Valterlucio Bessa Campelo
A população brasileira foi brindada na última terça-feira com um discurso da ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, antecipando o “dia mundial do meio ambiente” que ocorre em 05 de junho. Desta vez a ministra nos poupou do costumeiro jogo de palavras e, felizmente, não temos que nos preocupar com os “nanomísseis” que ela inventou há alguns meses. Mesmo assim, tivemos que ouvir algumas teses bem duvidosas.
Aproveitando-se da tragédia recente, Marina disse “Eventos climáticos extremos, como as chuvas no Sul, ilustram bem a relação entre o equilíbrio ambiental e as nossas vidas. Quando protegemos os rios, as florestas, a nossa rica biodiversidade, estamos, na verdade, protegendo e cuidando das pessoas”. Entenda-se aí que as chuvas torrenciais que caíram no Rio Grande do Sul decorreram do maltrato que damos ao meio ambiente. É falso, não há NENHUMA base científica para que uma autoridade pública possa responsavelmente sequer insinuar que aquela catástrofe resulta da ação do homem. Ela certamente sabe disso, tanto que não teve coragem de afirmar com todas as letras e apenas deixou subentendido.
Em seguida, a ministra, como todo político demagogo, faz o dever de casa mimizento: “A tragédia climática no Rio Grande do Sul trouxe sofrimento para milhares de famílias, sobretudo as mais pobres, as que vivem em condições precárias de moradia e são sempre as principais vítimas das catástrofes climáticas”. Só faltou dizer que a chuva e, por consequência, a “ação humana que a desencadeou” é preconceituosa contra pobres. Outra falsidade. A tragédia, que não escolhe vítimas, arrasou a economia, levou lojas, fábricas, armazéns, veículos, supermercados, farmácias, oficinas, pequenos comércios, casas, escritórios, enfim, não se deteve, como insinua a fala torta, perante a classe média ou os ricos.
Para adular o presidente petista, ela disse que “o governo agiu rapidamente em diferentes frentes, em parceria com o estado o e os municípios, para cuidar das pessoas, comunidades e empresas”. Entrou aí a palavrinha da moda “cuidar das pessoas” para dourar uma falsidade. O governo até agora não sabe o que fazer. Quem de fato agiu rapidamente foram os próprios gaúchos e a população brasileira, solidária, generosa, que ao invés de aplaudir a Madonna, imediatamente fez fluir para o Rio Grande doações materiais e de dinheiro para acudir os gaúchos. Lula e a canja, digo, a Janja, só apareceram quando um cavalo roubou a cena em cima de um telhado.
Para não perder a viagem, deu a própria versão como expressão da verdade insofismável e incontestável: “Infelizmente, ainda há quem duvide da relação do homem com a natureza”. Sim, minha senhora, há muita gente duvidando, não da relação do homem com a natureza (eis um sofisma), mas da capacidade deste de, por sua ação, provocar mudanças climáticas globais como as que estamos presenciando nos últimos anos. Gente como o CIENTISTA John Clauser, prêmio Nobel de Física, que juntamente com outros 1930 CIENTISTAS, assinaram a Declaração Mundial do Clima onde afirmam categoricamente: “O arquivo geológico revela que o clima da Terra tem variado desde que o planeta existiu, com fases frias e quentes naturais. A Pequena Idade do Gelo terminou em 1850. Portanto, não é surpresa que estejamos vivendo um período de aquecimento. O mundo aqueceu significativamente menos do que o previsto pelo IPCC com base em força antropogênica modelada. A lacuna entre o mundo real e o mundo modelado nos diz que estamos longe de entender as mudanças climáticas”. O aquecimento global antropogênico só é consenso em órgãos POLÍTICOS como o IPCC e ministérios do meio ambiente mundo afora.
Como todo ativista de esquerda, a ministra Marina Silva, deu-se sem pejo ao desfrute de atribuir culpa ao presidente Bolsonaro. Sem coragem de repetir claramente o que dissera em outra oportunidade, ela tascou essa infâmia: “Por alguns anos, esse negacionismo atrasou a adoção de medidas urgentes, desrespeitou regras, instituições e servidores ambientais e nos impôs um tempo perdido”. Esse “alguns anos” aí é uma velada referência aos quatro anos de Bolsonaro no governo. Hein? Quer dizer que se não fosse Bolsonaro, a tragédia não teria acontecido? Em seu lugar, o PT teria se antecipado com medidas preventivas? Engraçado, não estou vendo nada disso acontecer nem com relação ao nosso Acre onde as enchentes tem data marcada para inundar Rio Branco e Brasiléia. Aliás, a casa ambiental está todinha em greve, né?
De resto, mais puxa-saquismo em relação ao Lula a quem já chamou de corrupto, e promessas vãs. Ou seja, um discurso que transitou entre falsidades e militância política, quando deveria ser de responsabilidade, de enfrentamento, de informar as medidas que foram e estão sendo tomadas. Mas, aí, é pedir demais. Um ano e meio de governo é “pouco” para retomar os outros 14 em que NADA foi feito no sentido de proteger a população contra os eventos climáticos. Fácil mesmo é mandar a conta de tudo para “alguns anos de negacionismo” e flanar em jatinhos para cima e para baixo, consumindo combustíveis fósseis a granel como fazem sem culpa os ministros, principalmente nos finais de semana a caminho de casa.
* O autor, Valterlucio Bessa Campelo, escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no DIÁRIO DO ACRE, no ACRENEWS e em outros sites. Quem desejar adquirir seu livro de contos mais recente “Pronto, Contei!”, pode fazê-lo através do e-mail valbcampelo@gmail.com