Ao final de 1999, a revista “Dever de casa”, com a imagem Marechal Deodoro na capa, destaca em certo trecho: “O “herói” dos massacres, Luiz Alves de Lima e Silva, foi recompensado por matar rebeles do Norte e do Sul do país, recebendo os títulos de barão e em seguida de Duque de Caxias — ele é o patrono do Exército Brasileiro.”
A cada um cabe eleger os seus heróis. Mas, denegrir aqueles que lutaram na defesa dos interesses nacionais, que mantiveram esta Nação em berço esplêndido. Gigante pela própria natureza que não foi “de graça”, nem foi esfacelado como a América espanhola. Caxias é um dos baluartes da Unidade Nacional.
Sobre tal fato escrevemos texto contraditório à desconstrução tipicamente marxista, publicado n’O FAROL em junho de 2000, epigrafado, “Iconoclastas da nacionalidade”. Repulsa às cunhas que agridem a monolítica Nação forjada com luta, sangue, combatentes mortos, feridos e mutilados. Não podem ser esquecidos viúvas e órfãos.
Ainda que tirem as poeiras dos porões, abram alas e criem heróis dos barracões, não os façam gerar outras nações que dividam o Laço Verde-Amarelo. Não apelem pro nada. E a Nação, salve, salve, não vire pó, nem farelo.
Multidões vestem a camisa “canarinho” — pra frente Brasil — Salve a seleção! Multidões bradam, “a minha Bandeira jamais será vermelha”. Vestem verde-amarelo para extirpar comunistas corruptos do poder; aos milhões exigindo a prisão do pixuleco. Saúdam heróis que defenderam a Pátria nos campos de batalha.
Nem do inimigo “tem sangue retinto pisado”. Tem honra e glória atrás de tantos heróis emoldurados.
O Duque de Caxias, magnânimo e pacificador, foi um desses vencedores que expulsaram invasores. A eles a grandiosa Nação deve os louros das vitórias e a herança herdada que todos usufruem, inclusive os que conspurcam suas imagens na vida mundana que levam.
Nascido em 25 de agosto de 1803, o Duque teve o seu batismo de fogo na Guerra da Independência (Bahia/1823), com 20 anos incompletos. A seguir lutou na Guerra da Cisplatina (1825-1828).
Foi precursor do abolicionismo ao alforriar os negros — bravos lanceiros farrapos — integrando-os ao Exército, na pacificação do Sul; longa guerra fratricida de 1835 a 1845 que ameaçava fraturar a unidade territorial consolidada. Caxias deixa uma lição ao proferir emocionante proclamação de brasilidade aos gaúchos: "Abracemo-nos e unamo-nos para marcharmos não peito a peito, mas ombro a ombro, em defesa da Pátria que é a nossa mãe comum.”.
Coragem e bravura não faltaram a Caxias em defesa da Pátria; fiel juramento dos militares, se preciso for, com o sacrifício da própria vida.
A História do Patrono do Exército se passou em grande parte nas operações de guerra, em barracas de campanha com o desconforto para dormir, com frio ou calor, se alimentar quando possível, em marchas forçadas para o combate, atacar e defender, socorrer os feridos, enterrar os mortos com sofrimento, pesar e orações. Dia e noite sob as agruras da guerra.
Não se compara aos barracões do samba que tem seus méritos, reconhecimento artístico, estandarte de ouro, enredo nota 10. Cada um no seu quadrado.
Sambistas e jurados sem compromisso com a História, “Com versos que o livro apagou/ Desde 1500/ Tem mais invasão do que descobrimento/ Tem sangue.../ Mulheres, tamoios, mulatos/... Não veio do céu/ Nem das mãos de Isabel...”
“Quem foi de aço nos anos de chumbo”, padrão Marighela, abusou das práticas terroristas, carro-bomba, explodiu, assaltou e matou/mutilou inocentes, como Orlando Lovechio, Mário Kozel Filho e até “justiçamento” dos comparsas julgados “traíras”.
Em 9 de dezembro de 1868, Caxias tinha 65 anos, quando a cavalo e com a espada em riste, irrompeu sobre a Ponte de Itororó arrostando o ferrenho inimigo, vencendo-o a caminho da vitória final. (Vale citar que hoje se discute a idade de 65 anos para a aposentadoria).
Verso por verso, o Hino a Caxias (letra, D. Aquino Correa) diz tudo: Salve, Duque Glorioso e sagrado/ Ó Caxias invicto e gentil! Salve, flor de estadista e soldado!/ Salve, herói militar do Brasil./ Do teu gládio sem par, forte e brando,/ O arco de ouro da paz se forjou,/ Que as províncias do Império estreitando/ À unidade da Pátria salvou.
Mas, não é só com Caxias. É ampla a frente de desconstrução daqueles que fizeram História. “Gerar outros é preciso”. Cantores que morreram de overdose, políticos feitores dos “direitos humanos”. Enfumaçar a Princesa Isabel e iluminar Zumbi dos Palmares. Pior, ao invés de se homenagear o considerado líder combatente do escravismo, se cultiva uma consciência como parâmetro que vai se contrapor a outra e incentivar a contenda.
Dia desses, em canal a versar sobre história, apresentado por brasileiros, o alvo era Santos Dumont. A chacota prevaleceu nos comentários de que o avião de Dumont se deslocava aos saltos (1906), em posição contrária ao que se entendeu posteriormente como normal, enquanto os entrevistados norte-americanos justificavam a primazia da invenção aos irmãos Wright (1903), em vôo sigiloso porquanto pretendiam registrar o invento como propriedade.
Até a sexualidade do Pai da Aviação, brasileiro, foi comentada, como se trouxesse alguma contribuição ao debate. Isto, nesta época cujo tema ideologia de gênero perambula no topo.
Em suma, o que seríamos nós sem o descobrimento, denominação genérica e histórica? Seríamos ainda tribos com gente pelada, arco e flecha, comendo caça, aipim/mandioca? Cada uma com línguas e dialetos distintos? Sem a abominável escravidão, com as contribuições trazidas da África? Sem a migração de gente pobre de origem européia? Ainda japoneses, árabes, judeus, etc?
Seríamos esta Nação Mestiça, gigante pela própria natureza?
O problema não está no Cabral de 1.500, mas nos cabrais do ano 2.000, lulas, dirceus, pezões, garotinhos... e parceiros que fazem igual ou pior do que os genocidas históricos trotskistas ninando gente que se acha grande.
Meus heróis não morreram de overdose (Hamilton Mourão).
*Ernesto Caruso é Coronel de Artilharia e Estado-Maior (reformado).
**Publicado originalmente em Alerta Total – www.alertatotal.net