• Revista Veja
  • 21/04/2009
  • Compartilhe:

ABATIDO PELO RADICALISMO

Alexandre Oltramari Em 25 anos de exist?ia, o Movimento dos Sem-Terra (MST) raras vezes teve seus m?dos ilegais reprimidos pela for?das leis. A ofensiva mais contundente vinha sendo realizada no Rio Grande do Sul, ber?do movimento, pelo promotor de Justi?Gilberto Thums. Filho de pequenos agricultores e ex-delegado de pol?a, Thums obteve oito vit?s contra o MST no ?mo ano. Conseguiu, com a?s na Justi? impedir marchas para invadir ?as predeterminadas; fichou criminalmente invasores; proibiu integrantes do grupo de se aproximar de glebas produtivas. Em sua batalha mais recente, convenceu o governo ga? a colocar na clandestinidade as escolas itinerantes do MST – vers?sem-terra das escolas mu?manas, conhecidas como madra?s, que fabricam terroristas dispostos a dar a vida em nome do Isl?O fim da doutrina? revolucion?a com dinheiro p?co produziu uma avalanche de protestos contra o promotor. Thums foi acusado de nazismo e demonizado por supostamente impedir o acesso de crian? ?duca?. Acuado, anunciou que est?eixando o caso. Cansei. Essa luta n?pode ser apenas minha. Se ela n?for de todos, n??e ningu? diz Thums. O AVAN? E O RECUO Gilberto Thums desistiu de tentar conter a barb?e do MST: Se a luta n?for de todos, n??e ningu? Os ataques contra o promotor surgiram de todas as partes e seguiram os mais diversos m?dos, da intimida? ?mea? Em Bras?a, o Minist?o do Desenvolvimento Agr?o, ?o do governo aparelhado pelo MST, enviou uma representa? ao Conselho Nacional do Minist?o P?co acusando a institui? de afrontar direitos fundamentais das crian? ao tentar extinguir as escolas do MST. H?uas semanas, ao participar de uma audi?ia p?ca, o promotor foi recebido por 200 crian? cantando o hino do movimento e com c? do Estatuto da Crian?e do Adolescente nas m?. A claque o deixou constrangido. A Comiss?Pastoral da Terra (CPT), bra?da Igreja Cat?a que d?ustenta? ao MST, atacou em outra frente. Pela internet, lan? uma campanha mundial que soterrou o correio eletr?o do promotor. Thums, descendente de austr?os, foi comparado a Adolf Hitler, para citar apenas as mensagens menos hostis. A ofensiva tamb?se deu em outras esferas. Nas ?mas semanas, segundo o promotor, cinco mensagens de voz com grava?s de suas conversas telef?as lhe foram enviadas, num ind?o claro de que ele est?endo monitorado sabe-se l?or quem. Al?disso, ele diz ter sido v?ma de um atentado, quando um carro tentou atropel?o na rua. N?existem evid?ias materiais de que o MST esteja no leme do atentado ou da intercepta? telef?a, mas, se a suspeita do promotor estiver correta, isso n?seria nenhuma novidade. Documentos internos do movimento apreendidos nos pampas revelam que a?s criminosas h?uito integram a cartilha dos sem-terra. Seus manuais ensinam a saquear fazendas, destruir provas que os incriminem, fabricar bombas e fraudar os cadastros do governo. As escolas itinerantes, colocadas na clandestinidade pela a? do promotor, s?o laborat? no qual o movimento configura suas crian? para a guerra. Ningu?sabe seu n?o exato. No Rio Grande do Sul, onde desde fevereiro passado elas deixaram de integrar a rede p?ca, eram doze, com cerca de 400 alunos entre 7 e 14 anos. H?inco anos, VEJA visitou duas delas, ambas no Rio Grande do Sul. A reportagem constatou que os alunos celebram a revolu? chinesa, a morte de Che Guevara e o nascimento de Karl Marx. O Sete de Setembro, Dia da Independ?ia, para eles ? Dia dos Exclu?s. Nas aulas de teatro, carregando bandeiras do MST, crian? entoam gritos de guerra e conclamam para a revolu?. A defesa de escolas p?cas para filhos de sem-terra parece paradoxal quando se leva em conta a raz?de ser, pelo menos te?a, do MST. O movimento que diz defender a inclus?econ?a e social dos desvalidos exige que a sociedade continue financiando escolas que, em vez de incluir, acabam por excluir e segregar seus filhos. Eles s?diferentes mesmo. Muitos n?t?sapatos nem como chegar a uma escola tradicional. Esse promotor ?m grande capitalista, um baita tradicionalista. Ele persegue o MST, diz o padre Rudimar Dal’Asta, coordenador da CPT no Rio Grande do Sul. O padre alega que o car?r n?e dos sem-terra impede suas crian? de frequentar uma escola p?ca comum. Nada disso, por? justifica a doutrina? guerrilheira promovida nos centros de treinamento itinerantes do MST, muito menos o fato de ela ser mantida com o dinheiro dos contribuintes. Com a deser? de Gilberto Thums, outros promotores dever?ser escalados para continuar atuando nos tribunais contra ilegalidades e abusos promovidos pelo movimento. O MST tamb?promete continuar doutrinando suas crian? com ou sem os recursos do governo – embora reconhe?que ?em mais f?l fazer a revolu? com uma ajudazinha dos cofres oficiais. Um dos empecilhos, o promotor, o movimento j?onseguiu abater.