• Irineu Berestinas
  • 21/06/2019
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PRODUTIVIDADE... EIS A QUESTÃO! (A APROVAÇÃO DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA AJUDARIA A DAR A LARGADA)

 

 

    Assunto que passa ao largo da pauta dos partidos políticos situados à esquerda do espectro político. Para esses setores é mais importante estar ao lado dos pobres, com discursos exaltados, atiçando o conflito de classes, pois, desse modo, a ideologia estaria sendo difundida, e o caldo do materialismo dialético seria engrossado sobremaneira (a lógica do marxismo). A igualdade seriam favas contadas, resultado da marcha histórica, bastando um pequeno empurrão, que o paraíso chegaria como fruto do determinismo histórico, ou seja, o que ocorreria independentemente da vontade dos homens... Pelo menos, foi assim que Karl Marx gerenciou as suas “descobertas”! Mas se esse lance demiúrgico não se confirmar (os deuses também podem falhar, ainda mais os do materialismo...), então entraria em cena a Escola de Frankfurt (Horkheimer, Adorno, Marcuse, etc).

É o chamado marxismo cultural, que se afastou dos exércitos de Lenin, Stalin e Trotsky para promover a destruição dos valores da civilização ocidental (religião, família, instituições, a educação tradicionai, direito, por serem agentes da superestrutura), por meio da revolução cultural. Foi assim que Paulo Freire e Antonio Gramsci caíram de paraquedas nas escolas, universidades, jornais e canais de televisão. É uma luta subliminar, não declarada, pois se negam a estabelecer o debate, o contraditório, mas apenas se dispõem a rotular os seus adversários com os mais intimidadores chavões.. De outro lado, quanto mais gente desempregada houver, mais grandioso será o exército do lumpemproletariado para se juntar às minorias e pôr um fim à exploração do homem pelo homem...

Num dos polos da luta, segundo a compreensão desses setores, estão os malfeitores, os gananciosos capitalistas, como se o resultado da produção não se esparramasse por toda a sociedade. Na verdade, pode-se dizer que é a existência dos livres mercados, um mecanismo pelo qual o voto impera rotineiramente na economia, seja nas situações de consumo, seja nas situações de investimento, que impulsiona todo o sistema produtivo. E é por meio dele que as riquezas e os bens são criados abundantemente, descontando-se a falácia de que as riquezas são produzidas apenas em favor dos empresários. E os impostos gerados, os empregos, o FGTS, as contribuições para a previdência, os investimentos em tecnologia e máquinas, o aprendizado e treinamento não entram nessa conta? E ainda é preciso considerar que, se os bens não fossem consumidos também pelos operários, o capitalismo não ficaria de pé, porque apenas os ricos não dariam conta do consumo. Elementar, elementar, meu caro Watson! Daí, sim, teríamos o colapso da superprodução previsto por Marx.

A bem da verdade, a produtividade se realiza no dia a dia, no chão das fábricas e nos ambientes de trabalho, seja qual for a natureza da atividade, por meio da busca da eficiência, mas apenas alguns poucos economistas do nosso cenário abordam esse tema, pois, afinal de contas, a esquerda não está ai para dar “sobrevida” a um sistema que condena com veemência embrutecida.

Não é sem razão que o salário mínimo do operário americano é quatro vezes superior ao nosso. Bondade, generosidade, luta sindical? Não, não! Simplesmente, porque o operário americano tem produtividade superior a 4 por 1 em relação ao nosso (é evidente que para isso vários fatores estão conjugados).

Essa questão não pode passar ao largo de pessoas interessadas verdadeiramente em juntar teoria e fatos empíricos para amalgamar as ciências econômicas. Assim, tem de ser construída uma agenda que considere a importância da produtividade na economia. Karl Marx já havia compreendido, na sua obra A Ideologia Alemã, que a fonte da abundância reside no aumento da produtividade, ou seja, o aumento do produto por hora de trabalho. A máquina a vapor e o carvão deram a largada.

O que me leva a dizer: o aumento da produtividade resulta de uma combinação de fatores, quais sejam: a) - aumento do estoque de capital, a ser obtido por meio da poupança; b) - aquisição de máquinas modernas (tecnologia); c) - elevação da escolaridade dos trabalhadores e treinamento da mão de obra (nos EUA, a média de treinamento por trabalhador é cento e trinta horas anuais, aqui, entre nós, apenas trinta horas), isso até a bem pouco tempo; d) - elevação da capacidade gerencial. E simultaneamente: a) - logística adequada, ou seja, transportes mais baratos e eficientes; b) - carga tributária compatível; c) - melhoria dos serviços públicos ofertados à população, principalmente nas áreas de saúde, educação e saneamento básico, cuja ausência é o principal responsável pela poluição dos ambientes e da morte de nascituros em nosso País, embora esse diagnóstico passe ao largo dos folhetos esquerdistas. De outro lado, devemos ter o respeito ao tripé macroeconômico (câmbio flutuante, superávit fiscal e regime de metas para a inflação); ou seja, um basta à gastança desordenada, de modo a não permitir que a macroeconomia saía dos trilhos. Nunca é demais relembrar que a nossa carga tributária, a partir de advento da Constituição de 1988, passou de 24% do PIB para 45%, considerados os déficits operacional e nominal (este último inclui as despesas do governo com os juros e amortização da dívida).

Ainda é tempo de botar o País nos trilhos. Deputados e Senadores estão com a palavra, a menos que pretendam fazer do Brasil uma outra Venezuela...