• Luiz Carlos Da Cunha
  • 02/03/2015
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MOBILIDADE URBANA E INTERESTADUAL

O bom senso reconhece a justeza do protesto dos caminhoneiros contra o preço da energia que alimenta seu ganha pão. O governo da senhora Dilma que no quatriênio anterior amarrou os preços dos combustíveis saídos da Petrobras, em defasagem com os preços de mercado internacionais, os decretou no fito político de conter a inflação pelo artifício intervencionista.

Aos caminhoneiros, vindicar agora a redução do preço do diesel ao patamar antes decretado pela mesma presidente, tem coerência, quando seu preço internacional caiu 50%. Em contrapartida os protestos urbanos contra o aumento das passagens dos coletivos se dirigem às autoridades municipais, quais sejam elas as responsáveis pelo custo do combustível alimentador do transporte. Um pleito na direção errada. Tanto no limite urbano como no circuito nacional, tratando-se do combustível, a responsabilidade cabe a Petrobras e sua interventora, a presidente da república e não ao prefeito ou empresários do sistema de transporte urbano, personalidades terciárias na escala de domínio do fato.

A equação é tão simples e compreensível que vale indagar qual a razão que orienta seus protagonistas a tão desfocado alvo? Quando os dois movimentos se confundem em objetivos: combater o custo de vida na cidade e nas estradas. Aprofundando o significado dos dois movimentos na atmosfera política e econômica que atravessamos, pode-se vislumbrar no âmago desse conflito complexo e simples, o atraso secular de nossa infraestrutura ferroviária e rodoviária, reduzido a dois modais golpeados brutalmente nestes dias.

Delata a falta e ineficiência do transporte ferroviário no distenso do país e na extensão das grandes cidades. Esta carência, que pode ser atribuída a uma cina histórica de nossa deformação cultural e política, não deve servir de pretexto para desculpar as autoridades presentes, cujas ações desastradas na condução de políticas econômicas equivocadas e populistassomente agravaram, e teimam em agravar um erro atávico. A greve de caminhoneiros no Chile em 73 finou o governo Allende.