Nosso aparato humano cognitivo e psicológico herdado adora um modelo de comando e controle, típico da mente tribal. Nossa mente tem a semente dos caçadores-coletores que obedeciam a certos rituais e a determinados comandos.
Tal qual uma tribo indígena, o cacique é quem executa o papel de chefe tribal, organizando a vida em comunidade. Há também a liderança do pagé, o grande sacerdote, aquele que recebe ordens divinas e é o especialista nos "divinos e explicativos" rituais tribais.
Graças a Deus evoluímos! Foi justamente em razão da expansão e da dispersão quantitativa, e pela diversidade e diferenças nas necessidades e nos objetivos de vida individuais - para além do bem-estar dos próximos pelas relações de parentesco - que surgiu a necessidade do Estado, a fim de "normatizar" a vida social, especialmente pela imposição da lei e da ordem.
Bem, assim é de certa forma contraintuitivo que nossas mentes pré-históricas, com base no piloto automotivo, instintivamente, pensem na imperiosidade do Estado (que obviamente existe!) como um órgão centralizador de comando e controle geral.
O "bom Estado" é aquele limitado, que deveria ter como interesse maior colocar o indivíduo acima do coletivo, preservando às liberdades individuais, a igualdade da lei perante todos, e deixando com que as pessoas, por meio de transações interconectadas, voluntárias, e mutualmente benéficas, possam colaborar e competir nos mercados livres.
Em tempos de pandemia da Covid-19, o "natural" poder coercitivo do Estado, absurdamente, vem extrapolando seus poderes sobre nós, os comuns, espraiando-se para nefastas formas de comando e controle autoritários!
Confesso que no princípio da crise viral, seguindo as recomendações científicas da OMS (risos!), fui meio avesso a usar uma máscara, afinal a própria "ciência" afirmava ser contra sua utilização!
Passados dois meses da crise pandêmica, virei fã do zorro! Por que? Porque genuinamente é muito melhor usá-la, e poder sair da "prisão" imaginária dos adeptos do "fiquem em casa", tentando exercer minhas liberdades de ir e vir e fazendo minhas próprias escolhas, inclusive decidindo quem vai ou não entrar em minha casa.
Na verdade, incrivelmente, não existe nada de científico e conclusivo sobre aquilo que de fato deve ser realizado para que se obtenha resultados positivos (comprovados) quanto ao enfrentamento do vírus. O isolamento social drástico e as quarentenas são inconclusivas, questionados mesmo por membros da própria comunidade médica!
Acho mesmo que a máscara pode evitar um maior e eventual contágio entre as pessoas; o contagio é maior do que a letalidade do vírus; é melhor remediar e poder sair da "prisão"...
Entretanto, o que eu realizo, é que burocratas estatais, governadores e prefeitos, têm brigado intensamente por interesses políticos e por egos na luta por prestígio e pelo poder. Desse modo, não tenho dúvidas de que o estabelecimento de decretos e de regramentos estatais esdrúxulos e amplamente autoritários retiram nossas liberdades constitucionais e, de forma aleatória, decretam sobre setores "essenciais" versus não essenciais, além de ignorarem desuniformidades quanto a regiões e a locais diferentes, colocados no mesmo saco padrão do isolamento social, etc.. Tais regramentos parecem-me totalmente arbitrários.
Não acredito na capacidade superior e na moral excelsa de governadores e de prefeitos, sem o conhecimento de como funciona verdadeiramente uma economia, em definir e imaginar que possam melhor projetar a vida em um estado pandêmico. Eles deveriam estudar, pelo menos, um pouquinho da teoria da agência e dos custos de transação...
Fui ao supermercado. Uma multidão e aglomeração infernais. Por que pode haver aglomeração nesse tipo de local, e determinadas lojas e mesmo shoppings, com controle e com regras adequadas e higiênicas, não podem trabalhar?! Quais foram as informações, os dados e os fatos científicos que fizeram com que esses deuses definissem o que é e o que não é essencial e, portanto, não pode operar? Por que comida pode ser entregue via expressa de alguns locais e não de restaurantes de shoppings? Arbitrário e ilógico!
Mais absurdo ainda, e ver que aqueles que protegem "100% vidas" e gritam "fiquem em casa", julgando os diferentes como insensíveis a essa mesma vida, são provavelmente aqueles que têm renda e empregos (muitos no Estado!), e que e não correm o risco de perder suas casas, além de não precisarem acordar cedo de manhã e se perguntarem como vão alimentar a si e seus familiares!
A falta de empregos, de comida, além da própria debilidade na estrutura de saúde, vai levar muito mais gente para os cemitérios do que a Covid-19!
Fico efetivamente questionando-me sobre a genuína preocupação com a saúde das pessoas. Será mesmo que se tem a intenção de mitigar os riscos da Covid-19 e proteger os cidadãos, ou restringir liberdades individuais, enquanto burocratas estatais protegem suas liberdades pessoais e seus interesses políticos?!
Portanto, um dos aprendizados fundamentais nesses tempos virais, é de que não podemos deixar e nos acostumar com os desejos e os impulsos autoritários e desproporcionais desses aprendizes de ditadores!
A liberdade custa muito caro a todos nós! É o nosso bem maior. Como não há nada que seja totalmente negativo (talvez nem a própria morte), aqueles que pensam por meio do sistema manual, de pensamento reflexivo e profundo, agora têm a oportunidade de reavivarem o interesse em proteger seus direitos e suas próprias liberdades! Vamos lá.