Todos, em geral, querem fazer o bem, e cada um quer fazer mais o bem que todos os outros - governos, mídia, entidades, organizações, médicos, hospitais, o pessoal da direita, da esquerda. Em suma: todo mundo que pode decidir alguma coisa, do presidente da República ao síndico do prédio, acha que é sua obrigação agir com o máximo de prudência, cautela e responsabilidade. Disserta o jornalista JR Guzzo em sua coluna do dia 25/03/20 na Gazeta do Povo, sobre as decisões precipitadas.
É fácil defender a quarentena em uma casa confortável, com TV a cabo; internet banda larga; Macbook opressor; a dispensa cheia e aquela Equinox na garagem pra ir no mercado caso falte algo. E com tudo isso, sabendo que se não trabalhar vai haver salário.
É difícil defender quarentena quando o armário já está vazio e que se não trabalhar não tem salário, trabalha de manhã pra comer de noite e o filho tá pedindo iogurte. A princípio todos estão fazendo algo, com resultados positivos ou negativos.
Os médicos veem o lado da saúde: quarentena.
Os economistas veem como manter os insumos para os médicos: economia.
Os líderes veem a moral e o bem estar emocional: calma, é só uma gripe ( para 80, 90% que pegar).
A mídia vê o interesse de quem assiste, acessa, curte, compartilha e gera $$, resultado?: histeria, distorções, pânico.
Cabe a nós o bom senso, a honestidade e a prudência ao opinar, curtir e ou compartilhar opiniões e/ou notícias. Não tenho políticos de estimação, tão pouco jornalistas de paixão.
Opiniões rasas no conforto é fácil. Entender que nenhuma ação tomada vai ser simples, é difícil. Temos que pensar que toda decisão tem pontos positivos e negativos.
Não adianta falar que tem que seguir a quarentena a todo custo, e não falar sobre os danos pós quarentena. Em poucos dias os serviços essenciais não terão condições de continuar a funcionar sem os não essenciais. O ministro Mandetta lembrou que é preciso transportar cloro para tratar os sistemas de água corrente. Se impedirem as Cias, pelas restrições em cadeia que crescem a cada 24 horas, você estará salvando o Brasil do vírus e destruindo um dos princípios mais elementares da saúde pública. Lembrando que os caminhoneiros com materiais de hospitais precisam de restaurantes, oficinas, borracharias.
O deputado federal de SP Luiz P. O. Bragança comenta em sua rede social que: "Bônus sem ônus? Estados querem autonomia para poder fechar estradas e conter o vírus. Justo. Eles também são responsáveis pela saúde. Mas eles sabem que desemprego e falência de empresas serão cobrados da União e não deles. Injusto. Quem quer o bônus deve ficar com o ônus."
"O objetivo tem que ser encontrar uma saída fundamentada, planejada, para diminuirmos o tempo de confinamento para que o país possa voltar ao trabalho com o menor dano possível. O resto é palanque." Afirma o deputado federal do PR Paulo Martins.
O que pode ajudar a resolver, isso sim, é pensar com seriedade numa lógica para enfrentar a doença e não arrastar o país ao abismo.
*Publicado originalmente no blog do autor https://www.ohc.blog.br/ (O Homem Comum).