A dor de José, dói.
A dor de Maria, dói.
A dor de Maria José, também dói.
E a dor de José Maria?
Dói...
Como dói.
A dor de José, que se diz Maria...
Dói.
A dor de Maria, que se diz José...
Dói.
Quanta dor!
Nesse mar de dores de "Josés" e de "Marias",
Tudo é dor.
Dor que machuca a alma de cada um.
E quanto a minha dor?
Eu, que não sou José...
Não sou Maria...
Tampouco, sou minoria.
Sou o dito "privilegiado",
Excluído do tal mar e sua gritaria.
O que faço, então, com minha dor?
Simples. A engulo...
Engasgo, mas engulo.
Em honra à plena obediência,
Transformo meu dissabor em conivência,
Contentando-me com as sobras de Maria José,
Ou com o espólio de José Maria.
Aprendo do jeito duro.
Inerte, assumo o quinhão social que me resta...
A indolência.
* O autor (parabéns a ele) é magistrado.