• Alex Pipkin, PhD
  • 21/08/2019
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SEIS MESES DO COMEÇO DO FIM DO

 

O ser humano não controla o mundo! Doce ilusão. A humanidade não funciona como uma máquina. Há uma ordem espontânea, invisível, que age em razão dos muitos e distintos interesses individuais. As instituições políticas, econômicas e sociais - criações humanas - devem atuar no aperfeiçoamento da vida em sociedade. Especialmente em relação à liberdade, ao respeito à propriedade, a igualdade de oportunidades e a igualdade perante a lei.

Porém, boas instituições não podem ser impostas, como quer crer a tribo encarnada, que abomina e rejeita tudo que é fruto de construção via desenvolvimento das civilizações. As instituições nascem no seio das relações no tecido social. Mas a "superioridade intelectual e moral vermelha", deseja que o mundo funcione de acordo com suas manivelas. Sonhadores e "especialistas" desejosos de construir o paraíso de Alice na terra, perfeito para suas vis liberdades sem responsabilidades. Mundo superficial, construído pela superficialidade de sua própria sabedoria comum.

Sou otimista. No presidencialismo - sem entrar no mérito do sistema - a figura do presidente equipara-se quase a de um Rei Sol. A considerar os primeiros seis meses, expõe-se nitidamente o começo do fim do "pensamento científico" e do nefasto politicamente correto. Interregno da mentira objetiva envernizada pela retórica barroca, da enganação e da hipocrisia, do fascínio do conforto grupal, e do verdadeiro desprezo de despreparados e aventureiros pelo bem público. De cegos que guiavam cegos, mas que desconheceram que muitas pessoas também pensavam e podiam ver. Agora essas podem enxergar.

O exemplo distinto é gritante! Por isso, a resistência "colorada" é aguerrida. Continuam as críticas infundadas e irresponsáveis, tal qual aquele com uma trave no olho, agora apontando a palha nos olhos dos "inimigos não-vermelhos". Muitos dos interesseiros, nas suas massas tribais, continuam a não enxergar e recordar. Amnésia geral!

Esquecem-se eles que as pessoas reagem a incentivos econômicos, sociais e morais. Valores e instituições, mesmo que se tente, não podem ser descartadas e colocadas na lixeira, sem rejeição e contestações. É o que agora se observa em relação a família, educação, cultura e ao mercado.

Meu otimismo começa e vem de cima. Não dos céus. Mas do concreto e da realidade. De um novo jeito comum, simples de falar e governar. Claro que é necessário algum comedimento. Mas fundamental é o significado da palavra como ela é, sem dissimulação, sem a retórica escusa. Do direto e objetivo. Da rendição a verdade dos fatos e valores que devem representar a verdadeira nação de homens, mulheres, negros, brancos, heterossexuais, homossexuais, cristãos, judeus, enfim... Uma sociedade que tem e é a cultura de muitos e todos brasileiros. Mais do que falar (ah como falavam, falavam, falavam sem nada dizer!), o bom é fazer. Gerenciamento pelo exemplo. Iniciou-se o endurecimento das normas, que mais severas, respeitadas e aplicadas, estão por reduzir a absurda criminalidade. Urgente é o combate aos privilégios e a normas de conduta inadequadas que precisam ser desestimuladas.

Uma das transformações estruturantes passa pela educação. Com incentivos distintos, é necessário transformar o comportamento dessa massa de professores que atualmente, em seus clubes ingleses, se auto estimulam, se protegem e afastam aqueles de pensamento divergente desta massa. Maior exposição pública do processo de ideologização desigual nas universidades públicas e privadas já se deu. Deve-se avançar.

Como esperar resultados diferentes se os métodos empregados forem os mesmos? O que se esperar, por exemplo, de jovens egressos de cursos de gestão e negócios estimulados por jovens professores formados por uma literatura enviesada, unilateral, que ressalta o papel "benfeitor" do Estado, identificando a sociedade com o Estado, resultando na restrição de liberdades individuais? Como esperar, neste contexto, empreendedores que buscam o atingimento de seus próprios interesses e o alcance da lucratividade? Muitos dos docentes, são completamente órfãos da imperiosa experiência empresarial. Jovens que desde muito cedo, adentraram o ambiente acadêmico, buscando titulações e enxergando somente livros e paredes universitárias. A própria literatura "não vermelha", até pouco tempo ausente das fronteiras verde-amarelas, muitas vezes, é encarada com descaso e preconceito.

A "moderna" tecnologia de ensino brasileiro, faz do discente um "cliente". Assim, o bondoso professor fala mansamente com sentimentos de bondade e benevolência em relação "aos outros". Eles próprios são incapazes de realizar que tudo isso vai, de fato, contra a alteridade. Oh, liberdade para empreender! Similarmente, pensam que é possível controlar a vida dos indivíduos. Seu senso comum é ver os supostos riscos visíveis. É como se mirar a formiga, enquanto passeia ao lado, livremente, o elefante. Mas é a língua da tribo que deve ser falada e protegida. A patota adora aquilo que é visível, popular e catalisador.

Não só os intelectuais tupiniquins - maioria - são tribais. Alguns deles, espertamente, já deixarem a desgastada luta de classes para trás. Agora reinam os direitos humanos. Mulheres, negros, homos, trans, bis... todos querem mais do que dinheiro! Querem suas tribos respeitadas e legitimadas! Desejam ter suas identidades reconhecidas. Infelizmente, em muitas ocasiões, sobrepondo-se ao conjunto de valores construídos ao longo do tempo por todos. A construção, sem atropelos, é digna e justa. Mas respeite-se os valores e visões do todo.

Bolsonaro foi eleito por representar "as culturas" brasileiras, muitas, distintas e variadas. O país deve ser plural! A resistência continua. Insana e cega. Essa seguramente não contribui para o avanço do país. Oposição firme e racional é imprescindível.

Quiça ele e as instituições reformadas consigam respeitar identidades das diferentes tribos. Mas necessário é desarmá-las e uni-las, todas, e a todos os cidadãos em nome de um país que genuinamente quer desenvolvimento econômico, diminuição de privilégios, igualdade de oportunidades e respeito aos direitos individuais dos brasileiro. Sobretudo respeito e igualdade perante a lei. Tolerância de todos.

Para isso, desenvolvimento econômico e distribuição justa de riqueza serão vitais. Chega da caricatura da bondosa e irreal igualdade. A liberdade individual passa pela melhoria das condições econômicas, para todos. Isso é o que possibilita que pessoas possam ter realmente a chance de se diferenciarem. Liberdade e bem-estar caminham de mãos dadas com prosperidade econômica.

Alex Pipkin, PhD