Li comentário de um Sr., referente à artigo em que critico às decisões autoritárias de governantes, e o isolamento social drástico com fechamento da economia gaúcha imposto por eles, inferindo minha insensibilidade frente mais de 70 mil mortes.
Assim quero, mais uma vez, esclarecer minha visão sobre os fatos.
Esse Sr. chama-me de bolsonarista, e acusa-me de exagerado e “sonhador” em relação a minha preocupação com a perda de liberdades individuais.
Vou repetir: especificamente em relação ao RS, não tenho dúvidas de que as iniciativas implementadas pelo governador e pelo prefeito de POA em relação ao combate ao vírus, foram totalmente exageradas!
Não acredito na ciência sem evidências comprovadas; não acredito em previsões histéricas baseadas em análises estatísticas que partem de premissas equivocadas, e reitero que o isolamento social drástico, com a paralisação da economia, causará maiores males do que benefícios a SAÚDE INTEGRAL (física/econômica/social) da população gaúcha.
Os modelos epidemiológicos elaborados por médicos e cientistas, por si só, já apresentam algum tipo de viés de confirmação. (Honestamente, se fosse médico, creio que isoladamente cairia nesse mesmo "risco", pois a formação e a missão do médico é salvar vidas com base na saúde física!).
Mas os modelos empregados por eles assumem que todas as pessoas têm chances iguais de se infectar, além de desconsiderarem circunstâncias idiossincráticas de cada contexto econômico e social. Há, por exemplo, amplas evidências de que jovens dificilmente contraem a doença na mesma proporção e gravidade de idosos acima dos 60 anos, portadores de outras comorbidades.
Quando tais modelos (com dados incorretos e/ou mal calculados) são utilizados por políticos para atuar em meio a situações de crise, não hesito em afirmar que muitas vezes são utilizados de forma populista e eleitoreira.
Aqui no RS e em POA, ninguém vai me fazer não enxergar aquilo que transparentemente enxergo e repudio. A pretexto da saúde, esses jovens governantes estão exercendo suas amplas liberdades de capar nossas vitais e inegociáveis liberdades individuais.
Não consigo ver lógica e inteligência, por exemplo, em observar grandes supermercados superlotados operarem, enquanto se proibi que pequenos mercados possam trabalhar, a fim de garantir o sustento desse pequeno empresário e seus familiares. Nada mais ESSENCIAL para esses micro, pequenos e médios empreendedores que o trabalho que provê o pão de cada dia!
Se alguém conseguir explicar o "racional" dessa decisão, poderia repensar... impossível!
E tem gente que aprova atos ditatoriais e desproporcionais desses jovens burocratas, focados em mandar prender indivíduos que desejam - porque precisam comer! - simplesmente exercerem seus direitos de poderem trabalhar!
A grande verdade é que governantes tomam decisões sem atentar para as consequências não intencionais de tais deliberações. O planejador central não quer atentar para a total imprevisibilidade da distintiva ação humana! Mas eles, demagogicamente, insistem...
Não, caro Sr., não sou insensível, mas procuro recorrer a razão e a lógica do real conceito de vida, e de suas inseparáveis dimensões saúde e economia, não aos puros instintos, a fim de não me deixar abalar pelo viés da disponibilidade, julgando os perigos e os riscos da Covid-19, com base nas histórias sensacionalistas da mídia interessada. A realidade da vida econômica se impõe de forma inequívoca!
Não, meu caro Sr., não sou insensível. Pelo contrário, considero-me um humanista "racional”, pois penso que os governantes deveriam elaborar políticas e decidirem por aquelas que factualmente trazem as melhores consequências para todo o tecido social de uma determinada comunidade. Sim, consequências são resultados mais benéficos para toda a sociedade no presente e no futuro.
Embora o número de mortes da Covid-19 impressione o Sr., a mim causa pânico ver na capa de um "jornal" do RS, de 13/07/2020, que a economia do RS perde 123 mil empregos formais em três meses de pandemia!!
Aterroriza-me que empresas de todos os portes estejam fechando e quebrando, destruindo cadeias de suprimentos e indústrias, e solapando vidas e sobrevivência de vidas econômicas humanas de indivíduos e de grupos familiares.
Milhares de doentes de câncer deixaram de adotar tratamentos precoces; outras doenças respiratórias e enfermidades infantis não foram examinadas... Futuras mortes certas...
Muitas cirurgias foram adiadas, e o aumento das taxas de abuso de drogas, álcool e violência familiar são evidentes e claros. O acréscimo do número de suicídios é ainda espantoso.
Caro Sr., o que me pasma DE VERDADE, é a escassez de apreensão da realidade da vida e, portanto, da constatação de que as respostas dos governantes gaúchos a crise do coronavírus são ridículas, autoritárias e desproporcionais, com nocivas consequências para gerações de gaúchos e gaúchas.
Seria mesmo eu um insensível?!