• Rogério Mendelski
  • 21/04/2009
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DEZ ANOS SEM A FORD - Correio do Povo

Confesso j?esta primeira linha: sou vi?da Ford. Vi? choram perdas irrepar?is e eu choro por uma saudade que completa dez anos neste m?de abril. Foi num dia de abril que a Ford morreu n?apenas para este vi? mas para milh?de outros vi? que apostavam na instala? da montadora no munic?o de Gua?. Na verdade, a tristeza de uns pode ser a alegria de outros. As trag?as t?dois lados, mesmo quando s?aterrorizantes como a queda das Torres G?as. As pessoas civilizadas sentiram medo e viveram momentos de horror quando avi?pilotados por terroristas chocaram-se com as torres do World Trade Center. J?utros seres humanos que ainda n?conseguem se equilibrar como b?des zurraram de alegria. No caso da Ford, mantidas as devidas propor?s, houve quem chorasse a perda de um investimento de 1,9 bilh?de d?es e houve quem zurrasse. Meu choro de vi?s?o ?ilencioso porque disponho de espa? na imprensa que me permitem lamentar sempre que poss?l os preju?s sofridos pelo RS, mas n?tenho condi?s de conter uma inveja dos baianos. Outra fraqueza minha se manifesta quando passo de carro pela BR 290 e vejo o complexo da GM, em Gravata?E repito comigo mesmo: poder?os ter outra, igual ou maior, l?m Gua?. A Ford que perdemos ? mais moderna montadora da empresa no mundo. A tecnologia empregada ?e ?ma gera?, proporcionando 8 mil empregos diretos e 80 mil indiretos que se multiplicaram como ondas de som em reverbera?. O modelo de produ? de ve?los l?a Bahia serve de refer?ia para a Ford mundial. A montadora que n?quis ficar no RS porque o governo da ?ca tinha outras prioridades (secretas, ?erdade, porque s?desconhecidas at?oje) proporciona emprego, renda, infraestrutura nas ?as de transporte, educa?, sa?e comunica?s. Os beneficiados pela Ford s?os pr?os moradores dos munic?os de Cama?i e Dias D’vila, uma vez que 90% dos colaboradores da empresa vivem nesses munic?os. Na mesma ?ca em que o RS oficial rejeitou a Ford, institu?se em Porto Alegre o sistema de tra? animal, proporcionando a libera? do tr?go na capital ga? de 5 mil carro?. Os vi? ainda choram a morte da Ford no RS, mas, como disse no in?o, sempre h?utro lado. Perdemos dezenas de milhares de novos empregos, mas aumentou a venda de alfafa, incrementamos a fabrica? de arreios e surgiram montadoras desses estranhos ve?los que relincham. TEMPO RECORDE A Ford anunciou oficialmente sua inten? de instalar-se na Bahia no dia 16 de junho de 1999 e em pouco mais de dois anos, no dia 12 de outubro de 2001, a f?ica foi inaugurada e, no dia 3 de maio de 2002, saiu o primeiro carro da montadora, um Ford Fiesta, apresentado como modelo mundial. Em seis anos, a partir do in?o de sua produ?, a Ford montou no seu complexo de Cama?i 1 milh?de ve?los. CRESCIMENTO A partir da instala? da Ford, o PIB baiano n?parou de crescer. Em 2003, ano em que a montadora passou a produzir na plenitude de sua capacidade, o PIB da Bahia cresceu 20 vezes mais que a m?a nacional. Hoje, a produ? anual da Ford baiana ?e 250 mil ve?los, ou a cada 80 segundos um carro sai da linha de montagem. Quando os membros da fam?a ACM reivindicam a conquista da Ford, o governador Jaques Wagner (PT) responde assim: n?foi a Bahia que trouxe a Ford, mas o Rio Grande do Sul que a deixou ir. Na verdade, as duas opini?se completam. ISEN?O DE TRIBUTOS Das cr?cas aos investimentos do porte de uma GM ou de uma Ford, as mais candentes referem-se ao pacote de isen? de tributos recebidos pelas montadoras no RS e na Bahia. Estamos falando de guerra fiscal entre os estados brasileiros. Mas dar vantagens tribut?as ?montadoras at?ue n???ruim assim para as finan? p?cas, se fosse, certamente o governo do presidente Lula n?teria reduzido as al?otas do IPI para todas elas. FALTA PESQUISA As melhores pesquisas sobre a GM e a Ford ainda n?foram realizadas. Deveriam ser ouvidas apenas as popula?s de Gua?, de Gravata?de Cama?i e os governos do RS e da Bahia. S?es deveriam falar se tais montadoras s?fatores de progresso ou se s?apenas achacadoras de tributos e de vantagens sem nada darem em troca.