• Osmar José de Barros Ribeiro
  • 31/12/2018
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NADA SERÁ COMO ERA ANTES

 

Uma grande e insofismável verdade: no Brasil, a forma de fazer política sofreu uma transformação radical com o resultado das últimas eleições. De pouco valeram os conciliábulos dos caciques partidários; o apoio a este ou aquele candidato negociado pelos e com os meios de comunicação; as previsões dos institutos de pesquisa, normalmente desmentidas pela realidade; os ataques desferidos por todos contra um único postulante e as tentativas de desqualifica-lo. Tudo deu em água de barrela.

Dizia-se, com uma convicção surgida sabe Deus de onde, que a Câmara e o Senado continuariam a ser feudo das oligarquias as quais, desde Cabral, dominavam o Congresso e punham o Executivo de joelhos. Ledo engano. Principalmente na Câmara dos Deputados, de bem pouco adiantaram os esforços dos senhores dos partidos e a renovação dos quadros se revelou com força insuspeitada. Assim, eis que as agremiações políticas, acostumadas a impor sua vontade, viram minguar as suas vagas.

No Brasil, em 2018, aconteceu um terremoto político. O movimento das placas tectônicas levou ao surgimento de uma nova e talvez decisiva mudança nos hábitos e costumes da política brasileira, ainda que muitos não acreditem e muito menos se deem conta de que está passando a época dos comentaristas politicamente engajados e dos "coronéis" que trocavam votos potenciais por cargos e outras benesses pouco republicanas.

Quem é o candidato vitorioso à Presidência da República? Em 1986, como Capitão da Arma de Artilharia e aluno da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), tornou-se conhecido por haver, numa entrevista à revista Veja, criticado os baixos vencimentos dos militares, sendo punido com quinze dias de prisão. Dois anos depois, transferido para a Reserva, foi eleito vereador no Estado do Rio de Janeiro. Desde 1990, ainda pelo mesmo Estado, elegeu-se, eleição após eleição, deputado federal. Considerado como pertencente ao "baixo clero", nunca deixou de se manifestar favoravelmente à Revolução de 1964 e de defender posições que os "politicamente corretos" consideram de direita e populistas.

Menosprezado, não poucas vezes insultado e até mesmo ridicularizado por alguns dos seus concorrentes, foi este o postulante que terminou eleito, com a maioria dos votos válidos, para a Presidência da República. E tal façanha foi alcançada sem o apoio de qualquer grande partido, sem recursos públicos e enfrentando, além de um atentado ainda não esclarecido, a aberta má vontade de grande parte dos meios de comunicação. Ainda hoje, já diplomado pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE), seus detratores não esmorecem. É a "velha política", ainda sonhando com tempos idos e vividos, cevada na troca de favores, tentando fazer com que o presidente eleito renda-se aos maus hábitos que prometeu erradicar. Assim, criticam as medidas anunciadas, desmerecem a escolha dos futuros ministros e secretários e buscam, até agora sem êxito, envolve-lo e a seus familiares em casos de corrupção, esse mal cuja erradicação dos negócios públicos foi uma das promessas do então candidato.

Salvo melhor juízo, a eleição de Jair Bolsonaro foi uma resposta da sociedade aos costumes perniciosos desenvolvidos pelas oligarquias políticas, cujo principal objetivo sempre foi a satisfação dos seus propósitos pessoais e/ou grupais. O sucesso, vencendo toda sorte de óbices, deveu-se às propostas apresentadas aos eleitores, predominantemente jovens, que viram nele o ressurgimento daqueles valores que fazem a grandeza de uma Nação.

Que não seja desmentida a esperança brasileira de que, doravante, nada será como antes.