Nota do Editor: publicado por solicitação do autor, que se declara conhecedor dos fatos.
Observa-se no noticiário recente e freqüente a menção a um possível episódio que teria ocorrido em 18 de julho de 1969, no Rio de Janeiro, referente ao ex-Governador de São Paulo Adhemar de Barros.
Vencidos à época pelas forças da ordem contra o que se convencionou chamar brandamente de ação política armada que, na verdade, se identificava como agrupamentos marginais dispostos à prática de graves delitos, sob a justificativa da ação política, divulgaram eles, amplamente esse episódio à época e fizeram com que o mesmo, passasse a ser aceito como verdadeiro.
Respeitados os que nutriam sentimentos ideológicos e de resgate ou conquista dos melhores resultados para a sociedade brasileira, a verdade é que os grupos VPR, Colina e outros transformaram-se em bandos que atentavam contra a ordem pública, a vida e a segurança das pessoas.
Teriam eles certamente que se louvar na máxima maquiavélica de que os fins justificavam os meios, para assim usufruírem de uma certa aura de revolucionários contra a “opressão dos poderosos”.
Razão pela qual a história da “A Ação Grande ou o Roubo do Cofre de Adhemar” que circula na Internet ( http://www.ternuma.com.br/adhemar.htm) é realmente inverídica porque o cofre não era e nunca fora de sua propriedade.
É indispensável registrar o que vamos relatar e que precisa ganhar destaque e ser divulgado pois é a realidade do que ocorreu.
Em janeiro de 1966, Djair Ribeiro da Costa e o subscritor, eram respectivamente o Chefe e o Sub-Chefe da Casa Civil do Governador do Estado de São Paulo Adhemar de Barros com quem mantinham estreitos laços de amizade, que prosseguiram até o seu desaparecimento em março de 1969.
Essa proeminente figura da política nacional, líder reconhecido de grande visão administrativa nas sucessivas gestões no Governo do Estado de São Paulo, foi também vítima de permanente campanha de calúnias, injúrias e difamações, nas mesmas proporções de suas inegáveis qualidades.
Assim é que ao ter seus direitos políticos cassados, em 06 de junho de 1966, pelo mesmo Movimento que triunfou em 1964, ao qual emprestou seu valioso e imprescindível apoio, mais se estreitaram as relações de conhecimento dos fatos pelos seus auxiliares já mencionados, que exerceram ao longo do Governo Adhemar de Barros, diferentes cargos e funções públicas.
E foi pelo relato pessoal do amigo e companheiro Djair Ribeiro da Costa que vim a tomar conhecimento, por volta de 1970 e, em detalhes, dos fatos que estou narrando, uma vez que este continuou a trabalhar com Adhemar, mesmo depois de seu afastamento da vida pública até sua morte.
Se fosse possível nos dias de hoje buscar o “Boletim de Ocorrência” dos fatos relacionados ao chamado “Roubo do Cofre de Adhemar” poderíamos verificar que na realidade ele pertencia a dona Ana Gimol Benchimol Capriglione que nele guardava algumas jóias, objetos pessoais e valores em moeda estrangeira num total de cerca de US$ 120.000 (cento e vinte mil dólares) segundo me lembro bem de ter-me relatado Djair Ribeiro da Costa.
Nada portanto que guardasse qualquer relação com a fantasiosa quantia divulgada, que jamais existiu e só foi inventada para , de um lado, tentar desmoralizar o líder político e destacado apoiador do “ Movimento de 31 de março” e, por outro, para encobrir Ações Expropriatórias de altas quantias a exemplo da notícia divulgada recente e coincidentemente pelo jornal O Estado de S. Paulo do dia 17/05/2008 que relata o assalto ao Banco Andrade Arnaud, praticado pelo mesmo grupo, na rua Visconde da Gávea, no Rio de Janeiro, cerca de quatro meses antes do mencionado assalto ao cofre de dona Ana.
A verdade no entanto é outra, o próprio sobrinho da vítima, dona Ana Gimol Benchimol Capriglione, de nome Gustavo Buarque Schiller, já falecido, que fôra criado e residiu por muitos anos na casa de seu tio Aarão Burlamarqui Benchimol, irmão da dona Ana, teria sido o principal protagonista e artífice do cenário fabricado com a estória relatada da Ação, conforme o registro no site já referido.
É importante destacar que à época em que se deu o referido roubo do cofre de dona Ana, a mesma senhora estava residindo exatamente na casa de seu irmão Aarão, a quem solicitara por empréstimo, enquanto a sua residência encontrava-se em reforma. Portanto, no mesmo imóvel em que morara e fora criado seu sobrinho Gustavo Buarque Schiller. Conclui-se que o espaço daquela residência, seus móveis e pertences eram conhecidos do jovem Schiller, o qual, tinha livre acesso ao lugar.
Mediante esse esclarecimento, espero que o julgamento de Adhemar, nesse caso, conforme veiculado pelo referido site e amplamente divulgado na mídia nacional seja revisto, restabelecendo a verdade ao seu lugar devido, pois os fatos são outros e foram distorcidos por quem queria aparecer naqueles dias conturbados e sujeitos a qualquer tipo de interpretação e versão, sem a análise rigorosa do ocorrido que está na raíz da correta apresentação do que verdadeiramente ficou gravado nos anais históricos do período.
O mais deplorável é que, ainda hoje, por absoluta ignorância ou maldosa ingerência de interesses espúrios à nação brasileira, alguns indivíduos se utilizem dos fatos relatados, sem aquilatar sua fonte e veracidade.
* Aposentado ECA/USP