Oh Zé,
Desce desse muro. Pula!
Para direita ou esquerda, tanto faz.
Só não me apraz ver-te aí,
Sentado onde jaz um ignorante
Ruminando idiotice própria de quem não se conhece.
De quem não sabe a que veio,
Nem mesmo onde está.
Oh Zé,
Desce desse muro!
Escolhe o caminho duro, e ele te dará algo.
Te fará homem, Zé...
Dará sentido a essa vida medíocre e ignóbil que escolheste levar.
Esses passos trarão ciência de tudo.
Te apresentarão o mundo que existe fora do bar.
Talvez, até mesmo retornes ao lar, Zé.
Quem sabe?
Quem sabe um dia te tornes alguém além do ninguém que és.
Sabe-se lá...
Mas torço por ti.
Para que desças desse muro,
E saindo do escuro,
Escolhas tuas convicções.
Escolhe, Zé!
Aceita logo o lado.
Para esquerda ou direita, não importa.
Me importa, sim, teu voto,
Pois padeço em tuas pífias reflexões.
E minhas decisões vão ao esgoto quando confrontadas com as tuas visões.
Por sermos iguais, Zé,
Acabo pagando a conta que fizeste.
Antes pagasse a conta do bar, quando alguns níqueis resolvem.
Sofreria menos...
Para, Zé!
Que queres com isso?
Maltratar?
Apunhalar?
Tua incúria me fere a alma, e me torna cara a segunda-feira.
Meu corpo padece no cansaço do trabalho,
E o país sendo entregue a ti e aos teus,
Que nada querem além de um trago a mais,
Uma cachaça a mais,
Uma noite a mais,
Uma ilusão a mais...
Toma tento, Zé!
Escolhe o teu lado e pula.
Para direita ou esquerda,
Tanto faz.
Urge que saias do muro,
E busques a paz que só a cultura pode guarnecer.
Me encantaria ver-te crescer e não mais vender teu voto por um pedaço de corrupção.
Te perdoo todo prejuízo que sofro.
Até mesmo o atentado contra a nação.
Mas te peço, como irmão.
Desce logo Zé,
Vira homem,
Larga de ser Mané!
Harley Wanzeller (25.01.2018)