• Percival Puggina
  • 11/08/2015
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A VELHA IRRESPONSABILIDADE E O "NEOLIBERALISMO"

 

 O economista e auditor Darcy Francisco Carvalho dos Santos tem sido um apóstolo da responsabilidade fiscal no Rio Grande do Sul. Há anos vinha alertando para a crise que adviria neste horizonte de 2015 como inevitável ponto de chegada para quem se abraçasse à estupidez de crer, diante da contabilidade pública em vermelho, que "o governo tem a obrigação de dar um jeito e arrumar dinheiro". Como se o governo tivesse um real que pudesse chamar de seu! E como se todo centavo arrecadado não saísse dos nossos bolsos!

 Suas advertências caíram no vazio do mais solene desprezo. A velha irresponsabilidade não silencia sequer diante da destampada dureza de um Estado que não dispõe de recursos para pagar pontualmente seus servidores e que, a cada dia, precisa fazer a escolha de Sofia dentre as muitas e justas demandas de custeio e de seus fornecedores. "O governador tem que dar um jeito" é a frase que pretende ser expressão de sumo saber administrativo e fiscal. E ai de quem ouse propor soluções! Imediatamente recebe o rótulo de neoliberal, como vem acontecendo com o economista e auditor Darcy Francisco, autor de três livros sobre a crise fiscal do RS.

 Na resposta que enviou a um jornalista da praça que lhe pespegou o mencionado rótulo para desqualificar as propostas contidas em seus livros, ele alinhou, mais uma vez, o conjunto central de suas sugestões. Vale a pena reproduzi-las e trazê-las à reflexão da sociedade e dos líderes políticos do RS. A lista de providências, que sintetizo abaixo, é antecedida pela pergunta: "Estas propostas são 'neoliberais'?".

• Reforma da previdência, visando a corrigir o problema das aposentadorias precoces, sendo a metade com 50 anos de idade mínima e ¼ sem sequer essa exigência. Nos países ricos, sociais-democratas, as pessoas estão se aposentando com 65 ou 67 anos;

• Adotar novos critérios da pensão por morte. Hoje, uma pessoa jovem com todas as condições para trabalhar pode ficar até 50 anos ou mais, dependendo da situação, recebendo uma alta remuneração paga pelo contribuinte;

• Alterar o plano de carreira do magistério, um plano da década de 1970, o mais velho do País, anterior à vigência de LDB, que define carreiras que não existem mais e que só vai pagar um salário melhor para o professor no final de sua carreira, quando ele está deixando a sala de aula.

• Adotar plano de aposentadoria complementar, providência que o Estado mais rico do país, São Paulo, e a União, já adotaram, sendo que a União adotou essa providência em pleno governo petista.

• Alterar o acordo da dívida, visando pagar menos e zerar o saldo devedor;

• Rever os altos salários iniciais e algumas categorias, como condição para pagar melhor outras que recebem muito pouco;

• Extinguir a licença-prêmio, um privilégio vergonhoso do servidor público, já revogado na União, e que muitos órgãos de elite no RS pagam em dinheiro;

• Alterar as regras das incorporações das funções gratificadas na aposentadoria, passando para a média em vez da última. Isso é uma regra aprovada pela reforma previdenciária de 2003, do presidente Lula.

• Evitar a concessão de reajustes salariais reais. Se o Estado não está conseguindo dar nem a inflação, como vai dar aumentos reais?

• Conter o crescimento das outras despesas correntes. Para quem não sabe, isso é economizar no consumo, exatamente como fazemos na nossa casa, quando o dinheiro escasseia.

• Mudança no pacto federativo, visado melhorar a distribuição das receitas.

Ser contra isso significa ser a favor da velha irresponsabilidade e do caos fiscal porque foram essas (e outras) políticas demagógicas e populistas que levaram o RS à vexatória situação atual.
 


Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   14/08/2015 17:26:21

É, parece que o Rio Grande aguerrido de outrora se deixou encantar facilmente pelo conto do Estado benevolente, tutor de todos os anseios e necessidades. Faz tempo que a onda comuno-petista, originada inicialmente aí na Região Metropolitana, vem se alastrando por todo o território gaúcho, se apoderando de corações e mentes que, de maneira cada vez mais acrítica e acomodada, vão absorvendo e cristalizando a ideia de que tudo depende da política, do governo e do Estado. E não vai ser da noite para o dia que vamos conseguir reverter todo um processo que, ao longo de décadas, fomos deixando que acontecesse.

Gustavo Pereira dos Santos -   14/08/2015 05:34:32

A retomada do crescimento do RS coincidirá com a queda do PT. A gauchada medonha é responsavel pelo sucesso do agronegócio no Brasil: PR, MS e RO, p.ex. A criação da EMBRAPA (Alysson Paulinelli, Cirne Lima, etc) foi um dos acertos do governo Geisel. Quando a BLM-BSA ficou pronta, no meio do nada, perto de Imperatriz, havia uma inacreditavel oficina arrumada, limpa e eficente. Era de um gaúcho. Sempre fui muito bem tratado no RS e segue meu agradecimento e homenagem ao 20 de setembro: https://www.youtube.com/watch?v=m7HLey_08Go

Gustavo Pereira dos Santos -   13/08/2015 19:56:58

Sou carioca, conheço PAE desde 1973, aqui resido desde 1988. Acompanhei a decadência do RS e a ascensão do PR: faz tempo que o PR ultrapassou o RS. O próximo será SC, assisti o governador Colombo no Canal Livre. Um beleza, foi reeleito no 1º turno, está diminuindo o tamanho do Estado. Se mais não fez é por causa do ranço esquerdopata. Os manezinhos catarinenses valem mais do que pensam que valem, enquanto os gaúchos ... e o RS tem grandes fronteiras com a Argentina e o Uruguai (haja peronismo e mujiquismo).

Genaro Faria -   13/08/2015 10:25:27

Faz tanto tempo que eu não argumento com comunistas que esse desperdício me fugiu da memória. Mas quem está na chuva não escapa de se molhar. E como chove aqui! O Brasil é um país tão atrasado que até hoje leva o comunismo a sério. Não é à toa que o pentacampeão do mundo deu o maior dos vexames de todas as copas, em casa, fez de Lula presidente e mandou Dilma tomar um refresco de caju. Com flor de maracujá. Toma já. E leve essa oferenda pro mar, Iemanjá. Economia? Esqueçam. O bando que Lula instalou no palácio rouba até lençol de fantasma. Que não reclama para não ficar desmoralizado. Poderia. Bobagem dele achar que ainda pode assustar alguém. No Brasil de Lula nada mais me assombra. Nem a Graça Foster, que no berçário recebeu uma etiqueta no peito: ESTE LADO PARA CIMA.

Genaro Faria -   13/08/2015 04:53:41

Nós já fomos longe demais. De míseros 6% por cento até 97% que reprovam o governo do PT qualquer agência de risco nos daria a nota máxima de crédito. Seríamos citados não como um exemplo, mas muio mais, como um fenômeno. Talvez até saíssemos para festejar na rua aquele alegria que nos invadiu quanto vencemos pela primeira vez o campeonato do mundo de futebol na Suécia. Mas desta vez a taça que conquistamos com tanto orgulho - e que tantos caminhos abriu para nossos atletas no mundo - se eriçou como um dedo apontado contra a falácia de que nosso país só começou a existir quanto o PT chegou ao poder. Sejamos sinceros, meus compatriotas, já que a patrulha dos donos da verdade nos qualifica como hereges, infiéis, e admitamos que nós somos a minoria irrelevante da população. São eles, os revolucionários que furtam até o lençol de um fantasma, os protagonistas de uma tragédia da qual nós nem sabemos que somos figurantes. Agora corta. É preciso que outro cenário ilustre o enredo sem o qual ele seria uma consequência sem causa. A ascensão do PT ao poder resulta de uma insidiosa doutrinação marxista que jamais foi afrontada pelos militares. Nem pelos civis que os assessoravam. Só muito sabiam de estratégia, dos meios para atingir o fim. Que não seria mais pelo confronto armado, mas pela infiltração que implodiria o inimigo pelas entranhas. Mas isso requer um certo grau de sofisticação. Não é para o bico de uma Lula ou de um Zé Dirceu. É para um Fernando Henrique Cardoso. Um "príncipe dos sociólogos", não um "sapo barbudo" que disputava com Brizola a herança do sindicalismo vinculado ao Estado. É por isso, em nome "da história emocionante de um operário que chegou ao poder ", que o "príncipe" defende o mandato de Dilma, "uma pessoa honrada". E sem deixar de advogar a impunidade de Lula, muito embora a ele atribuindo toda culpa pela crise em que o país se meteu, ele ainda insiste na farsa de uma "oposição a favor" da situação. Mas o Brasil, intuitivamente, percebeu que os políticos não o representam. E resolveu ser cidadão.

Roberto -   11/08/2015 15:43:39

Parece que a Grécia é aqui....que os outros estados e, sobretudo o governo federal, aprendam com essa lamentável situação que o Rio grande passa....uma lástima....

hermes de souza do rego -   11/08/2015 15:12:08

Concordo. Administração séria e responsável é o mínimo da obrigação de qualquer governo, pois lida com o dinheiro dos outros: o nosso. Tenho acompanhado e aprendido muito com os seus artigos Sr Puggina, obrigado.

Odilon Rocha -   11/08/2015 14:31:38

Caro Professor Verdade seja dita: quem bota irresponsavelmente o dedo na tomada... . Ou o gaúcho é eletricista ou finge ser eletricista ou é tolo mesmo. Que aguente o choque! Lições, felizmente, só se aprendem assim. Abraço

Julio Rosais -   11/08/2015 13:44:11

Eu sou contra a incorporação de funções gratificadas na aposentadoria. A função gratificada serve a um propósito: compensação pelo aumento de responsabilidades no exercício de cargos de assessoria ou direção. Se o cidadão se aposentou, não tem por que incorporar tal função em sua aposentadoria.

RICARDO MORIYA SOARES -   11/08/2015 13:34:36

Mestre, volto a bater na mesma tecla: nossa imprensa (a Grande Mídia Tupiniquim) é diretamente responsável pelo estado lastimável da nação - pode nem ser a principal responsável, mas certamente é a manipuladora mor, e a primeira e última linha de defesa do projeto de implementação do socialismo no Brasil. No caso flagrante da insolvência das contas públicas do outrora respeitável Estado do Rio Grande do Sul, me pergunto qual a razão de terem omitido, ou mesmo criminalmente negligenciado a real situação das contas públicas? Tudo bem, o cidadão (milhares de servidores estaduais, para ser mais preciso!) mais esclarecido deveria estar ciente do tamanho do buraco em que o Estado se encontrava, mesmo assim ainda teve a audácia de votar novamente num partido que sequer escondia seu viés totalitário-comunista... e agora se sente traído e promete descontar sua frustração na população como um todo; em suma, não há respaldo nenhum de inocência presumida em boa parcela da população, mas temos sim a configuração de uma conspiração nefasta da imprensa local, um acobertamento vergonhoso do precipício das contas públicas . O cidadão tem culpa no cartório sim, entretanto a manipulação midiática contribuiu severamente para o desenrolar da tragédia dos salários públicos em 2015; seria cabível uma velha indagação: não seria o papel do jornalista investigar, questionar as decisões tomadas em gabinetes muito bem decorados e refrigerados? Ou então ele se tornou parte da decoração? No decorrer de 2016-17 vários outros Estados da União enfrentarão dilemas semelhantes aos enfrentados pelo Rio Grande do Sul, é apenas uma questão de tempo - e de queda vertiginosa na arrecadação! Então Mestre Puggina, peço-lhe um grande favor se possível: no hangout de hoje, mencione o papel nefasto da Grande Imprensa em proteger o comuno-petismo custe o que custar. Muito Obrigado!