CHOVENDO NO MOLHADO
A Par?la do Bom Samaritano ?m dos trechos mais conhecidos do Evangelho de Lucas. Ela relata o caso de um homem que, depois de assaltado e espancado, foi jogado semimorto ?eira da estrada. Passaram por ali um sacerdote e um levita, mas se dependesse de qualquer deles o infeliz morreria abandonado. Um samaritano, todavia, condoeu-se ao v?o e o recolheu levando-o a um albergue onde custeou seu atendimento. A par?la trata do amor ao pr?o, para mostrar que ele impele ?? concreta perante os necessitados.
Diante do que tenho visto e ouvido a prop?o dos deputados que mantinham albergues (tratados pejorativamente como “albergueiros”) presumo que circule por a?utra vers?da par?la, na qual se descobre que o samaritano era pol?co e acabou ardendo no inferno por sua inaceit?l pr?ca. O fato de um deputado manter um albergue, com recursos pr?os ou obtidos junto a fontes privadas de custeio, ?ausa para perda de mandato? Que mundo! Vi um desses locais ser exibido na tev?om tons de coisa sorrateira, quase como se fosse um desmanche de autom?s. Ser?tico, atende ao bem, determinar que um albergue com dez anos de atividade feche em per?o de elei?? “Agora v?dormir na pra?”? Convenhamos. Em resumo: pol?cos estariam liberados para conseguir votos at?azendo o mal, mas ai deles se ousarem obt?os fazendo o bem. O TSE parece restaurar o bom senso, enfim.
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Reconhe?o quanto ?xcitante ?pini?p?ca a imagem ou o ?io de algum figur?apanhado em situa? constrangedora. Se a intimidade dos inc?tos de ontem e de amanh?o BBB desperta tanta curiosidade nacional, imagine-se o grau de interesse suscitado pelos mandachuvas e sopraventos da p?ia. ?normal. O que n??ormal ? conjuga? daquilo que o editorial de ZH da ?ma ter?feira denominou de “bisbilhotice” com a espionagem por motivos pol?cos. Temos tido disso com inadmiss?l freq?ia.
Transpar?ia ?om, mas bisbilhotice ?esvio moral, fofoca ?onduta antissocial e espionagem ?rime. Embora a informa? e o esclarecimento da opini?p?ca sejam importantes para a democracia, certas a?s a prejudicam por dois caminhos: seja levando ?ulidade formal dos processos, seja servindo a projetos pol?cos totalit?os, constru?s mediante instrumentos marginais ?ei.
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Para a comprova? do que aqui escrevi dia 1º de mar?sobre os “arrependimentos” dos s?os dos regimes comunistas, foram necess?os poucos dias. Os pr?es cubanos Carlos Lage e Felipe P?z Roque, ca?s em desgra? cumpriram no ?mo dia 5 o ritual stalinista, enviando cartas de arrependimento e jurando fidelidade a Fidel, a Ra? ao partido. T?em, to sabendo.
J? declara? do pugilista Erislandy Lara levou apenas alguns minutos para cair em descr?to. Lara falou ?lobo que o pr?o presidente Lula se interessara por eles, indagando-lhes se desejavam permanecer no pa? T?logo veiculada a mat?a, o Planalto negou o fato e afian? que Lula jamais falou com os rapazes. Pode? Pode. ?preciso conhecer a alma do povo cubano, ap?0 anos de comunismo, para entender que pode. Formado na escola da submiss?imposta pelo regime, o boxeador produziu uma declara? no formato daquilo que, em Direito, se chama “ultra petita”. Ou seja, exagerou na dose. Para agradar ao poder, foi al?do que lhe pediram para dizer. Tipo assim: Fidel ?ovem, saud?l e bondoso, entende?
ZERO HORA, 15/03/2009