Sílvio Munhoz
Na última crônica da série de oito sobre censura, nas quais busquei atacar a busca do Governo em regular as redes sociais, afirmei: “Não se deixem enganar, a busca dos atuais detentores do poder é CENSURAR”.
Para conseguir o desesperado e urgente intento criam o que dizem buscar impedir Fake News ou Falsas Narrativas na tentativa de comover a população e pressionar parlamentares para aprovação da absurda PL 2630 (PL da Censura), para ganharem o poder de Censurar o que será dito, por intermédio de algum Conselho Autônomo, com membros indicados pelo Governo e outras regras que permitem controle, quase absoluto, sobre as redes.
Tática antiga e sempre usada – quando a informação era centralizada – aconselhada, aliás, pelo personagem que quer urgência na regulamentação a conhecido Ditador, quando afirmou ser necessário a criação de “narrativa” para melhorar a visibilidade de seu País perante o mundo!..
A tática foi utilizada pelo Ministro da Justiça, ao defender o PL da Censura, chegando ao extremo de ameaçar os responsáveis de aplicativo de mensagem com a Polícia, pois, na “narrativa” criada para comover o povo, as redes sociais seriam responsáveis pelo massacre de crianças – fato ocorrido dias antes em uma creche em Santa Catarina: “não posso acreditar que alguém vai dizer que a suposta liberdade de expressão usada de modo fraudulento, [que] é uma falcatrua, se sobrepõe a uma vida de uma criança morta a machadadas na cabeça”.
A culpa de massacres públicos com múltiplas vítimas seria das redes sociais... nada mais falso e enganoso. Peguemos como exemplo os EUA, País em que tais fatos ocorrem com muito mais frequência que no Brasil, aqui não temos tradição deste tipo de fato:
"Poucos eventos geram tanta cobertura nacional e mundial nos noticiários como aqueles onde diversas pessoas são alvejadas e mortas num local público. Alguns exemplos altamente divulgados vem de imediato à mente. Colin Ferguson matou seis pessoas num tiroteio de fúria na ferrovia de Long Island em 1993. Um único atirador matou indiscriminadamente 22 cidadãos na cafeteria Luby’s no Texas em 1991, Um segurança fora do horário de trabalho matou 21 pessoas na escola Columbine em Littleton, Colorado em 1999” (aqui, pág. 126).
Qual o aspecto comum em todos? Foram praticados nos idos de 90, ou seja, muito antes do boom da internet e das redes sociais que, no Brasil, ocorreu em torno de 2010, quando já ocorriam tais fatos no mundo.
O autor, analisando pesquisa científica aponta: “A tabela 6.5 indica que as Leis de porte oculto de armas curtas reduzem significativamente os tiroteios públicos de múltiplas vítimas” (pág. 144). Crimes com múltiplas vítimas têm a ver com o desarmamento do cidadão e a criação de Gun free zones (zonas livres de armas). Nada incentiva mais o criminoso que saber de antemão que vai atacar um local só com crianças e professores, todos desarmados. Mormente se o bandido for dotado de “personalidade criminosa”. Como afirmou Samenow, outro pesquisador Americano:
“As respostas de meu público incluíram ataques pessoais (até fui denunciado como perigoso) porque desafiei as teorias quase sagradas sobre o que causa o comportamento criminoso, além de ter afirmado que uma ‘personalidade criminosa’ existe, de fato.” (aqui, pág. 12).
O Ministro, porém, ao perceber que tal “narrativa falaciosa” não se sustentaria acabou por confessar o real objetivo da regulamentação das redes ao admitir que as “redes sociais devem ser reguladas por causa das ideias da DIREITA”, ou seja, como afirmei, CENSURA PURA E SIMPLES (no mesmo congresso, propício às confissões, onde um iluminado supremo lascou “vencemos o bolsonarismo”).
Será a tal “democracia relativa”? Com opinião única, partido único e, quiçá, “extirpar” quem pensa diferente!.. A liberdade de expressão é fundamental para a democracia, segundo a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos.
“[...] ao se obstaculizar o livre debate de ideias e opiniões, limita-se a liberdade de expressão e o efetivo desenvolvimento do processo democrático.”
Que Deus tenha piedade de nós!..