Eye of the Tiger, Rocky!
Conselho de Apolo para Rocky!
Adriano Alves-Marreiros
Eye of the Tiger, Rocky!
Conselho de Apolo para Rocky!
Ainda podendo escrever, ao menos por enquanto, resolvi não correr riscos e decidi falar de cinema. Ainda por cima, sobre um filme antigo, do início dos anos 80 que, assim, nada pode ter a ver com a atualidade.
Ainda lembro que queria muito ver Rocky III, mas já não estava em cartaz. Naquele tempo, demorava muito pra sair na TV e sequer tínhamos videocassete, que só se popularizou depois. Estava no Encantado com meus primos e minha Mãe. Meu Tio Antônio assinava o jornal e vi que estava passando no Cine Rio Sul. Botei pilha geral e saímos, minha mãe, meus primos e eu, do subúrbio para o Shopping RIO SUL, em Botafogo. Bem longe... Acho que pegamos o 249, depois o 456 e chegamos lá. Depois de rodarmos muito, perguntamos ao segurança onde, afinal, ficava o Cinema. “Que cinema?”. “O Cine Rio Sul?”. Ele riu, pediu desculpas, disse que não era piada mas que “Vocês não vão acreditar, mas o Cine RIO SUL fica no Shopping da Gávea”. Não havia ainda cinema do Shopping Rio Sul. “Como assim?!”. Não lembro se nesse dia ou no seguinte, fomos ao Shopping da Gávea e assistimos. Ao menos lá, pudemos ver alguns artistas , era o shopping que eles mais frequentavam, se bem que... hoje nem eu sei se isso foi bom ou ruim...
Quando saiu Rocky IV, fomos logo na primeira semana para evitar confusões como aquela. Que filme magnífico! Como não quero tratar de política, não vou nem falar do discurso final em que Rocky acabava criticando a ditadura socialista soviética, em próprio solo russo, e dizendo que eles podiam mudar, como ele mudara em várias coisas. Não! Quero falar do momento mais fantástico de todos quando Drago começou a realmente perder a luta, pois fora vencido psicologicamente.
Rocky apanhava rounds e mais rounds de um boxeador que matara no ringue seu ex-rival e melhor amigo Apolo. Todos os líderes socialistas presentes estavam felizes e sorridentes com o pretenso massacre. Mas Rocky ainda estava lá, de pé e pronto para prosseguir. Mesmo tendo apanhado sem parar. Mesmo recebendo pancadas fortes o tempo todo, ele conseguia alguns momentos batendo e forte. Até que nos últimos rounds, pelo que me lembro, quando até a oprimida e censurada torcida russa virara a favor dele, ele acertou uma sequência de socos no abdômen e na cara de Drago, fazendo-o sangrar.
Toca a sineta de intervalo. Enquanto no corner o treinador de Rocky diz “Viu, você machucou ele! Ele não é uma máquina, é humano!”; no outro lado, com cara assustada e olhos vidrados, Draco, abalado com a Força do Americano que tanto apanhara e estava de pé e batendo, diz: “Ele não é humano! Ele é como um bloco de ferro!”.
Prestes a começar o round final, Rocky está perdendo por pontos, mas os sorrisos já não estão nos lábios dos líderes socialistas, eles estavam chocados – a torcida já mudara em definitivo e se tornara dele – e... Drago estava psicologicamente abalado por não conseguir derrotar o oponente que ele tanto subestimara...
O treinador diz ao Rocky: “Você não pode parar! Pra vencer, tem que nocauteá-lo. Tem que bater, bater, bater sem parar até não conseguir bater mais! É sua vida toda que está aí...” Toca a sineta e Drago já mostra temor e respeito por Rocky que apanha um pouco mais até que começa a bater e não para mais até nocautear Drago. Com Drago tonto no chão, a contagem é um dos momentos mais tensos do filme... A torcida, que já era do Americano, sentiu que tinha que contar junto e o fez, até que... o juiz ergue o braço de Rocky! Ele vencera, contra tudo e contra todos! Conquistando corações em plena União Soviética...
Pra quem acha agora, ou sempre achou que isso é mera ficção, que isso não é possível na realidade, pense um pouco, temos um exemplo claro, quase exato, real, próximo de nós, um Mito do boxe: Rocky Marciano, que apanhava 9,11, 14 rounds e nocauteava no último!
Que os Rockies, Marciano e Balboa, sempre nos sirvam de exemplo de vida e inspiração de resistência, persistência, de nunca desistir, de bater sem parar, de buscar o nocaute, de lutar até o fim, até a vitória em nome de Deus!
* Adriano Alves-Marreiros, que sempre tenta não perder o Eye of the Tiger, é mestre em Direito, membro do Movimento Contra a Impunidade (MCI) e do Ministério Público Pró Sociedade (MP Pró Sociedade), autor de “2020 D.C., Esquerdistas Culposos e Outras Assombrações” e de “Hierarquia e Disciplina são Garantias Constitucionais”.
*** Crônica publicada originalmente no Portal Tribuna Diária, em https://www.tribunadiaria.com.br/noticia/1807/belo-horizonte/colunistas-do-tribuna/nunca-desistir-ate-a-vitoria-rocky-iv-um-lutador.html