HORA DE CANCELAR OS RADICAIS
Leandro G.M. Govinda
O ano de 2020 não foi fácil. Foi o ano em que o mundo parou, pelo menos durante algumas semanas, quando o comércio em geral, os shoppings, as feiras, as igrejas, as escolas, as universidades foram fechados, e as pessoas foram compelidas a ficarem em casa, deixando as ruas, os parques, as praças, as praias e outros espaços públicos desertos, parecendo o cenário daqueles filmes do fim do mundo. Apesar da tragédia humanitária que grassou o ano de 2020, os grupos radiciais progressistas continuaram a agir sem cerimônias e até intensificaram as suas práticas para tentar conter o avanço do conservadorismo mundo afora.
Foi em 2020, por exemplo, que uma empresa de cosméticos usou uma mulher transgênero como “garoto-propaganda” de um comercial da campanha do dia dos pais. Para muitos, a peça publicitária não representa a esmagadora maioria dos pais das famílias tradicionais, que acordam cedo, levam seus filhos para a escola, passam o dia trabalhando duro e, quando voltam para casa, ainda encontram tempo para ensinar valores importantes aos seus filhos, como o respeito ao próximo e a tolerância às diferenças. Foi também em 2020 que uma grande loja de departamentos proibiu pessoas brancas de participarem de um programa de contratação de novos funcionários. Esse tipo de política propaga um preconceito às avessas e lembra as práticas de segregação racial nos EUA e na África do Sul do século passado, onde por muito tempo brancos e negros não podiam se misturar. Nesse famigerado 2020 o grupo progressista anônimo Sleeping Giants boicotou organizações sociais e veículos de comunicação defensores de ideais conservadores, como a Gazeta do Povo e a Brasil Paralelo, ao ameaçar fazer linchamento virtual das empresas que continuassem apoiando esses grupos. O corrente ano também foi marcado pela violência contra a língua portuguesa praticada não só por empresas, mas também por escolas e universidades que resolveram alterar a grafia de palavras para supostamente neutralizar o gênero masculino e feminino. Foi o caso daquela escola carioca que passou a se dirigir aos seus estudantes como “querides alunes”.
Os progressistas querem empurrar goela abaixo essa agenda radical. Aproveitaram o cenário da pandemia para avançar a passos largos nessa direção. Como as reuniões públicas e privadas estão proibidas, as pessoas não tiveram a chance nem de protestar contra essas iniciativas totalitárias. Mas nem tudo está perdido. As empresas que aderiram à modinha progressista não estão preocupadas com minorias nem com justiça social. São apenas oportunistas que se apropriam de certas bandeiras para fazer marketing. Antes de mais nada, essas empresas são capitalistas e o que move todo capitalista é o lucro. Nesse contexto, o poder de compra do consumidor é um poderoso instrumento de protesto. O consumidor que não se identifica com o “pai” transgênero; que acha preconceituoso contratar as pessoas em razão da cor da pele; que é contra milícias anônimas na rede de internet; que não quer que os seus filhos falem igual ao Mussum dos Trapalhões, esse consumidor tem o poder de “cancelar” as empresas que adotam essas políticas que propagam um discurso radical e de acirramento da divisão entre as pessoas. O direito de escolha do consumidor é uma forma pacífica e muito eficaz de conter o avanço dessa agenda radical de “progresso”, porque tem reflexo direto sobre a parte mais sensível dos executivos e acionistas dessas empresas – o bolso. Então, nesse Natal, lembre disso quando for às compras.
Leandro G.M. Govinda é Promotor de Justiça em Santa Catarina e aluno do Mestrado em Direito na Universidade George Washington em Washington D.C. Formou-se em Direito na Universidade Federal de Santa Catarina e especializou-se em Direito Tributário pela Universidade do Sul de Santa Catarina.