JOGOS QUE NÃO SÃO DE SOMA ZERO
Alex Pipkin, PhD
O futebol é o ópio do povo; sim, em terras verde-amarelas este tem sido sistematicamente usado por políticos demagogos para manipular, burlar e iludir e, objetivamente, para não fazer aquilo que econômica e socialmente, de forma comprovada, sabe-se que tem que ser realizado para que o país enverede pela rota do crescimento e do progresso.?
Em tempos de Olimpíadas, evidente que se reproduz fenômeno semelhante, quando as grandes potências, com nítidos e maiores recursos e capacidades desejam sinalizar seu grande poderio geopolítico.
Nem é preciso retroceder muito no tempo a fim de realizar como Hitler utilizou os Jogos Olímpicos de 1936 para aprofundar atitudes e comportamentos nazistas, chauvinistas e nacionalistas.
O nacionalismo é perverso, ancora-se num sentimento egoístico, de uma suposta superioridade, burra e fechada, numa espécie eufórica de um jogo de soma zero, em que uns ganham e se beneficiam em detrimento de outros.
Mas as Olimpíadas, similarmente, são oportunidades para a construção da “face elevadora” do patriotismo.
O genuíno patriotismo serve como um alicerce básico para a construção de confiança social e, na sua ausência, como factualmente estamos vendo na República das Bananas, para a estúpida edificação da baderna, da bizarrice, dos desacertos e da desunião, que correm livres, leves e soltos. Ah, como somos escassos dele!
O patriotismo representa, de fato, um sentimento de amor e de orgulho a pátria e aos seus cidadãos e, portanto, significa o interesse pelo melhor para seus compatriotas e para o bem comum.
A Olimpíada em Tóquio, parece-me, tem despertado sentimentos patrióticos pela conquista de medalhas de brasileiros de distintas origens, que com esforço próprio, investimentos e apoio, conseguiram se superar e emocionar seus compatriotas. Quem não se emocionou com a menina Rayssa Leal no skate e/ou com o ouro de Ítalo Ferreira no surf?
Espetacular!
Muito embora as Olimpíadas possam provocar atitudes nacionalistas, em especial, porque numa competição, um vence e o outro perde, essa é a fotografia, distinta do filme que não significa necessariamente um jogo de soma zero.
Assim também é o patriotismo, numa dinâmica de continuidade, que é aberto, espontâneo e inclusivo.
Quantos destes atletas brasileiros, que apesar de não terem ganho medalha, atiçam possibilidades e sentimentos de que com esforço próprio e empenho, é possível realizar sonhos e construir um futuro melhor?
Assim também é o tão propalado nacionalismo econômico, improdutivo e nefasto, que beneficia grupos de interesses, amigos do rei e empresários compadres e, literalmente, destrói o povo.
Nesse nosso reino da fechadura, do isolacionismo e do protecionismo, por séculos, governos demagógicos e ineficientes têm privado absurdamente a geração de mais atividade econômica, inovações, produtividade, empregos, renda, riqueza e prosperidade.
Na ilha verde-amarela, não há o influxo de tecnologias que possam tornar nossas indústrias mais competitivas e pujantes, produzindo bens de melhor qualidade, inovadores, mais baratos e, inclusive, que melhorariam as tão faladas questões climáticas via uso de soluções inovadoras.
As alardeadas desigualdades sociais são, similarmente, consequências desta mentalidade de avestruz, conforme a história econômica atesta.
Não, assim como o patriotismo, o comércio internacional não é um jogo de soma zero, ou seja, se alguém se beneficia é porquê outro saiu perdendo.
Chega de capitalismo de compadrio tupiniquim, precisamos executar a principal reforma que é a abertura econômica, em que os consumidores poderão comprar produtos mais baratos e de melhor qualidade, com a competição forçando as empresas nacionais a investirem em qualidade, em inovações e em ganhos de produtividade real.
Basta de chauvinismo econômico; somente com maior produtividade alcança-se maiores salários, empresas mais inovadoras, competitivas e lucrativas, e um Brasil mais moderno, justo e econômica e socialmente viável.