• Alex Baur, no Die Welt Woche
  • 03/01/2023
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Obra-prima da demagogia de esquerda

 

Alex Baur

       Já havia sido anunciada a presença do ditador venezuelano Nicolás Maduro na posse de Lula. Oficialmente. O Brasil suspendeu a proibição de entrada do regime de tortura de esquerda, que obrigou sete milhões de pessoas a fugir, especialmente para a ocasião comemorativa.

Apenas Jorge Rodríguez, presidente do parlamento fantoche venezuelano, compareceu. Ele também é irmão de Delcy Rodríguez, vice-ditador de Maduro. Afinal.

Coincidentemente, a recepção oficial do emissário de Maduro na gigante da TV Globo, amiga de Lula, coincidiu com o intervalo comercial. Tanto que muitos brasileiros perderam a reabilitação da ditadura.

Lula deveria ter percebido que a presença de Maduro seria um pouco demais. Durante a campanha eleitoral, Lula se apresentou como o salvador da democracia. Teve proibida na Justiça a publicação de fotos que o mostrassem em um abraço íntimo com caudilhos de esquerda e velhos companheiros como Daniel Ortega, os irmãos Castro, Hugo Chávez ou, claro, Maduro.

A posse de Lula em 1º de janeiro teve como tema "União e Reconstrução" - unidade e reconstrução. Isso soa bem. Na verdade, seus discursos inaugurais foram puro veneno.

No mesmo fôlego em que o novo presidente do Brasil clamava por unidade e reconciliação nacional, ele literalmente acusou seu antecessor Jair Bolsonaro de "fascismo", "genocídio" e "terrorismo", "barbárie" e "estupidez", a "tirania " ou "mentiras" (notícias falsas).

Os discursos de uma hora de Lula podem ser reduzidos a uma mensagem central: o demagogo de direita Bolsonaro dividiu e destruiu o Brasil! É a mesma melodia que a esquerda global tem pregado em uníssono com a mídia nos últimos cinco anos.

Internacionalmente, essa retórica pode ter pegado. Mas cerca de metade dos brasileiros não caiu na desajeitada inversão da realidade de Lula. Eles votaram em Bolsonaro.

Lula também insulta metade das pessoas a quem se refere. Dificilmente alguém mudará de ideia por causa das tiradas de ódio. Na verdade, a maioria se sentirá justificada.

Para Lula e seus seguidores, isso não é uma contradição. De acordo com a compreensão marxista da democracia, somente o partido representa os interesses do povo. Quem se opõe ao partido é inimigo do povo - e, portanto, não pertence mais ao povo.

Em um primeiro ato oficial, Lula voltou a restringir a posse legal de armas liberalizada por Bolsonaro. Em segundo lugar, ele aumentou o número de ministérios por decreto de 23 para 37. Em terceiro lugar, ele quer reverter a privatização de estatais não lucrativas iniciada por Bolsonaro.

Além das razões ideológicas, há razões sólidas para isso: Lula só tem minoria no parlamento. Ele precisa desesperadamente de cargos estatais para recompensar os aliados e mantê-los felizes.

Claro, é um veneno para a economia. Mas se as coisas correrem mal, o culpado já está claro: foi seu antecessor que arruinou o Brasil.

Jair Bolsonaro se despediu dos Estados Unidos no réveillon. Supostamente apenas por trinta dias. Talvez para sempre. Na América do Sul, é apenas um pequeno passo entre insultar um oponente político e prendê-lo. No passado, o trabalho sujo era deixado para os militares. Hoje, os juízes politizadores são os responsáveis por isso. Eles já deram a Lula um valioso apoio durante a eleição.

*Alex Bauer é um jornalista e escritor. O artigo acima foi publicado no suíço Die Welt Woche.