• Olavo de Carvalho
  • 27/02/2009
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CALE A BOCA, FARSANTE! - Di?uo do Com?io

Os comunistas s?os mais frequentes usu?os do termo “fascista” para queimar a reputa? dos seus advers?os, mas sabem bem que lhes falta a mais m?ma autoridade moral para isso. Em entrevista divulgada pela ag?ia Carta Maior, Jos?u?Del Roio, 65, brasileiro transfigurado em senador na It?a pelo Partido da Refunda? Comunista entre 2006 e 2008, protesta contra a insist?ia do governo italiano em obter a extradi? de Cesare Battisti: O Brasil n?pode entregar um homem inofensivo a um governo fascista, diz ele. Del Roio adverte que o governo Berlusconi est?razendo o fascismo de volta ?t?a e tentando criminalizar como terroristas os her?da luta revolucion?a comunista. A imagina? popular est??bem adestrada na deforma? gramsciana do senso das propor?s, que poucas pessoas notam o grotesco da situa? quando um comunista adverte contra os perigos do fascismo italiano. Como o leitor pode observar no meu artigo anterior, o regime de Mussolini nem mesmo entra na lista dos poderes genocidas que marcaram o s?lo 20 como a etapa mais sangrenta da hist? humana – lista na qual os governos comunistas da URSS e da China s?respons?is por mais da metade do total dos assassinatos em massa praticados por autoridades estatais contra suas pr?as popula?s civis. Os comunistas s?os mais frequentes usu?os do termo fascista para queimar a reputa? dos seus advers?os, mas eles sabem perfeitamente bem que lhes falta por completo a mais m?ma autoridade moral para isso, n?s?lo fato de que o uso monstruosamente el?ico que d?ao termo acaba por esvazi?o de qualquer sentido identific?l, rebaixando-o a mera express?subjetiva de ?s irracionais, mas tamb?porque, comparado aos feitos homicidas do comunismo, o fascismo italiano, por mais repugnante que seja em si mesmo, come?a parecer um hotel de cinco estrelas. A despropor? entre as culpas do acusador e as do acusado ?amanha, que a ?a resposta cab?l ao sr. Del Roio ?Cale a boca, farsante! Todo comunista, e o sr. Del Roio n?constitui exce?, ??ice moral dos crimes mais hediondos j?raticados contra a esp?e humana, e est?por defini?, exclu? do rol das pessoas decentes cuja opini?merece ser ouvida com aten? e respeito. A dist?ia entre o governo Berlusconi e o fascismo ?ma coisa t??a que s?a mente deformada n?consegue enxerg?a. Para o sr. Del Roio, por? o mero sentimento de incomodidade que afeta os italianos quando v? a imigra? usada como instrumento de ocupa? cultural j? uma prova inequ?ca de fascismo. Mas mesmo que o gabinete Berlusconi estivesse repleto de camisas-negras e cantasse Facceta nera no in?o de todas as suas sess? sua periculosidade seria quase nula em compara? com as tradi?s que o pr?o sr. Del Roio representa. Nessas condi?s, a simples disposi? de discutir as opini?dessa criatura num jornal respeit?l j?, de certo modo, corromper a opini?p?ca, cegando-a para os verdadeiros termos da equa? em jogo. Nenhum comunista tem o direito moral de falar em liberdade, direitos humanos e coisas dessa ordem – nem mesmo quando, na falsidade geral do quadro que ele impinge ao p?co, alguns fatos se destacam como verdades isoladas. Mas na entrevista do sr. Del Roio n?h?em mesmo verdades isoladas. Ele considera um esc?alo, por exemplo, que o governo italiano tente neutralizar velhos conflitos hist?os recusando-se a endossar a distin? manique?a que transforma todos os fascistas em dem?s e todos os partiggiani comunistas em her?ang?cos. Como militantes comunistas, os partiggiani carregavam nas costas mais crimes de assassinatos em massa do que Mussolini ousaria sequer imaginar. Se, no contexto local e moment?o, lutavam ao lado de democratas sinceros contra um regime autorit?o, isto n?faz deles combatentes pela liberdade, mas apenas aproveitadores que tentaram se utilizar de uma alian?com os democratas para substituir o mero autoritarismo de Mussolini pelo totalitarismo de Stalin. N?h??to nenhum nisso. H?penas hipocrisia e cinismo, exatamente como nos terroristas brasileiros pagos e treinados por Fidel Castro para trocar o autoritarismo brando e hesitante dos nossos militares por um regime de fei? cubana, com um agente da pol?a secreta para cada 28 habitantes. Quando a ag?ia Carta Maior divulga a entrevista do sr. Del Roio sem dar ao leitor a m?ma ideia do contexto hist?o em que se inserem as suas palavras, ela faz propaganda comunista e desinforma?. N?discuto, por demasiado c?ca, a tentativa que o entrevistado faz de classificar o autor de quatro assassinatos como “homem inofensivo”. Nem discuto a compara? que ele monta entre Cesare Battisti e os governantes estrangeiros exilados no Brasil, Marcelo Caetano e Alfredo Stroessner. No caso deste ?mo, a compara?, embora juridicamente despropositada, ?uase justa do ponto de vista moral. No de Marcelo Caetano, que jamais foi um ditador, mas apenas herdeiro acidental de uma ditadura que ele tentou abrandar por todos os meios, ?otalmente absurda. Mas, nos dois casos, equalizar chefes de Estado com um assassino j?ondenado pela justi??bviamente capcioso. Nenhum desses dois pol?cos estava condenado com senten?transitada em julgado, que ?recisamente o caso de Battisti – um homem que seus pr?os companheiros de milit?ia repelem como assassino feroz indigno de piedade. No mesmo momento em que a Carta Maior espalha a mensagem do sr. Del Roio como se fosse uma defesa sincera dos direitos humanos, come?em Phnom Penh o primeiro julgamento de um genocida comunista – um dos l?res do Khmer Vermelho –, com meio s?lo de atraso e sem a mais m?ma repercuss?na m?a internacional. O esfor?pertinaz da classe jornal?ica em toda a parte para ocultar os crimes comunistas sob espantalhos de ocasi?como o fascismo italiano ou o ex-ditador chileno Augusto Pinochet ?em si mesma, um crime contra a humanidade. Mas esse crime j?e tornou t?rotineiro que j?ingu?mais o percebe como tal. PS - Aviso recebido do historiador Carlos Azambuja: Jos?uiz del Roio fez um curso de luta armada em Cuba, em 1968/1969, sob o codinome de Barba Ruiva, quando militante da ALN. * Ensa?a, jornalista e professor de Filosofia