• Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 13/11/2023
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Notícias preocupantes

Gilberto Simões Pires

ENCRENCA ECONÔMICA

Ontem, 9/11, quase que no mesmo momento, TRÊS PREOCUPANTES NOTÍCIAS vindas dos Estados Unidos deram entrada na minha caixa de mensagens, todas dando boa conta de que está em curso -efetivo- uma poderosa ENCRENCA ECONÔMICA que está deixando o mundo financeiro em redobrado estado de atenção. Eis: 

PRIMEIRA NOTÍCIA

A primeira, publicada na -investing.com-, diz que - Apesar das declarações otimistas do governo dos EUA e do Federal Reserve sobre a economia americana, muitos economistas questionam a real situação do país, e os detalhes de alguns indicadores parecem corroborar essa visão. Em um podcast recente, o economista Peter Schiff discutiu esse assunto, analisando o relatório de empregos (payroll) divulgado na última sexta-feira, que considerou “fraco em todos os aspectos”, e acrescentou que é “ainda mais fraco quando olhado de perto”.

Schiff lembrou que, enquanto o mercado esperava 180.000 novos postos de trabalho, o relatório mostrou apenas 150.000. Além disso, apenas 99.000 desses empregos foram gerados pelo setor privado, com 51.000 empregos públicos.

Ele ressaltou que isso NÃO É UM BOM SINAL PARA A ECONOMIA, observando que o governo dos EUA FINANCIA OS SALÁRIOS DOS NOVOS FUNCIONÁRIOS -COM NOVAS DÍVIDAS-, pois o governo se endivida para pagar esses trabalhadores, o que resulta em aumento das taxas de juros e da inflação”. O economista também notou que o número de pessoas que precisam de mais de um emprego para se sustentar continua a crescer significativamente, com 390.000 pessoas assumindo um segundo ou terceiro emprego, o que ele considera outro indício de fraqueza.

“É um mercado de trabalho muito fraco porque a renda do trabalho está despencando. Os trabalhadores não conseguem ganhar dinheiro suficiente para pagar o aluguel ou todas as suas outras contas”, explicou ele.

Portanto, enquanto muitos observadores debatem sobre a possibilidade de uma recessão, Schiff acredita que ela talvez já tenha começado.

“Na verdade, a RECESSÃO OFICIAL pode já ter começado neste trimestre e eu acho que esse relatório de emprego é uma boa evidência disso”, disse o economista, lembrando que a ÚLTIMA GRANDE CRISE DE 2008 “começou oficialmente em dezembro de 2007, embora ninguém tenha percebido na época”.

De fato, só no final de 2008, quando a crise financeira explodiu, as pessoas perceberam que havia um problema.

SEGUNDA NOTÍCIA

A segunda, também nada confortável, publicada por Estadão Conteúdo, se refere à afirmação feita pela primeira subdiretora do FMI -FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL-, Gita Gopinath, dizendo, com visível preocupação, que NÃO PODEMOS DESCARTAR o risco de o mundo entrar em um QUADRO DE ESTAGFLAÇÃO, com inflação ainda acima do desejável e crescimento fraco. Ao mesmo tempo, alertou para o fato de que existem “inúmeros choques potenciais” que podem se materializar no cenário, como um eventual salto no petróleo, a depender dos desdobramentos regionais do conflito no Oriente Médio. Segundo ela, a elevação de juros pelos bancos centrais tem feito a inflação declinar, sem grande piora no desemprego, “e isso é atípico”.
Ao mesmo tempo, Gita Gopinath advertiu que o recuo nos preços de energia tem ajudado o índice cheio da inflação, mas o segmento de serviços ainda mostra quadro mais negativo. “Nesse sentido, o trabalho não está completo”, ressaltou. Mais: Gita disse que vivemos um período de inflação alta, e notou que a persistência desse quadro torna mais difícil notar a existência de choques na oferta. Em outro ponto de sua fala, também ressaltou a importância de se atuar para enfrentar riscos no setor financeiro não bancário...

TERCEIRA NOTÍCIA

A terceira notícia dá conta das afirmações feitas pelo investidor bilionário Ken Griffin , fundador da gigante global de investimentos Citadel, ao Bloomberg New Economy Forum, em Singapura:  O mundo enfrenta conflitos e mudanças estruturais que desfazem a integração atingida com a globalização e provocam uma inflação de base mais elevada que pode durar “por décadas”. “Os dividendos da paz estão claramente chegando ao fim”,  “É provável que vejamos juros reais mais altos e juros nominais bem mais altos.” isso terá implicações no custo de financiamento do déficit dos EUA e que o governo americano não contava com taxas mais elevadas “quando começou a onda de gastos que criou um déficit de US$ 33 trilhões”.

Mais: Griffin acrescentou que o governo americano está gastando “COMO UM MARINHEIRO BÊBADO e precisa colocar o fiscal em ordem.

Ele alertou que o atual déficit fiscal é insustentável. Embora o mercado de trabalho do país continue relativamente forte, os consumidores americanos percebem, no fundo, que “algo não vai bem”, disse ele.

O Federal Reserve pode continuar a imprimir dinheiro para evitar um calote de dívida, mas “as consequências econômicas seriam devastadoras”, disse. “No momento em que começarmos a imprimir dólares apenas para lidar com a possibilidade de um default, a nossa economia entrará em profunda crise.”