• Adriano Marreiros
  • 23/06/2022
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Sem meritocracia: sem democracia...

Adriano Marreiros

Nada supera o talento. (Antiga propaganda   da Escola Superior  de Propaganda e Marketing

 

         Estou assistindo “Entre Lobos” do Brasil Paralelo.  Fantástico (de verdade, não como aquele que é só no nome), recomendo, mas esse não é o assunto de hoje.  Algo que eu soube há pouco merece uma crônica imediata.   Incrível o que fizeram com meu amigo.  Preciso falar: não conseguiria dormir sem expressar essa revolta de alguma forma.

Você já viu a Capela Sistina?  Imagina o seguinte, se em lugar de escolher o melhor de todos (aquele que chegam a chamar de “O Divino”), em vez de considerar as habilidades do artista, a excelência de seu trabalho, Julio II pensasse: tem florentino demais na arte, isso é opressivo.  Precisamos escolher alguém que não seja da Toscana e nem tenha estudado lá. 

E você torce pra que time? Imagina que você é o técnico desse time do coração.  Você vai barrar o artilheiro do campeonato pra dar chance a outros, só porque até então ainda não tinham sido escalados?

Curte Rock and Roll?  Puxando a brasa pra minha sardinha – sou baterista – você acha que Led Zeppelin, Rush e The Who seriam o que foram se tivessem dispensado Bonham, Peart e Moon?

Talento, força de vontade e obstinação não são privilégio deste ou daquele grupo.  Na arte, no esporte e na música, por exemplo, encontramos profissionais e destaques de todas as origens.  Fui Oficial do Exército e vi indicados para engajamento, curso de Cabo e Sargento Temporário de todas as origens.  Nas Agulhas Negras, tive colegas que recebiam aquele soldo baixinho e mandavam quase tudo para ajudar os pais.  Sei que na ESA também era assim.  Quem passou por lá, quem conhece o povo brasileiro de perto, conhece esses casos.  Tinham entrado por concurso competindo com gente que fizera cursinhos caros.

Vilanizar o mérito nada resolve.  Significa deixar de investir em aperfeiçoar quem não tem certas oportunidades e tentar criar dependência, fingindo resolver.  Meu amigo Bernardo, esta semana, criticou  duramente uma baboseira que não tinha mérito para ser matéria de jornal, mas estava ali: “Por que chegar em último lugar em competições esportivas faz bem para o corpo e a mente”, assim mesmo, sem pontuação ao final: mais demérito ainda... 

Ah, chega!!!  Nem escrever bem eu consigo hoje diante da injustiça que fizeram com outro amigo, aquele lá do início.  Esta crônica está tão ruim que vou parar pra não parecer que o Tribuna Diária escolhe seus colunistas por critérios não meritocráticos.  Estou aparvalhado, deprimido, chocado, sem esperança no futuro porque sei que vai piorar.  E sem meritocracia, que critérios usarão?  E esses critérios valerão pra todos os que os atendem ou só pra quem segue a ideologia?  Pros que protestarem: o artigo 58 do código penal stalinista, aplicado por analogia?  E a Democracia?  Ah, vão por nos nomes das coisas, tipo a República “Democrática”Alemã...

Lamento, amigo!  A única coisa que me consola é que eles não tinham mérito pra ter você!  

Do  Led Zepellin, só têm o chumbo, e não decolam.

Do  Rush, somente a pressa em afastar a meritocracia.

The Who: apenas como pergunta, porque... são quem mesmo???

“um dos projetos mais ambiciosos da esquerda é destruir tudo que se relacione ao mérito, à individualidade e à individuação do ser humano.  O destaque pessoal é corrompido e transformado em opressão e humilhação”. (Bernardo Guimarães Ribeiro comentando a tal “matéria jornalística”)

P.S.  Agora o livro 2020 D.C. Esquerdistas Culposos e outras assombrações tem uma trilha sonora com canções e músicas de filmes citados: