O preâmbulo da Constituição Federal do Estado Unidos da América começa por essa simples e simbólica sentença: “nós, o povo”.
O brasileiro, acostumado a ver o governo, os políticos, os empresários amigos do poder terem a preferência, o melhor lugar à mesa, enquanto olhávamos o Brasil de longe, sem imaginar que no entorno central do aquário que é Brasília, existíamos todos nós, o povo.
Em 2013, timidamente ensaiamos os primeiros passos, nossa primeira caminhada às ruas após muitos anos. Há época, a pauta era o aumento das passagens dos ônibus urbanos. Alguns pequenos grupos, com alas radicais infiltradas, como os black blocs, se misturaram ao povo, causando depredações, violência e constrangimento.
Era uma tentativa de minar o povo, de não permitir que as pessoas fossem ouvidas. O movimento ganhou corpo, ganhou pauta e ganhou às ruas. Poucos meses depois, milhares de pessoas pediam por “saúde padrão Fifa”, por educação, segurança e o fim da corrupção.
Os anos se passaram, e as manifestações também. O povo aprendeu a protestar e a cobrar. Fomos às ruas para pedir o impeachment de uma presidente incompetente, de um partido corrupto e de pessoas que destruíram o país.
O povo foi maior que o governo, o povo foi maior que os políticos, maior que os empresários. Nós, o povo, aprendemos a protestar.
No último dia 26 de maio, um novo e histórico capítulo foi aberto. Nós, o povo, agora estamos aprendendo a manifestar, a pedir, a cobrar dos parlamentares que votem e apoiem pautas positivas, pautas que sejam boas para o desenvolvimento do Brasil.
De forma espontânea, sem partidos, sem CUT, MST, MBL, UNE, UBES, ONG, sem Lula Livre, bandeiras vermelhas ou estrelas amarelas, apenas pessoas, apenas o povo de verde e amarelo clamando pela aprovação da Nova Previdência e do pacote Anticrimes.
Pode não ter sido a maior, a mais organizada, mas foi a primeira. Foi a primeira manifestação vista no país em torno de uma pauta positiva, a primeira manifestação totalmente natural e vinda da sociedade, sem grupos de interesse ou capital financeiro interessado. Apenas nós, o povo.
* Cientista Político e mestre em Comunicação.
** Publicado originalmente em
https://www.zewestphalen.com.br/2019/05/we-people-nos-o-povo.html