• Percival Puggina
  • 20/06/2022
  • Compartilhe:

Cada um “milita” no que quiser, mas Educação não é para isso.

 

Percival Puggina

 

A providência legislativa barrando a linguagem neutra nas escolas de Porto Alegre fazia-se mais do que necessária. Era uma questão de respeito à lei, aos colegiais e à tarefa de educá-los. Ninguém nega o direito de cada um “militar” nas causas em que crê. Mas Educação é coisa séria e o educando demanda responsabilidade de quem se propõe a fazê-lo sendo pago para isso.

A linguagem de gênero não é uma forma de comunicação moderninha nem um suposto avanço na dinâmica da linguagem como astutamente afirmam aqueles que a pretendem difundir. Longe de ser um fim em si mesma, ela introduz de modo prematuro e prejudicial a temática da ideologia de gênero nas escolas. Foi pensada como uma gazua estratégica para abrir o ferrolho estabelecido nas incontáveis vedações legislativas a essa ideologia nos três níveis de organização da Federação.

Não posso escrever sobre o assunto sem dizer que percebo a forma insidiosa como certas seitas políticas vão capturando fieis e fazendo cabeças, mesmo que, para profaná-las, seja preciso usar o privilegiado espaço das salas de aula durante inteiros anos letivos. As consequências são visíveis nos deprimentes resultados do nosso sistema de ensino e nos espaços em que tais seitas “militam”. Enquanto as estatísticas reafirmam isso em frequência anualizada, os pais o constatam nos problemas que estão enfrentando.

Na última sexta-feira, foi publicada no Diário Oficial a sanção do prefeito da capital gaúcha ao projeto que proíbe a linguagem neutra nas escolas e na comunicação da municipalidade.

O projeto tem a autoria dos vereadores, Fernanda Barth (PSC), Hamilton Sossmeier (PTB), Alexandre Bobadra (PL), Nádia Gerhard (PP), Ramiro Rosário (PSDB) e Tanise Sabino (PTB), Jessé Sangalli (Cidadania). Meu aplauso à maioria da Câmara Municipal, aos autores do projeto e ao prefeito.

É óbvio que os militantes não desistirão. Eles jamais desistem e é por isso que avançam em seus intentos valendo-se da passividade natural das famílias e das instituições.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


Renata Cruz e Castro -   24/06/2022 08:36:48

Bom dia, farei breve relato de minha vida. Nasci em 1959, no interior de Minas. Tive uma infância pobre mas segura e com amor. Estudei em uma escola chamada de escola municipal industrial. Lá tínhamos aula de OSPB,EMC,Técnicas agrícolas e Artes industriais. Aprendi conceitos básicos de agricultura plantavamos, colhiamos e fazíamos compotas com frutas e picles de legumes. Aprendi também noções de artes, fiz vários adornos, inclusive guardo com carinho uma peça que fiz aos 11 anos. Aprendi como era a organização da nossa sociedade e política. Aprendi noções básicas de cidadania, me lembro bem da minha professora ensinando que papéis de bala não devem ser jogados ao chão e outras noções de civilidade. Tudo isso durante o regime militar. Meu pai como disse, era pobre não tinha nem 2° grau completo quando se casou. Pois ele estudou, completou o ciclo, posteriormente fez um concurso público, aprovado com louvor(1° lugar em MG) muito inteligente, não sei se devido ao nome:Darwin... Alguns anos depois fez faculdade de direito, numa cidade próxima, onde morávamos não havia faculdade. E assim com muito esforço conseguiu formar um patrimônio. Quando cheguei à idade adulta e produtiva os civis retomaram o poder. Aí que a coisa desandou: Sarney Collor, inflação de 80%, corrupção, escândalos, e para piorar veio o PT que se instalou no poder durante anos. Formei uma família, mas não um patrimônio, pois a inflação corrompia nossas finanças. Mas o que gostaria de enfatizar é o quanto foi importante pra mim e julgo que seria uma ótima providência retomarmos as matérias OSPB e EMC, ao invés de aulas de ideologia de gênero e outras bobagens que vemos hoje. Escreva sobre isso, Percival, acho que seria vital para o futuro retomar essas matérias. Te admiro muito e rezo por sua saúde e tranquilidade. Tenha um ótimo dia, Att Renata Cruz

MARIA INÊS DE SOUZA MEDEIROS -   21/06/2022 21:18:02

Excelente artigo Pugginna. Linguagem neutra, nas escolas, nada mais é do que uma maneira insidiosa de incluir a ideologia de gênero no currículo. Cada um que viva do seu jeito, mas não venham incutir ideologias nas escolas, e não ofendam mais a última flor do Lácio já tão maltratada.

carlos edison domingues -   20/06/2022 19:01:00

PUGGINA Numa oportunidade proporcionada pela Câmara de Vereadores de Santa Maria fui para a Tribuna, solidário à Vereadora Roberta Leitão, para combater esta ideia. Carlos Edison Domingues

José Rui Sandim Benites -   20/06/2022 18:01:07

A educação não é uma brincadeira. É necessário pontualidade, assiduidade, responsabilidade e professores comprometidos a ensinar o conteúdo que leciona. A ideologia política não é para Escola. Infelizmente, alguns professores vão nesta direção, que não educa. Haja vista, que a educação tem que ser crítica. Não existe a pedagogia do prazer. Quer prazer vai para praia, parque de diversão, circo, cinema, etc.

Menelau Santos -   20/06/2022 15:18:42

Cada vez mais, à medida que se esvazia o conteúdo ensinado do que presta nas escolas, o conteúdo daquilo que não presta vai avançando.

Decio Antônio Damin -   20/06/2022 13:10:53

O ensino da nossa língua tem atingido os níveis mais baixos, a tal ponto de os candidatos á estágios serem nela reprovados em torno de 75%...! Escrever, e ler em voz alta deveriam ser matérias obrigatórias pois são práticas imprescindíveis ao bom uso da língua portuguesa. Para mim a supressão de acentos e a tentativa geral de simplificação só fez empobrecê-la...! Essa última tentativa está tentando ridicularizá-la. Parabéns aos que a rejeitam.