• Olavo de Carvalho
  • 26/03/2009
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DA MENTIRA IMPOSTURA

25/3/2009 - 22h18 Mentiroso compulsivo ?quele que, desmascarado, n?d? bra?a torcer: persiste na mentira, adorna-a de novos floreios, jura, esbraveja, argumenta, e tanto insiste que acaba deixando o interlocutor em d?a. Por?mais perverso ainda, um sociopata em toda a linha, ?quele que, em tal situa?, se faz de desentendido e continua falando no tom da maior normalidade e seguran? como se nada tivesse acontecido. A? mentira singular se transmuta em impostura permanente, estrutural, alterando de uma vez o quadro das rela?s humanas e quebrando, na alma do ouvinte, n?a confian?nesta ou naquela verdade em particular que ele julgava conhecer, mas no pr?o valor da verdade em geral. No primeiro caso, a mentira buscava imitar a verdade, parasitando o seu prest?o; agora ela se imp?or seus pr?os m?tos, como um valor em si, independente e superior ?erdade. Perplexo e atordoado pelo fasc?o da insanidade, o ouvinte se v?tra? para dentro de uma esp?e de teatro m?co, onde o pre?do ingresso ? abdica? n?s? poder, mas do simples desejo de conhecer a verdade. Pois bem, esse ? jogo criminoso, s?do e indesculp?l, que a “grande m?a” brasileira inteira, sem exce?, tem jogado com seus leitores desde que se tornou imposs?l continuar negando e ocultando, como o fizera ao longo de dezesseis anos, a exist?ia e o poder descomunal do Foro de S?Paulo. Agora, quando tocam no assunto que antes evitavam como ?este, nossos jornais o fazem no estilo distra? e anest?co de quem falasse de coisa banal e rotineira, que tivesse estado presente nas suas p?nas desde sempre, com a regularidade das colunas de turfe e das hist?s em quadrinhos. Seriam mais decentes e toler?is se persistissem na mentira, negando o ?o com aquela intensidade louca do fingidor hist?co, que grita e gesticula para persuadir a si mesmo daquilo em que, no fundo, n?pode acreditar. Entre o hist?co e o sociopata vai toda a dist?ia que medeia entre a paix?e o c?ulo, entre a doen?e a maldade, entre a explos?de um sintoma neur?o e o planejamento frio de um crime. Relatando a vida de Vanda Pignato, a militante comunista brasileira que acaba de se tornar a primeira-dama de El Salvador, a Folha de S. Paulo do dia 23 informa, de passagem, meramente de passagem, que a referida “participava das reuni?do Foro de S?Paulo, articulado pelo petismo e controvertido por j?er permitido a participa? das Farc (For? Armadas Revolucion?as da Col?a), convertida em narcoguerrilha”. N??ma belezinha? A mais poderosa organiza? pol?ca da Am?ca Latina, financiada por fontes misteriosas jamais investigadas, autora suprema da articula? clandestina que ludibriou povos inteiros durante uma d?da e meia e salvou o comunismo da extin? mediante o ardil de fazer-se de morto para assaltar o coveiro, de repente aparece como uma entidade normal, leg?ma como qualquer partido pol?co, s?gamente controvertida por ter permitido a participa? da narcoguerrilha colombiana! Como se o Foro tivesse se limitado a isso, em vez de prestar apoio un?me e incondicional ?Farc, acusando o governo colombiano de terrorismo de Estado! Como se entre as fontes de sustenta? financeira de um movimento t?vasto e dispendioso fosse dispens?l, pela origem esp?, o dinheiro do narcotr?co! Como se do Foro n?participassem tamb?outras organiza?s criminosas, por exemplo o MIR chileno, sequestrador de brasileiros, com direito a manifesta?s de solidariedade continental cada vez que um de seus agentes armados ?reso e enviado ?usti? Como se a mera exist?ia de um poder invis?l e onipresente, capaz de mudar a hist? de um continente sem que o p?co tenha a menor not?a do que est?contecendo, j??fosse em si mesma um formid?l concurso de crimes, a anomalia das anomalias, a aberra? das aberra?s! Nunca, fora dos pa?s comunistas onde a m?a ?ficialmente ?o de propaganda e desinforma?, os jornalistas jogaram t?sujo quanto na oculta? pertinaz do Foro de S?Paulo e na opera?-desconversa que se seguiu ?ueda do muro de sil?io. Mentir, eles mentiam antes. Agora partiram para o fingimento de segundo grau, a consolida? da impostura como um direito sagrado e um dever moral soberano, nada mais cabendo ao povo, diante desse ritual diab?o, sen?curvar-se em respeitoso sil?io, prostituindo e sacrificando ante um ?lo de papel os ?mos vest?os de dignidade que possam restar na sua alma exausta e entorpecida. Olavo de Carvalho ?nsa?a, jornalista e professor de Filosofia NOTA DA REDA?O Vanda Pignato A futura primeira-dama de El Salvador (assume em junho) ?ma brasileira, advogada de direitos humanos, militante do PT desde a d?da de 80 e amiga do presidente Lula. Ela vive naquele pa?desde 1992. Em 1993, no governo de Itamar Franco, assumiu a dire? do Centro de Estudos Brasileiros do consulado do Brasil. Mesmo sendo funcion?a do governo, Vanda participou de todos os encontros do Foro de S?Paulo na Am?ca Central.