• Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 26/07/2019
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RISCO-BRASIL - UMA MELHORA E TANTO


RISCO-PAÍS
Ontem, minutos depois que enviei ao pensador Gelson Castellan a cotação do CDS (Credit Default Swap), instrumento mundialmente preferido pelos agentes do mercado financeiro como forma de medição do RISCO PAÍS, ele retornou dizendo: - -esse dado deveria ser melhor divulgado, para que mais pessoas pudessem ter parâmetros para comparar-.
Então, vamos nessa.

TODOS OS PAÍSES TÊM DÍVIDA
Antes de tudo, portanto, é preciso ter em mente que TODOS OS PAÍSES têm dívida. Uns mais, outros menos, mas o fato é que isto só acontece porque, em geral, os governos gastam mais do que arrecadam. E, por consequência, precisam se financiar através da emissão de títulos públicos.
Como toda dívida precisa ser paga até o vencimento, ou rolada para um novo prazo futuro, como bem refere o economista Vinicius Alves em estudo publicado em 2018, a capacidade de ADIMPLÊNCIA de cada país é medida, mundialmente, pelos agentes financeiros, indicadores que atestam, numericamente, o RISCO-PAÍS.

INDICADORES DE VISUALIZAÇÃO ON-LINE
Para medir o -RISCO-PAÍS-, além dos relatórios produzidos pelas conhecidas -Agências de Classificação de Risco (RATING), as duas mais conhecidas formas de mensuração numérica, por ser -EM TEMPO REAL- (on-line), são:
o -CDS- (Credit Default Swap)- e
o EMBI+ (Emerging Market Bond Index Plus).

CDS
O mais conhecido e, portanto, aquele que têm maior preferência do mercado, é o CDS – Credit Default Swap – (swap de crédito contra um calote). De forma simples, o CDS é um tipo de -SEGURO- QUE REMUNERA O DETENTOR do título quando o país dá calote. O detentor do CDS está buscando proteção contra o calote da dívida do país.
Exemplo: se um investidor compra proteção contra um evento de crédito para US$ 100 milhões em ativos soberanos brasileiros por 5 ANOS (CDS 5Y do Brasil), com prêmio anual de 200 pontos-base, fará pagamentos periódicos de US$ 2 milhões ao vendedor da proteção.
Isso significa que QUANTO MAIOR O RISCO DE UM PAÍS DAR CALOTE, mais caro as pessoas aceitam pagar por um SEGURO contra esse RISCO. Ou seja, quanto maior o preço do CDS, maior o RISCO-PAÍS.

EMBI+
O EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus), por sua vez, também muito utilizado no mercado financeiro, é calculado pelo banco de investimentos JP Morgan.
O EMBI+, no entanto, é diferente do CDS. O índice expõe a diferença entre os PRÊMIOS pagos pelos TÍTULOS BRASILEIROS em relação aos TÍTULOS AMERICANOS, tidos como os mais seguros do mundo.
Por serem os mais seguros do mundo, os títulos americanos sempre pagarão um MENOR PRÊMIO DE RISCO.
A lógica é que cada 100 pontos do EMBI+ representam o pagamento de 1% de juros dos títulos brasileiros a mais que os títulos dos Estados Unidos.
Exemplo: imagine que os títulos americanos tenham uma taxa de 3% e os títulos brasileiros de mesmo prazo oferecem uma taxa de 6%. O RISCO-PAÍS, ou RISCO-BRASIL será de 300 pontos ou de 3% (6% – 3%).

CDS 5 YEARS
Pois, o RISCO-BRASIL, medido pelo CDS -5 YEARS-, que no início de 2019, quando o governo Bolsonaro assumiu o país, registrava 187,1 pontos base, hoje, 26/7 está cotado 123,9 pb. Uma boa evolução de melhora, na ordem de 27,3%. Mais: de SETEMBRO/2018, quando a cotação era 307,2, até hoje, a melhora foi de 41,78%.
Detalhe: em 2008, quando o Brasil recebeu o selo de Investment Grade, a pontuação do CDS- era de 200 pb.
Comparando com outros países, vejam, por exemplo o seguinte quadro:
Itália: 153,60 pb
Turquia: 344,7 pb
Argentina: 956,63 pb
Venezuela: 72.150,20 pb