O presidente do TCU disse dias atrás que o escândalo da Petrobras é o maior caso de corrupção que já tramitou na história do Tribunal. Um procurador federal afirmou que não se está dando conta de defender a República dos, palavras dele, ratos que estão corroendo suas estruturas e que vamos ter um escândalo de corrupção ainda maior do que o da Petrobras. E será no BNDES.
Ministro do STF asseverou recentemente: “Como alguém, alguma pessoa jurídica que pega empréstimo nos bancos públicos a juros subsidiados (...) para promover emprego e desenvolvimento social da nação e, aí, parte disso vira aplicação em campanha eleitoral. (...) Não há ilegalidade se (o valor) estiver dentro dos 2% sobre o faturamento. Mas é um escândalo”. Uma empresa brasileira, cliente do BNDES, doou R$ 353 milhões na última eleição.
Ainda sobre a Petrobras, um gerente comprometeu-se, via acordo, a devolver US$ 100 milhões desviados. Uma outra gerente informou a diretoria da empresa, por vários anos, de que algo havia de errado. Pagamentos de R$ 58 milhões foram efetuados para serviços que nunca foram prestados. Custos de R$ 4 bilhões a serem pagos pela Petrobras viraram R$ 18 bilhões num passe de mágica. Erros de orçamentos em 15% eram corriqueiros. E assim vai. A despeito dos incontáveis avisos, rigorosamente nada foi feito para se corrigir.
A lista é maior, mas não há espaço. Mas precisa mais?
Como pode? Como pode ninguém, espontaneamente, se responsabilizar em nome do governo brasileiro e pedir desculpas à população? Como pode não haver uma única renúncia que seja de algum cargo de alto escalão da República? Em que país nos tornamos?
Não deveríamos ter apenas soluções jurídicas para esses ilimitados casos de corrupção, eufemisticamente denominados de malfeitos. Deveríamos, antes, ter repercussões espontâneas e individuais minimamente aceitáveis a partir de um padrão de ética rigoroso; que essa turma que tomou conta do público tivesse ao menos vergonha e medo – arrependimento talvez seja pedir demais – do que tem feito e das consequências geradas.
Mas não. O governo brasileiro, com seu silêncio ensurdecedor, assiste à moral derreter no que sobrou do Brasil. Afinal, onde foi parar o prazer pelas boas ações?
*Advogado