• João Carlos Biagini
  • 16/08/2018
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EQUÍVOCO FEMINISTA


 Estivemos presentes nas audiências públicas sobre o aborto no STF-Supremo Tribunal Federal, em Brasília. A aventura foi desgastante, por falta de educação e respeito das pessoas que querem a liberação do aborto a qualquer custo.

Vínhamos estudando o quadro geral, inclusive publicamos o livro “Aborto, cristãos e o ativismo do STF”, com uma análise de vários aspectos. Ativismo significa que o STF, pertencente ao Poder Judiciário, está praticando atividade restrita da Câmara e do Senado Federal. A nossa Constituição diz, logo no artigo 1º e parágrafo único, que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Os representantes do povo são os deputados, eleitos por nós, e os senadores que representam os Estados, 3 de cada Estado. Os ministros do STF não foram eleitos pelo povo, logo não podem escrever novas nem mudar as leis existentes.

Participando das audiências, vendo e ouvindo manifestações das feministas, um lado absurdamente maléfico para todas as mulheres nos espantou. As feministas pró-aborto alegam que, ao anunciar que está grávida, para o homem com quem praticou sexo consentido e de livre e espontânea vontade, ela é abandonada à própria sorte. É claro que elas se referem aos homens de mau caráter e irresponsáveis. Essa alegação das feministas pode ser respondida pelas leis vigentes, que garantem o emprego da gestante, os alimentos gravídicos, a responsabilização civil do pai e dos avós, a responsabilização penal do pai que abandona o filho, a obrigação do Governo, entre outras. Essa é a situação atual.

No caso da liberação do aborto, o abandono será ainda maior. Os homens de mau caráter e os irresponsáveis, ao vislumbrarem essa janela aberta pela lei, dirão para as mulheres: você pode fazer o aborto no SUS e tudo estará resolvido. Não haverá mais risco de pagar pensão, de responder criminalmente por abandono do filho, não haverá mais nenhum impedimento para o homem abandonar a mulher.

Lembrando essas novelas espúrias apresentadas na televisão, que apresentam a gravidez das personagens para prender namorados ou maridos, não haverá mais a possibilidade desse denominado “golpe da barriga”. A mulher ficará mais sozinha do que jamais esteve.

A ideologia feminista e a cultura da morte, pelo aborto, devem dar passagem para a reflexão. Todas as mulheres, feministas ou não, precisam refletir muito, pois entendemos que estão cometendo um enorme equívoco e, como se diz na gíria, o tiro poderá sair pela culatra.

 

Por João Carlos Biagini, advogado sênior na Advocacia Biagini, bacharel em Letras e em Direito, coordenador do Departamento Jurídico da Diocese de Guarulhos, membro do IDVF – Instituto de Defesa da Vida e da Família, membro da UJUCASP - União de Juristas Católicos de São Paulo, membro da Academia Guarulhense de Letras, coautor no livro Imunidades das Instituições Religiosas, coordenado pelos Profs. Drs. Ives Gandra da Silva Martins e Paulo de Barros Carvalho, Noeses, 2015 e autor do livro “Aborto, cristãos e o ativismo do STF”, AllPrint,2017.