Alex Pipkin, PhD
Os tempos são virulentos, mas não há doença que não seja debelada, e as vacinas estão aí.
Porém, há uma paralisia cognitiva e uma pujança dos instintos sobre a lógica que não aparenta ter cura. Estamos na era da pós-verdade, em que os fatos são desconsiderados em prol de determinadas crenças e desejos de verdades que encobrem falsidades aberrantes, essas solicitadas e pressionadas por vários grupos sociais e identitários.
Não se quer enxergar o ululante: os fatos existem independentemente de nossas afirmações e crenças.
É mesmo surreal, somos simultaneamente atores e espectadores de um filme de ficção científica ou de uma comédia política de Woody Allen.
Pseudointelectuais e filósofos da justiça social - em especial, claro, os franceses - com suas falas e escritas rebuscadas, mas vazias, arrotam mentiras científicas e reais fórmulas para a destruição, ganhando aplausos da massa incauta e, ironicamente, da grande mídia e de seus “especialistas”. O nefasto politicamente correto é a regra neste imenso mar de ignorância e de inverdades, não a exceção.
Os guerreiros da justiça social não só derrubam estátuas, rasgam clássicos da literatura e se negam a cantar hinos; eles também rejeitam a ciência e a biologia; homem não nasce mais homem, tampouco a mulher nasce mulher!
A ideologização passa por cima de todos e destrói tudo o que vê pela frente.
Porém, a mentira terminal para a vida dos comuns, é aquela que decorre da omissão dos genuínos fundamentos econômicos condutores da prosperidade, fruto do viés ideológico coletivista e da respectiva ignorância econômica.
Meu Deus! Políticas econômicas sabidamente destrutivas são cada vez mais pressionadas pelos defensores do fim das desigualdades sociais e, surpreendentemente, essas têm ganhado mais apoio das instituições e do público em geral.
Um misto de populismo - já que alguns sabem que tais políticas governamentais especificamente coletivistas resultarão em consequências desastrosas - e de burrice econômica. Nesse mundo da pós-verdade, essas ideias equivocadas e perigosas não andam, elas correm!
Quem com um mínimo de discernimento não enxerga que a benevolência de políticos despreparados, indolentes quanto a gestão dos recursos públicos, tem sistematicamente acumulado dívidas que se tornarão impagáveis?
Sem dúvida, precisamos de governo, mas de um governo limitado; o necessário. O governo deve garantir a defesa nacional, assegurar a justiça e a proteção da propriedade e das liberdades individuais. É ele quem fornece os serviços públicos, coletivos, e que cria a estrutura para que os mercados livres possam operar eficientemente.
Entretanto, a democracia disfuncional brasileira, capturada pelo estamento burocrático, tem acentuado os apelos e os pleitos por mais politicas redistributivas de renda. Aparenta que a nossa Constituição de 1988 aprofundou o caos redistributivo do Estado, deixando este de se limitar às suas funções essenciais, como preconizado pelo liberalismo clássico.
Os mercados não são perfeitos, assim como o governo também não o é.
O governo deve zelar pelos excessos indesejados do mercado, podendo intervir pontualmente a fim de corrigi-los.
Porém, normalmente, a intervenção estatal piora os problemas cujos quais a ação do governo tem a intenção de resolver.
O grande Adam Smith já apontava a importância dos incentivos, como forma de estimular o comportamento virtuoso das pessoas.
E como os incentivos importam! Basta analisar como as pessoas se saem diferentemente, em função de incentivos diferentes, embutidos em diferentes políticas nacionais.
Análise, por exemplo, o desempenho econômico e a prosperidade na antiga Alemanha Ocidental versus a Oriental. Ou então nas atuais Coréia do Sul e do Norte.
Nesta ilha da fantasia da pós-verdade, os justiceiros sociais intolerantes, auxiliados pela mídia e pela ignorância econômica geral, alardeiam o fim do capitalismo opressor e aludido criador das desigualdades sociais. Puro ilusionismo motivado pelos sentimentos e pelas emoções puras.
Os verdadeiros problemas são exatamente a falta de disciplina dos legisladores contra as pressões de grupos econômicos, que desejam privilégios especiais, como já prescrevia Smith, e a pobreza criada justamente pelas benesses concedidas aos empresários (com “e” minúsculo) e aos agentes estatais, que drenam os recursos por meio de políticas extrativistas.
Adam Smith era cético em relação ao governo em função dos fenômenos do patrimonialismo e do compadrio.
Neste mundo das falácias, não se atenta para o comprovado fato de que, ainda que não seja perfeita, a economia de mercado é o meio mais eficiente e moralmente defensável de alocar recursos econômicos escassos.
Fecham-se os olhos e os ouvidos para o fato de que o comércio livre tem o propósito de enriquecer as pessoas como consumidores, e não o de garantir a renda dos produtores existentes. Produtores diariamente travam uma batalha para ganharem a preferência dos consumidores.
Os lucros são justamente a recompensa dos empresários por satisfazer com sucesso os desejos dos consumidores. O que não se vê, é que alguns empresários, nesta dinâmica competitiva, perdem dinheiro.
Portanto, os lucros não são nem roubados dos consumidores, tampouco extraídos dos trabalhadores. Esses dependem da satisfação - independentemente da classe social, cor, gênero - dos consumidores!
Neste mundo estilizado de Woody Allen, não se quer aceitar a realidade. Dinheiro não nasce em árvore; não existe maná, é preciso criar riqueza.
Toda vez que o governo taxa a sociedade, verdadeiramente, a empobrece.
Impostos mais altos sobre atividades geradoras de renda reduzem as atividades geradoras de renda, diminuindo empregos, renda, e o que é mais grave, penalizando a classe mais pobre.
Com o repasse dos impostos para os preços, aliado ao fechamento de negócios, o resultado efetivo é o aumento daquilo que realmente importa: a pobreza.
A razão, a ciência e as comprovadas práticas bem-sucedidas, daquilo que até aqui representa a verdade verdadeira, estão em coma.
Neste mundo pós-moderno da pós-verdade, valem mais as crenças, as falácias e os berros.
Enfim, o Estado ilimitado e a acirrada luta redistributiva nos encaminham para o terreno “igualitário” da pobreza da maioria, e as benesses para as elites extrativistas verde-amarelas.