Stephen Kanitz
Existe uma frase no capitalismo “nunca pergunte como um empresário obteve seu primeiro milhão”.
A premissa é que todo novo negócio começa, ou sonegando impostos, ou por contrabando, ou por um acordo generoso com uma estatal.
Mas a outra parte dessa premissa é que uma vez alcançado o primeiro milhão, a empresa entra nos eixos sem corrupção.
Na política é a mesma coisa, só que ela continua sem limites.
Achei este texto de um especialista em campanhas eleitorais.
“O brasileiro é tolerante com a corrupção, pois se puder, de algum modo, também recorre a meios ilícitos para subir na vida.
Faço campanhas eleitorais há muito tempo e as pesquisas revelam isso.
Nas conversas informais as pessoas também deixam entrever essa complacência com o crime.
O brasileiro é dinheirista.
Curso superior no Brasil é meio para ganhar dinheiro.
Lecionei economia e ciência política muitos anos, e a maioria dos alunos nunca me pediu uma indicação de livro.
Não é a educação que é valorizada, mas o diploma.
O brasileiro quer uma fórmula eficiente de ganhar dinheiro e subir na vida.
O conhecimento é solenemente desprezado.
Lemos em média 1,2 livros por ano, aí incluídos livros didáticos, que são obrigatórios.
Mais de 70% das pessoas são analfabetas funcionais, ou seja, têm sérias dificuldades em ler corretamente e compreender o que leram. Você mesmo anda sofrendo com isso aqui.
Enfim, antes de aspirar o poder, a esquerda revolucionária devastou a cultura e a educação brasileira.
Não sobrou nada.
Cursos universitários são centros de formação de militantes.
São espaços para moldar a cabeça de uma geração extremamente materialista, vazia, que só pensa em obter sucesso na vida.
Mais uns 10 anos e a direita nem eleitorado terá.
Essas eleições estão revelando toda a miséria cultural, intelectual, moral e espiritual do brasileiro.”
* Reproduzido do Blog do Kanitz, em https://blog.kanitz.com.br/por-que-nossa-elite-tolera-a-corrupcao/