manobras dos outros dois passam despercebidos da maioria. Por exemplo existem parlamentares que estão no PODER desde a virada para a Constituição de 88. A Constituição essa que trouxe um panorama bastante amplo de direitos do cidadão e deveres do Estado. O problema no Brasil é que "a gente deixa rolar frouxo". O papel do cidadão é FISCALIZAR os gastos, despesas, e também o tempo que nossos representantes estão "no PODER" , coisa que hoje em dia está bastante "facilitada" basta averiguarmos as referidas contas nos Portais das Transparências e entramos em contato cobrando os resultados das "aplicações" dos RECURSOS PÚBLICOS, que isso sim ao que vejo POUQUÍSSIMAS PESSOAS realizam. ACREDITO QUE O NOME CORRETO PARA MUDAR O PAÍS SEJA "UMA FISCALIZAÇÃO POPULAR EFICIENTE E EFICAZ".

Gustavo Pereira dos Santos -   04/07/2015 08:40:35

Faz isso não, eu era pobre, o grande PT me colocou na nova classe média e a crise capitalista internacional me tornou um miseravel.. Solicito uma boquinha no elefante Estado RS, dado que não sou dono do meu nariz e quero ser uma amish fake. Abraços, O Esquerdopata.

Ricardo Moriya Soares -   04/07/2015 00:34:34

Muitos brasileiros são afetados por um vírus poderosíssimo, chamado de 'Síndrome de Estocolmo nos Trópicos', que leva indivíduos plenamente saudáveis a defenderem seus próprios algozes - como exemplo maior, o pai de um aluno da rede pública, cuja escola está de greve há mais de três meses por razões obscuras, que teima em defender de peito aberto os mesmos professores marxistas que destroem a alma de seu estimado filho adolescente. E não se trata de um fenômeno meramente localizado, pois até mesmo na grande mídia (aquela mesma que recebe do governo mensalmente milhões de reais desviados de impostos - nosso próprio dinheiro!), quando publica notícias online sobre aberrações babilônicas cometidas por integrantes do PT, recebe críticas e comentários negativos de milhares de 'internautas'... E quem são os alienígenas alfabetizados? (pois uma coisa é certa, eles são razoavelmente alfabetizados - do tipo que frequentou a universidade!)... Seriam todos pagos para defender o indefensável? Provavelmente metade deles está comprometida oficialmente, enquanto à outra realmente acredita em duendes. Vou tentar classificar as gerações para melhor entender o fenômeno da aceitação da nova Síndrome de Estocolmo: a minha geração fracassou (os que nasceram na primeira metade dos anos 70), pois encontrou refúgio em concursos públicos; a geração anterior destruiu nosso querido país (Lula, Dilma, Chico Buarque, Dirceu, Veríssimo, etc.); a geração seguinte à minha quer deixar o país amanhã mesmo... e a mais nova de todas, os chamados 'millenials', são escravos lobotomizados do Deus Politicamente Correto da Esquerda Mundial... quase todos são submissos, com poucas exceções! E quem nunca foi abordado por seu filho, numa agradável tarde de domingo, questionado a sua falta de comprometimento com as questões ambientas? Com o tal de aquecimento global? Todos sofremos esse desequilíbrio mental no dia a dia, mas faço sempre a minha parte, vou sempre que poso na escola de minha filha gritar e xingar seus professores melancias (verdes por fora, e vermelhos por dentro) - e dá certo, eles se sentem acanhados e ameaçados sem apoio da própria escola!

paulo de carvalho filho -   04/07/2015 00:03:33

Os números informados pela indústria automobilística e a Fecomércio, por exemplo, são mais confiáveis que os oficialescos do IBGE, e demostram que a crise já é muito grave, e o desemprego maior, e isso é consequência da decadência institucional, moral e social do país, e que agora atinge a economia e o setor produtivo que é diariamente desestimulado pelas ações de governo incompetente e ladrão, e entrou em uma espiral de desconfiança que poderá se acelerar ainda mais, como um redemoinho de água caindo ralo abaixo!