• Irineu Berestinas
  • 29/11/2019
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QUEM SÃO OS VERDADEIROS PROTAGONISTAS E ATORES DA HISTÓRIA?



Vamos, neste texto, abordar uma gama de diagnósticos sobre a epígrafe, a começar pelo pensamento de Karl Marx e Friedrich Engels. Para ambos a história é movida pelas lutas de classes (proletariado X patrões)... Passaria por vários degraus, desde o comunismo das sociedades primitivas até chegar finalmente ao comunismo (a ditatura do proletariado), como decorrência do avanço do capitalismo e das suas diagnosticadas contradições... A política para Marx e Engels é um "epifenômeno". Ou seja, fenômeno que em nada interfere no fenômeno principal. A história tem instrumentos próprios...

 A primeira revolução comunista ocorreu na Rússia do início do século passado, num ambiente agrário e monárquico (família real, soldados do czar, nobreza, campesinato, o qual se constituía na imensa maioria da população, e pelo clero, cristão/ortodoxo).. Durante o processo revolucionário, o partido compunha-se de duas alas divergentes: os bolcheviques (maioritários), comandados por Lenin, Trotsky e Stalin, de um lado; e os mencheviques (minoritários), comandados por Pavel Axelrod, Julius Martov e Alexander Martinov, de outro lado. Os primeiros pregavam a imediata imposição do socialismo por meios das armas, com o confisco das propriedades, das fábricas, ainda nascentes, e das fazendas, ao que burgueses e proprietários deveriam submeter-se, sob pena de passarem pelo justiçamento revolucionário...

 Enquanto isso, os mencheviques defendiam a implantação gradual e não violenta do regime socialista. As questões deveriam ser resolvidas por voto no Parlamento russo e pelo trabalho cultural. Os bolcheviques, entretanto, venceram a disputa e instalaram-se no poder, cuja revolução estendeu-se de 1917 até 1991, em cumprimento dos seus cânones.

As ideias dos mencheviques desembocaram, entretanto, em Londres no ano 1883, nascendo, assim, os socialistas fabianos, ou seja, gente que pretendia chegar ao regime socialista por meio da política e dos votos nos parlamentos, incluída a cultura a ser propagada, sob a liderança de Hubert Bland, de George Bernard Shaw, dramaturgo, entre outros. As suas políticas foram implementadas no Reino Unido, por iniciativa do partido trabalhista, a partir da Segunda Guerra Mundial, cujas ações estavam pautadas na estatização de importantes setores da economia e no atendimento de extensa e criativa pauta social... Com o passar dos anos, o sistema fabiano, todavia, chegou à beira da saturação, não tendo mais como ser financiado por impostos e taxas, surgindo, em contraposição, no cenário, a lendária Margareth Thatcher, do partido conservador, que ocupou o cargo de primeira-ministra no período de 1979 a 1990. Política de ideias liberais e conservadoras, cujo desempenho enveredou por privatizações, redução do poder dos sindicatos, alterações tributárias e controle monetário em doses moderadas, que conheceu vitórias e derrotas em seu período. Ganhou a guerra sindical e a Guerra das Malvinas, mas não conseguiu domar a inflação e o desemprego, por sua tímida e acanhada dosimetria, segundo a avaliação dos economistas liberais, seus parceiros de visão de mundo.

Outros países adotaram as políticas dos socialistas fabianos, entre eles a Dinamarca, Noruega, Suécia e Finlândia, a seu modo.

Já o marxismo cultural, representado pela Escola de Frankfurt (Horkheimer, Marcuse, Adorno, etc) e pelas ideias de Antonio Gramsci, italiano contemporâneo de Mussolini, deu as costas ao determinismo histórico de Marx e Engels. Para os marxistas culturais, a revolução haveria de ser concretizada pela ação do lumpenproletariado, nele incluídas as minorias, inserindo nesse projeto a destruição dos valores ocidentais, fundados nos princípios judaico-cristãos, viabilizados pela superestrutura (religião, filosofia, direito, ciência, arte, cultura, etc), infiltrando-se os revolucionários em seu meio de divulgação (escolas, igrejas, universidades, meios de comunicação) para pôr abaixo os seus alicerces por meio da agenda do "politicamente correto".

Já para os fascistas, o motor da história é o estado interventor e regulador: na economia, nas relações de trabalho, na montagem social e na política expansiva e militarista das suas ideias. Os mais expressivos governantes que levaram a cabo essa ideia foram Benito Mussolini, na Itália, Juan Domingo Perón e seus seguidores peronistas na Argentina; Getúlio Vargas no Brasil, Gamal Nasser no Egito, Muammar al-Gaddafi na Líbia. Qualquer semelhança com a era Lula/Dilma fica por conta do leitor...

Já os liberais, defensores do direito à vida, liberdade, propriedade, livres mercados, quando muito, admitem a presença do Estado na saúde educação e públicas, segurança, justiça, diplomacia e previdência. No âmbito dos costumes, normalmente são conservadores e prezam a tradição. Como se pode deduzir, os liberais estão na contramão do fascismo e do nazismo. Nada a ver, portanto, com o tró-ló-ló e o vozerio das esquerdas, com o objetivo de colar essa pecha neles, a menos que se sintam tomados do espírito de Antonio Gramsci, que objurgava os defensores da cultura ocidental, tratando-os dessa maneira.

Por fim, Max Weber, o notável sociólogo alemão, entendia que o cenário social era governado por valores e significados, neles inseridas a religião, a economia, as tradições, a política, e assim por diante, sem conceber determinismos e positivismos em sua análise, com o que, alinha-se o autor deste texto.