• Jorge Abeid, PhD
  • 22/11/2022
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O Brasil está com hemorragia

 

Jorge Abeid, PhD

         Um dos grandes problemas da sociedade brasileira, entre tantos outros, é não questionar e não analisar as coisas que dão errado. Afinal, como diz a minha Mônica, experiência é o nome bonito que damos aos nossos erros.

Segundo dados oficiais de 2022, nós, brasileiros que vivemos fora do Brasil, somos hoje 4,2 milhões. Este número é maior que a população do Distrito Federal e de outros 12 estados, como por exemplo Mato Grosso do Sul e Tocantins.

A situação piora quando se investiga onde vivemos:

USA 1,7 milhão; Portugal 276 mil e, em terceiro lugar, se não estiver sentado sente-se: Paraguai, com 260 mil brasileiros.

Será possível que para tanta gente, um quarto de milhão, viver no Paraguai seja melhor do que viver no Brasil?

Desse povo que vive nos USA, garanto-lhes: boa parte, pessoalmente conheço alguns, vive lá ilegalmente, será possível que viver com medo da polícia é melhor do que viver no Brasil?

Eu vivo aqui na América do Norte desde 1997, sendo quatro anos nos USA e os demais aqui em Ontario Canada. Acompanho esse número por curiosidade pessoal. Desde então, lembro que me assustei quando o número chegou a 1 milhão, número que não para de crescer e ninguém aí fala nisso. Não se menciona uma sangria desatada dessa magnitude.

Fernando Pereyron Mocellin foi um gaúcho que, na FAB, pilotou  caças P47 em 59 missões de guerra nos céus da Itália durante a Segunda Guerra Mundial. No livro que escreveu – MISSÃO 60 – ele conta uma experiência que viveu na academia da Força Aérea dos USA quando os pilotos brasileiros do chamado “Senta a Pua” foram treinados naquele novo avião de caça, o então novíssimo Thunderbolt P47. No seu primeiro voo solo, ao aterrissar, ele espatifou o avião novinho na pista. A equipe de socorro ao chegar ao local, o encontrou em prantos, sentado sobre o que restava do avião. O comandante que acompanhava a equipe perguntou:

- Você está machucado?

- Não senhor, respondeu ele.

- E chora por quê?

- Eu destruí essa maravilha de avião que vocês me confiaram.

- Meu filho, um avião nós produzimos a cada quatro horas; um piloto, 20 anos.

Essa lição dos anos 40 ainda não foi aprendida no Brasil. Na multidão dos nossos imigrantes estão professores universitários como eu, cuja formação leva mais de 20 amos. Estão médicos, dentistas, enfermeiros, economistas e sabe-se lá mais quê.

A hemorragia de recursos humanos debilita o país.