• Fernão Lara Mesquita, em O Vespeiro
  • 16/09/2022
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Sambando o samba do crioulo doido

 

Fernão Lara Mesquita

A democracia brasileira divide-se em um palco virtual e uma plateia física. Nós, os eleitores dos eleitos deles, estamos na platéia só para assistir a uma "peça" que não escrevemos "levada" por atores que não escolhemos cujo ingresso fomos obrigados a comprar. E agora estamos rebaixados a claque de auditório, proibidos de rir ou chorar segundo a nossa vontade.

Nunca houve tanta discrepância entre o país descrito e o pais visto. O candidato mais amado nas pesquisas é o mais odiado nas ruas. Os mais graduados "aliados" de Lula - Alckmin e Marina Silva - são os seus maiores detratores. Os banqueiros são militantes "anticapitalistas", o crime tem território onde o Supremo Tribunal garante que a polícia não entra e os "guardiões da democracia" é que rasgam a constituição. Deltan Dallagnol e Sergio Moro são os "fichas-sujas" condenados a pagar indenizações, e os Renan Calheiros e Lula's os "fichas-limpas", impolutos e elegíveis. A economia brasileira "está em frangalhos" mas os empregos são recorde e a inflação, pela primeira vez na História, é menor que a dos Estados Unidos e da Europa. O Brasil é "o maior queimador de florestas do mundo", segundo a Europa e os Estados Unidos, mas onde o fogo come mesmo é na Europa e nos Estados Unidos. Os contratados do TSE, rabo do STF, juram para o Barroso e o Barroso jura para o Brasil que a urna eleitoral "é a mais segura do mundo" mas quem testar ou fotografar vai em cana. Dentro do STF ninguém ousa desafiar o chefão. Mas é só sair de lá, como Marco Aurelio Mello, e os olhos passam a ver a fábrica de bananices que aquilo virou...

Das duas uma: ou o mundo "nas juntas se desgovernou", como temia o jagunço Riobaldo, ou a realidade continua firme como sempre foi e o que está subvertido são só as palavras mesmo, coisa que só se decide - se se decidir e mesmo que se decida - nos próximos capítulos.